Para Fernando Rodrigues, Dilma estimula "privatofobia"

Colunista da Folha contesta pronunciamento da presidente, em que ela afirmou que a venda de Libra não foi uma privatização (o que de fato não foi); ele diz ainda que se Steve Jobs fosse brasileiro a Apple provavelmente não existiria; a crítica é justa?

Colunista da Folha contesta pronunciamento da presidente, em que ela afirmou que a venda de Libra não foi uma privatização (o que de fato não foi); ele diz ainda que se Steve Jobs fosse brasileiro a Apple provavelmente não existiria; a crítica é justa?
Colunista da Folha contesta pronunciamento da presidente, em que ela afirmou que a venda de Libra não foi uma privatização (o que de fato não foi); ele diz ainda que se Steve Jobs fosse brasileiro a Apple provavelmente não existiria; a crítica é justa? (Foto: Leonardo Attuch)


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247 - Segundo o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha, a presidente Dilma padece de uma certa "privatofobia". O mote é o pronunciamento da presidente, em que ela afirmou que a venda de Libra não foi uma privatização – o que de fato não foi. O leilão foi o primeiro no modelo de partilha, em que 41,65% do óleo é revertido para a União. Além disso, o consórcio vencedor foi liderado por uma estatal, a Petrobras. Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a venda de Libra foi uma das maiores privatizações da história do País. Abaixo, o artigo de Fernando Rodrigues:

Privatofobia

BRASÍLIA - Dilma Rousseff colaborou anteontem à noite para eternizar o debate reducionista que opõe a iniciativa privada ao Estado. Em novilíngua orwelliana, a petista foi à TV afirmar que o leilão da concessão para explorar parte do petróleo da camada do pré-sal "é bem diferente de privatização".

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Essa privatofobia já rendeu efeitos eleitorais positivos ao PT em 2006 e 2010. A dose deve ser repetida em 2014: "O PT defende o Estado. A oposição quer vender o país para os porcos capitalistas estrangeiros".

O debate é medíocre em si. Mas há um substrato ainda pior. Ao estimular a aversão pelo que é privado, o governo ajuda a perenizar um traço anômalo e atávico da nação brasileira. Desde a chegada de d. João 6º, com suas caravelas e dinheiro estatal de sobra, uma parcela significativa dos cidadãos por aqui sonha em se encostar no Estado-nhonhô.

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O que teria acontecido se Steve Jobs fosse brasileiro? Existiria a Apple? Desde os anos 80, a Lei de Informática (alterada, mas válida até hoje!) impede o fácil acesso a componentes eletrônicos. O lobby das empresas nacionais convenceu vários governos a proteger (sic) o país da invasão de tecnologia estrangeira.

Brasília sintetiza essa distopia à perfeição. Inaugurada há 53 anos para levar o desenvolvimento ao interior do país, a cidade continua Estado-dependente. Uma pesquisa do Instituto FSB aponta que 70% dos trabalhadores da capital federal acham que "a melhor alternativa para melhorar de vida" é "passar em concurso público". Apenas 2% querem trabalhar em uma empresa privada. Abrir o próprio negócio? Só 26%, possivelmente pensando em prestar serviços para o governo.

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Os brasilienses agem por instinto. O país desestimula o empreendedorismo. O dinheiro do pré-sal será insuficiente para mudar tal mentalidade. Até porque, a cada leilão a presidente irá à TV se referindo de maneira pejorativa a tudo o que é privado.

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