MP e TJ citam petista em ação contra Demóstenes

Operação Monte Carlo não vai assombrar apenas o governador tucano Marconi Perillo em Goiás; petista Antônio Gomide, que também deve disputar o governo estadual, aparece em denúncia do Ministério Público contra ex-senador, Cachoeira e Cláudio Abreu, mostrando como o grupo conduzia seus interesses nas administrações municipais; nas gravações, reveladas no relatório que acata a denúncia do MP, Demóstenes e Cachoeira conversam sobre propostas pouco republicanas feitas ao prefeito anapolino, que manifesta o desejo de conseguir recursos para um parque ecológico

MP e TJ citam petista em ação contra Demóstenes
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247 - Não apenas o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), será atormentado pelo fantasma de Carlinhos Cachoeira nas eleições estaduais. O petista Antônio Gomide, ex-prefeito de Anápolis e pré-candidato do PT ao governo do Estado, já começou a ser assombrado. Na representação em que pediu (e que o Tribunal de Justiça de Goiás acatou) abertura de ação contra Demostenes Torres, Claudio Abreu (Delta) e o próprio Carlinhos Cachoeira, o Ministério Público exemplifica a ação do ex-senador em benefício do bando justamente com diálogos onde são feitas propostas nada republicanas ao então prefeito de Anápolis.

Como se não fosse suficiente, assim que a Câmara Federal suspendeu  o mandato do deputado federal Carlos Leréia (PSDB), por ter se declarado amigo do contraventor, começou a pipocar de novo nas redes sociais o vídeo em que o também deputado federal Rubens Otoni (PT), irmão de Gomide, aparece negociando doação de R$ 100 mil para sua campanha com Cachoeira; os dois sentados num sofá. Cachoeira, inclusive, diz na gravação que já havia doado R$ 100 mil para o irmão de Gomide.

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O vídeo explodiu na época da deflagração da Operação Monte Carlo, em 2012. O ex-prefeito de Anápolis não aparece em vídeos com Cachoeira, porém é citado nas gravações (veja abaixo) da Operação e teve contato com o então senador Demóstenes Torres, que atuava sob as ordens de Cachoeira e seu grupo.

Gomide aparece na denúncia formulada contra Demóstenes pelo MP, aceita pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Trechos de diálogos entre Cachoeira e Demóstenes, descrevendo a conversa do ex-senador com Gomide, estão no relatório do desembargador Leandro Crispim. Atendendo aos interesses de Carlinhos Cachoeira e Cláudio Abreu, então diretor regional da Delta Construtora, Demóstenes se reuniu com Gomide, em julho de 2011, para tratar da negociação de um crédito no valor de R$ 20 milhões da Construtora Queiroz Galvão, cujo devedor era o município de Anápolis. O contrato era referente a coleta de lixo urbano, que também era área de atuação da Delta, empresa integrante do esquema Cachoeira, conforme demonstrou o inquérito da Operação Monte Carlo.

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O texto do processo reforça que a missão de Demóstenes, dada por Cachoeira, era fazer com que Gomide efetuasse o pagamento do crédito e para isso empreendesse tratativas com o prefeito. E assim o ex-senador o fez, tendo um encontro com Gomide em Goiânia, de acordo com o processo judicial. Em gravação do dia 9 de julho de 2011, conforme está nos autos, Demóstenes revela a Cachoeira que já se encontrou com Gomide e o petista concordou em pagar crédito 50% à vista e jogar o restante em precatórios.

Dois dias depois, Cláudio Abreu liga para Cachoeira para informar que também falou com Gomide e negociou a operação, que acabou não se concretizando. Abreu relata ao contraventor: “aí eu fiz a proposta a ele, se ele pagar em duas, ele leva uma e se ele pagar em quatro, ele leva quatro de quinhentos...”.

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As gravações também revelam que Gomide tinha a intenção de fazer um parque ecológico em Anápolis e, no encontro com o Demóstenes, teria pedido que o ex-senador providenciasse o dinheiro em Brasília. Demóstenes afirmou que poderia conseguir a verba desde que o grupo de Cachoeira e Cláudio Abreu fosse o responsável pelas obras.

Em outro trecho, Demóstenes diz a Cachoeira que Gomide topou a condição para a construção do parque e passa a bola para o contraventor: “Aí você vê se vale a pena ou não...”.

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Delta

Em reportagem de setembro de 2012, o Goiás247 revelou com exclusividade os valores dos contratos da Delta, apontada como braço financeiro do esquema Cachoeira, e prefeituras goianas. Anápolis só perdia para Goiânia. Entre 2010 e 2012, Gomide firmou contratos que somavam R$ 105 milhões.

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A CPI do Cachoeira na Assembleia Legislativa, em 2012, pediu a quebra do sigilo dos prefeitos que negociaram com a Delta e detalhes dos contratos firmados. No entanto, PT e PMDB entraram na Justiça, e uma liminar impediu que a CPI avançasse e as quebras de sigilos foram negadas.

Sombras

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Com as sombras do escândalo Cachoeira rondando, Gomide e seu irmão Rubens Otoni ainda seguem sozinhos no projeto governista. O rompimento com o PMDB deixou o PT goiano isolado e até agora Gomide não conseguiu fisgar nenhum apoio de peso para sua candidatura. Os petistas mais otimistas falam na chegada do PDT, que está bem próximo a base governista de Marconi Perillo.

 

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Abaixo as gravações extraídas do processo contra Demóstenes Torres que mostram a oferta do grupo de Cachoeira a Gomide:

Calinhos Cachoeira: Fala doutor. E aí? Teve com o prefeito?

Demóstenes: Tive (...) Ele saiu daqui agora. É o seguinte. Ele disse que não tem dinheiro pra pagar o trem lá (inaudível) nem na hora que eu não tenho dinheiro. E... diz que topa jogar 50% num precatório, os outro cinquenta vê como é que é, e vai conversa direitinho lá que... eles arrumam uma maneira de encontrar, mas fora ele disse que não tem, que até o Cláudio já tinha... ele relatou a conversa que teve com o Cláudio e falou: Ó, se eu pudesse eu faria. Então ficou mais ou menos é... assim, ele pediu pro Cláudio voltar a falar com ele de novo. Mas, vê só... disse ele... já deu um desconto, já inflacionou, mas não tem como tirar ... é ... por mês tanto, que eu to no fim da minha gestão e preciso ganhar a eleição.

Carlinhos Cachoeira: É. Tá. Ele só quer graça.

Demóstenes: É. E outra coisa que ele me pediu e aí você que vai avaliar... é se vale a pena ou não... ele quer fazer um parque ecológico lá no lugar onde tem um buraco. Certo? Pediu pra eu arrumar o dinheiro pra ele. Falei pra ele que precisava então que ele passasse, que ele desse é... preferência pra vocês. Ele falou que topava. Aí você vê se vale a pena ou não.

Carlinhos Cachoeira: Então tá bom. A gente volta a se falar.

Outra gravação, agora entre Cláudio Abreu e Carlinhos Cachoeira:

Carlinhos Cachoeira: (...) aquele contrato lá de Anápolis, lá, éééé, vocês terceirizaram lá pra aquela empresa, né?

Cláudio: Cara, parece que tá dando um pau lá, bicho (inaudível) é foda viu? Eu vou me inteirar pra saber como é que tá lá.

Carlinhos Cachoeira: (...) ele conseguiu lá, tá trazendo amanhã e o, quem tá criando caso pra assinar agora é o menino seu lá, é bom olhar pra nós.

Cláudio: Que menino meu?

Outra gravação que fala do encontro entre Demóstenes e Gomide:

Raul: vai assinar o contrato quando? Qual é o prazo pra fechar esse assunto com a prefeitura?

Carlinhos Cachoeira: Deixa falar o que que tá acontecendo, o Demóstenes sentou com o prefeito aqui em Goiânia hoje, que vai ter uma, e já foi conversado isso aí, ele já deu OK, e o Ministério Público, vou até mandar a carta depois, já questionou a procuradora lá, para usar aquele lei onde eles dão o desconto, entendeu? Então em uma burocracia nesse meio aí, sabe? Entendeu? Porque agora engrenou de vez.

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