Veja apaga post de Constantino criticando Miriam Leitão

Artigo do colunista Rodrigo Constantino criticando depoimento de Miriam Leitão sobre a ditadura foi retirado do site Veja.com nesta quinta-feira; jornalista revelou torturas sofridas durante o regime militar e disse que ainda aguarda um pedido formal de desculpas das Forças Armadas; para o reacionário neocon Constantino, ela também deveria reconhecer sua suposta responsabilidade por ser perseguida; nem Veja foi tão longe em seu conservadorismo

Artigo do colunista Rodrigo Constantino criticando depoimento de Miriam Leitão sobre a ditadura foi retirado do site Veja.com nesta quinta-feira; jornalista revelou torturas sofridas durante o regime militar e disse que ainda aguarda um pedido formal de desculpas das Forças Armadas; para o reacionário neocon Constantino, ela também deveria reconhecer sua suposta responsabilidade por ser perseguida; nem Veja foi tão longe em seu conservadorismo
Artigo do colunista Rodrigo Constantino criticando depoimento de Miriam Leitão sobre a ditadura foi retirado do site Veja.com nesta quinta-feira; jornalista revelou torturas sofridas durante o regime militar e disse que ainda aguarda um pedido formal de desculpas das Forças Armadas; para o reacionário neocon Constantino, ela também deveria reconhecer sua suposta responsabilidade por ser perseguida; nem Veja foi tão longe em seu conservadorismo (Foto: Roberta Namour)


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247 - O artigo do colunista Rodrigo Constantino, criticando a jornalista Miriam Leitão, foi retirado do site Veja.com nesta quinta-feira (21/8). Em depoimento, ela revela torturas sofridas durante o regime militar e diz que ainda aguarda um pedido formal de desculpas das Forças Armadas. No texto, ele dizia que ela também deveria reconhecer sua responsabilidade por ser perseguida.

Leia aqui reportagem de Christh Lopes e Gabriela Ferigato, do Portal Imprensa, sobre o assunto:

Um artigo do colunista Rodrigo Constantino foi retirado do site Veja.com nesta quinta-feira (21/8). Ele abordava o depoimento da jornalista Miriam Leitão sobre as torturas sofridas durante o regime militar, onde ela revela que ainda aguarda um pedido formal de desculpas das Forças Armadas.

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Ao jornalista Luiz Cláudio Cunha, Miriam relata que certa vez ficou sozinha, nua, numa sala sem iluminação e acompanhada de uma cobra jiboia. Na ocasião, a então repórter de uma rádio em Vitória (ES) estava grávida do primeiro filho, com pouco mais de um mês de gestação. A violência com que foi tratada por soldados, comandados pelo coronel Paulo Malhães – o “Dr. Pablo” – incluiu ainda chutes, socos, ameaças de estupro e golpes na cabeça. O desabafo deve ser usado na CNV.

Sobre o assunto, que ganhou repercussão nacional, o colunista afirma que Miriam Leitão merece o pedido formal de desculpas dos militares solicitado, mas que também deveria reconhecer sua responsabilidade por ser perseguida. "Miriam tem direito a um pedido de desculpas formal, e não resta a menor dúvida de que houve vários abusos e torturas por parte dos militares, o que é inadmissível. Segundo ela, seu único crime era integrar o PCdoB e fazer proselitismo entre os estudantes, além de ser namorada de outro militante, de quem estava grávida de um mês quando foi presa. Sendo verdade, isso não configura crime algum", afirma Constantino.

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O jornalista prossegue o texto falando sobre a "vitimização dos antigos comunistas, que tentam se pintar como legítimos democratas que do nada foram atacados por militares autoritários". Para ele, essa "desculpa" não se sustenta "por um segundo".

"Aquela turma jovem sonhava com o modelo cubano ou soviético, nada parecido com uma democracia. Alguns, como Fernando Gabeira, Arnaldo Jabor e Ferreira Gullar, fizeram uma dolorosa mea culpa de suas lutas juvenis equivocadas. Outros não. Querem pedidos de desculpas, mas não querem pedir desculpas”, avalia o colunista.

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O artigo, no entanto, foi excluído de sua página na Veja ainda nesta manhã. No Facebook, o jornalista explicou aos internautas porque o texto foi tirado do ar, a pedido do editor.

Interpretações equivocadas

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Rodrigo Constantino comentou a exclusão ao ser questionado por um leitor sobre o link da matéria não estar disponível. Ele explica que foi procurado pelo editor da Veja.com – Carlos Graieb – para retirar o texto, a fim de não dar margem a outras interpretações.

“Ele apresentou seus argumentos, eu concordei em parte, e achei melhor retirar. Poderia causar a impressão em alguns de que eram coisas equivalentes a tortura que ela sofreu e o comunismo que ela pregava, ambos tendo de pedir desculpas. Ainda acho que ela deveria fazer um reconhecimento público de que não lutava por democracia e não era uma heroína, mas faço isso em outra ocasião”.

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O jornalista diz ainda que a retirada do artigo não se configura como censura, pois foi sugestão acatada por ele. “Eu poderia manter o artigo, mas fui convencido de que poderia gerar uma interpretação equivocada do meu ponto central. Reconhecer erros é saudável, by the way...".

No entanto, apesar de tirar o texto do ar, ele ainda atacou a colunista da GloboNews na rede social. "Ela não pegou em armas, mas colaborou com a causa comunista. Acho que esse reconhecimento de que estava no lado errado é fundamental sim, como outros fizeram; Mas ela não era uma heroína. Não era uma jovem democrata que defendia a liberdade. Era uma comunista, do PCdoB, entoando hinos marxistas e usando como símbolo a foice e o martelo”, escreveu no Facebook.
Depoimento
Procurado por IMPRENSA, o editor do site da Veja, Carlos Graieb, enfatizou que a decisão de retirar o texto do ar foi do próprio jornalista Rodrigo Constantino, após acatar as argumentações apresentadas pelo editor.

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"É importante destacar que os colunistas, embora em linhas gerais pensem parecido com o que aVeja pensa, não é uma coincidência absoluta. Com frequência, a publicação tem um posicionamento diferente ao dos profissionais. Isso vale para o Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Augusto Nunes, todos. Nós damos autonomia, mas quando achamos que alguma coisa se afastou muito da visão da empresa, ligamos para eles e argumentamos. Quando julgam nossos argumentos bons, eles acatam. É um procedimento corriqueiro", afirma Graieb.

De acordo com o editor, o artigo dava a entender que o tema tortura e a simpatia da jornalista pelo comunismo na juventude eram coisas equivalentes e equiparáveis. "Foi principalmente por se tratar do tema tortura. Ele concordou comigo que havia uma falha de raciocínio no artigo e decidiu retirar do ar", completa.

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O editor afirmou que a publicação não fará nenhum depoimento ou uma explicação oficial sobre a retirada do texto no portal. "Acho que o assunto está encerrado. Foi uma coisa pontual, faz parte do dia a dia das redações. Ele já explicou em um post o que aconteceu. Está claro em que pé ficamos", finaliza Graieb.

A jornalista Miriam Leitão está de férias e não se manifestou sobre a coluna de Rodrigo Constantino.

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