'Era do petróleo está longe de acabar', diz pesquisadora

Para a professora da UFRJ Rosemarie Bröker Bone, especialista na área de petróleo, o mundo ainda está longe de substituir o combustível fóssil por alguma energia limpa, apesar do preço do barril a US$ 30; "Daqui a 30, 40 ou 50 anos, quando as reservas diminuírem, aí vamos ter outra energia no lugar. Mas até lá, os preços vão subir, as empresas vão se capitalizar novamente via mercado. Nós ainda somos óleo", afirma

Para a professora da UFRJ Rosemarie Bröker Bone, especialista na área de petróleo, o mundo ainda está longe de substituir o combustível fóssil por alguma energia limpa, apesar do preço do barril a US$ 30; "Daqui a 30, 40 ou 50 anos, quando as reservas diminuírem, aí vamos ter outra energia no lugar. Mas até lá, os preços vão subir, as empresas vão se capitalizar novamente via mercado. Nós ainda somos óleo", afirma
Para a professora da UFRJ Rosemarie Bröker Bone, especialista na área de petróleo, o mundo ainda está longe de substituir o combustível fóssil por alguma energia limpa, apesar do preço do barril a US$ 30; "Daqui a 30, 40 ou 50 anos, quando as reservas diminuírem, aí vamos ter outra energia no lugar. Mas até lá, os preços vão subir, as empresas vão se capitalizar novamente via mercado. Nós ainda somos óleo", afirma (Foto: Aquiles Lins)


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Marcos Mortari, do Infomoney - O boom do petróleo foi um bom momento para o desenvolvimento da energia limpa no mundo, mas não foi suficiente para criar as bases para uma transição definitiva no modelo energético global. Essa é a avaliação da professora e procuradora educacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro Rosemarie Bröker Bone, especialista na área. Em entrevista ao InfoMoney, ela disse não acreditar no fim da "Era do Petróleo", tão especulado em meio ao baixo nível dos preços dos barris negociados no mercado internacional.

De um lado, alguns especialistas apontam para uma maior preocupação com o meio ambiente, a desaceleração na demanda por petróleo e o desenvolvimento de fontes alternativas como alguns elementos estruturais a pesar sobre uma mudança de paradigma. Outros, enxergam o atual momento como uma adaptação em meio ao excesso de oferta e enfrentamentos geopolíticos dentro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e entre outros produtores de commodities energéticas. Rosemarie tem visão mais ponderada: ela vislumbra um cenário diverso àquele, mas espera por uma alta nos preços e aumento na demanda pela matéria-prima à medida em que a economia global se recupera da crise.

"Desde o Protocolo de Quioto (1997), vemos iniciativas com relação a transformar a matriz energética dos países em uma energia mais limpa. Vemos algumas mudanças, sobretudo em casos de grandes acidentes, como o do Golfo do México, o que fez com que algumas empresas petrolíferas começassem a colocar em suas páginas principais cores verdes, cultivando identidade de empresas de energia, não mais petrolíferas. Mas essas coisas andam muito devagar. Estamos caminhando, a passos lentos para uma energia mais limpa, para uma redução da emissão de gases de efeito estufa, para o comprometimento dos governos, da indústria local, do comércio e das próprias famílias", explicou a professora durante a conversa por telefone. Ela acredita que, aos poucos o engajamento cresce.

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Do ponto de vista conjuntural, vale destacar o fim dos embargos mundiais ao Irã, que disputa o controle político do Oriente Médio com a Arábia Saudita. Com isso, naturalmente os preços do petróleo subiriam se os países produtores não controlassem o volume da commodity a ser negociada no mercado, uma vez que Teerã voltaria a exercer papel importante. Mais do que isso, a sucessiva perda de controle dos sauditas sobre a produção mundial primeiro internamente na OPEP, depois em movimentos como o dos Estados Unidos de explorar o xisto, também traz impactos nas cotações. Riad já implementou ofensivas para manter os preços em níveis baixos para atrapalhar o desenvolvimento do mercado na maior economia do mundo. Nesse aspecto, Rosemarie oferece um contraponto: "também há certa especulação e vontade do ocidente em desestabilizar a Arábia Saudita, que sempre segurou a redução da produção dos demais membros da organização".

Disputas pelo controle do mercado e pela supremacia política à parte, a professora não acredita que o barril do petróleo se manterá a níveis tão baixos como os atuais US$ 30, assim como tampouco espera outro momento de bonança com a commodity negociada acima dos US$ 100 no mercado internacional. "Quando a economia mundial aumentar sua atividade, certamente o setor petrolífero será acionado novamente, assim como o carvão. É claro que estão preocupados com uma energia mais limpa, mas, se ela está cara, opta-se pela suja. Quando a China voltar a crescer, vai demandar energia, e é óbvio que usará petróleo", projetou a professora. "Daqui a 30, 40 ou 50 anos, quando as reservas diminuírem, aí vamos ter outra energia no lugar. Mas até lá, os preços vão subir, as empresas vão se capitalizar novamente via mercado. Nós ainda somos óleo".

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Devido ao grande potencial das reservas mundiais e da dependência da adaptação de empresas, governos e da sociedade em geral, Rosemarie espera um longo caminho pela frente para que a energia limpa preencha o espaço hoje ocupado pelo petróleo. "Acredito que isso não acontecerá no curto prazo e temo que no final do médio prazo. Por mais que se tenha falado de 2020 ou 2025, eu acho que ainda temos algumas décadas pela frente. Lamentavelmente, porque sabemos que vamos sofrer, que nossos filhos irão sofrer", concluiu a professora.

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