Rompendo o teto. E daí?

A elevação da taxa dos juros deve tirar o sono da presidenta, preocupando-se sobre qual atitude tomar, ou, se caso opte pela omissão, qual será o custo ao seu capital político e social que a inflação poderá gerar



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Preciosismo? Talvez, mas a divulgação do nível inflacionário brasileiro via IBGE, com base no IPCA, apresentou no acumulado dos últimos 12 meses um total de 6,59%. Significa dizer então que estouramos o teto da meta inflacionária, trabalhada em 6,5%, sendo o centro de 4,5%.

Segundo o IBGE, contribui de forma direta para o crescimento dos preços, os alimentos e as despesas de serviços domésticos. Amenizaram o índice, cigarros e excursões.

Os resultados estão abertos e o temor de uma contaminação inflacionária em diversos setores pode ser aceita parcialmente. Cito parcialmente, pois a maior parte dos setores da economia apresentou números crescentes, e isso era uma preocupação sobre a capilaridade do aumento sistemático dos preços. Porém, quando comparados com fevereiro de 2013, a elevação dos alimentos, por exemplo, ocorreu em menor grau. Ou seja, há contaminação na elevação dos preços, porém de forma menor que o período anterior.

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Além desta análise generalista, precisamos observar a postura dos setores desonerados dentro da cesta analisada. Alimentos e outros já apresentaram resultados aferido em menor grau, mas também cresceram.

Novamente, os alimentos foram o maior ônus sobre o índice. A cebola foi o item com maior elevação de preço, também segundo o IBGE. Espera-se que haja uma redução na taxa de crescimento dos preços dos alimentos com a entrada da safra, ou seja, espera-se que o número arrefeça e que volte aos níveis convergentes para o centro da meta. Será difícil, mas se conseguirmos mantê-los dentro do teto, já será salutar.

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Além disso, especula-se um aumento de 0,25 pontos na curva de juros. Resistente a esta amarga atitude, há grande conversação e debate dos técnicos e do governo federal de forma geral.

A presidenta buscou apoio e diálogo com diversos economistas. As opiniões foram divergentes, mas constatou-se uma preocupação concreta de que o fenômeno inflacionário não pode despertar, e mesmo que a pauta de reeleição passe pela redução da SELIC, o governo precisa considerar mais penoso um processo inflacionário latente do que um aumento da taxa básica de juros.

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O que está em jogo, para mim, é a possibilidade de ocorrer uma perda de credibilidade do BC, ou até mesmo a possibilidade de se constatar que as autoridades monetárias não foram capazes de conduzir os níveis de preços em acordo à política econômica. O estouro do teto em 0,09% pode ser mais ameno que a possível perda de confiança do governo.

Infelizmente, o governo federal parece não entender ou não querer notar que sua estrutura burocrática também precisa ser reduzida como forma alternativa à elevação da taxa básica de juros. Há excesso de custeio da máquina e ausência de investimentos.

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A elevação da taxa dos juros deve tirar o sono da presidenta, preocupando-se sobre qual atitude tomar, ou, se caso opte pela omissão, qual será o custo ao seu capital político e social que a inflação poderá gerar.

A confiança do BC sofreu uma leve balançada, mas mantém-se firme. O fator decisivo será como iremos responder a este estouro do teto. Espero sinceramente que a máquina pública evolua, e não se aposte apenas na elevação dos juros.

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