Noblat: Gilberto Carvalho critica o PT e o governo

Em sua coluna desta segunda-feira, Ricardo Noblat relembra o discurso do ministro da Secretaria-Geral da Presidência durante o Fórum Social Temático, em Porto Alegre, e diz que "é a primeira vez que um dirigente do PT, ocupando cargo no governo, compartilha com o distinto público suas críticas ao partido e também ao governo"

Em sua coluna desta segunda-feira, Ricardo Noblat relembra o discurso do ministro da Secretaria-Geral da Presidência durante o Fórum Social Temático, em Porto Alegre, e diz que "é a primeira vez que um dirigente do PT, ocupando cargo no governo, compartilha com o distinto público suas críticas ao partido e também ao governo"
Em sua coluna desta segunda-feira, Ricardo Noblat relembra o discurso do ministro da Secretaria-Geral da Presidência durante o Fórum Social Temático, em Porto Alegre, e diz que "é a primeira vez que um dirigente do PT, ocupando cargo no governo, compartilha com o distinto público suas críticas ao partido e também ao governo" (Foto: Gisele Federicce)


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247 - A palestra do ministro Gilberto Carvalho durante o Fórum Social Temático, realizado em Porto Alegre, na última sexta-feira, foi a primeira crítica de um dirigente do PT, ocupando cargo no governo, contra o partido e contra a gestão petista, conclui o colunista Ricardo Noblat. Leia abaixo seu artigo, que relembra trechos do discurso:

O que o PT fala do PT

É a primeira vez que um dirigente do PT, ocupando cargo no governo, compartilha com o distinto público suas críticas ao partido e também ao governo. A arrogância tem sido a marca forte do PT desde que chegou com Lula ao poder federal em 2002. O escândalo do mensalão abalou, sim, a blindagem do partido. A proximidade de eleições gerais e as incertezas da economia aconselham que ele banque o humilde.

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NA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA, em Porto Alegre, durante palestra no Fórum Social Temático, o secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, disse que o modelo responsável por levar o PT ao poder exibe sinais preocupantes de desgaste. É necessário, segundo ele, debater as características de um novo projeto de governo capaz de ir além de temas "como inclusão social e distribuição de renda".

NADA MUITO diferente do que pensam nomes de peso do PSDB, o partido que governou o país nos oito anos que antecederam à ascensão do PT. No primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, desembrulhou-se o Plano Real, a inflação de mais de 80% ao mês do governo Sarney acabou manietada e a renda distribuída como em ralas ocasiões. A inclusão social começou verdadeiramente ali. Ou ali deu um salto.

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"NESTE MOMENTO, nos damos conta que as conquistas importantes que tivemos estão dadas. Foram importantes, mas absolutamente insuficientes. Tivemos um processo de inclusão social inegável e devemos nos orgulhar disso. Mas temos que reconhecer que foi absolutamente insuficiente", desabafou Gilberto para uma plateia de esquerda, a maior parte dela do PT, que não gostou nem um pouco do que ouviu.

"A CORRIDA VELOZ para o consumo não foi acompanhada de um grande debate em torno de outros valores", observou a propósito das manifestações de rua de junho último. "Satisfeita a demanda, a exigência passou a ser por serviços de qualidade". O governo foi pego de surpresa. Seu sentimento, "de certa dor e incompreensão. ( ... ) Fizemos tanto por essa gente e ela agora se levanta contra nós"? A oposição concorda.

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GILBERTO É DEVOTO de Lula desde que se aproximou dele nos anos 80. Lula, então, era um líder sindical. Fundaria o PT em seguida. Em 2002, Gilberto foi seu chefe de gabinete na campanha para presidente. Uma vez no governo na condição de assessor direto e conselheiro, suportou seus palavrões e maus modos. Continua suportando. Viu Lula deixar companheiros pelo meio do caminho. Sobreviveu.

O QUE FAZ OU DIZ nunca está em desacordo com o que Lula pensa e não diz. Porque não é conveniente que diga. Como outros dirigentes do PT, torce em silêncio pela volta de Lula, este ano ou em 2018. E para que tal ocorra, serve à Dilma sem traí-la. Ela subiria nas tamancas se fosse diferente. Dilma tem fama de dizer palavrões e de destratar com frequência quem trabalha com ela. Merecida fama.

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AO CRITICAR O PT e o governo, Gilberto antecipa parte do discurso da oposição na campanha deste ano com a esperança de esvaziá-lo. Discursos parecidos favorecem um governo bem avaliado por mais de 40% da população. Se a oposição pouco ou nada tiver para oferecer de olho no futuro, a eleição será liquidada no primeiro turno. Que vá para o segundo turno como as eleições de 2002, 2006 e 2010.O governo vencerá.

MAIS DE 60% dos brasileiros querem mudanças, apontou o Datafolha. Fica a pergunta que vale milhões de dólares: mudanças com Dilma e o PT ou sem eles? Com Lula ou sem ele?

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