Kotscho: “ganhe quem ganhar, perderemos nós”

Ao comentar a disputa na Câmara, jornalista critica que "durante toda esta 'campanha eleitoral' milionária na caça ao voto dos deputados (...), nenhum dos dois [candidatos] discutiu os graves problemas nacionais, muito menos projetos para o país"; Ricardo Kotscho afirma que perto de Cunha, Severino Cavalcanti era um amador e que o peemedebista "age não como sindicalista, mas como empresário"

Ao comentar a disputa na Câmara, jornalista critica que "durante toda esta 'campanha eleitoral' milionária na caça ao voto dos deputados (...), nenhum dos dois [candidatos] discutiu os graves problemas nacionais, muito menos projetos para o país"; Ricardo Kotscho afirma que perto de Cunha, Severino Cavalcanti era um amador e que o peemedebista "age não como sindicalista, mas como empresário"
Ao comentar a disputa na Câmara, jornalista critica que "durante toda esta 'campanha eleitoral' milionária na caça ao voto dos deputados (...), nenhum dos dois [candidatos] discutiu os graves problemas nacionais, muito menos projetos para o país"; Ricardo Kotscho afirma que perto de Cunha, Severino Cavalcanti era um amador e que o peemedebista "age não como sindicalista, mas como empresário" (Foto: Gisele Federicce)


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247 - Independente do vencedor na disputa à presidência da Câmara, que será definida amanhã, quem perdem são os eleitores, escreve Ricardo Kotscho, em seu blog. O jornalista critica o fato de nenhum dos candidatos, seja Arlindo Chinaglia, do PT, ou Eduardo Cunha, do PMDB, discutiu até agora "os graves problemas nacionais, muito menos projetos para o país". Sobre Cunha, ele afirma ser um "profissional", e o acusa de agir não como sindicalista, mas como empresário no Congresso.

Leia a íntegra:

Na Câmara, eles sempre ganham; perderemos nós

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O que diria o velho doutor Ulysses, ao observar, lá do alto, esta renhida disputa pelo comando da Câmara?

"Vocês ainda vão sentir saudades do Severino Cavalcanti...", poderia comentar naquele seu jeitão cético de quem sabia das coisas, diante da ameaça real da vitória do deputado carioca Eduardo Cunha, na eleição deste domingo, para ocupar o terceiro cargo da República.

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Se lesse esse texto, Ulysses me faria uma ressalva: "Velho, sim, mas não velhaco". Pois agora, parafraseando Nelson Rodrigues, o capitão da resistência democrática poderia constatar que os velhacos perderam a modéstia e já dominam o picadeiro, viraram protagonistas.

Só para lembrar, Severino era um legítimo representante do chamado baixo clero, como Cunha também é, no papel de líder do sindicato dos deputados sem rosto, sempre em busca de mais vantagens. Só que, perto de Cunha, o folclórico deputado pernambucano, que surpreendeu o país ao ser eleito para a presidência da Câmara, em 2005, era um amador, podemos dizer, até um romântico.

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No jogo de chantagens do Legislativo com o Executivo, Severino queria apenas uma diretoria da Petrobras, "aquela que fura poços", e acabou se vendendo por um módico mensalinho de R$ 10 mil mensais ao concessionário do restaurante da Câmara. Eram outros tempos.

Eduardo Cunha é, acima de tudo, um profissional. Age, não como sindicalista, mas como empresário, como bem constatou o colega Luiz Fernando Vianna, desde que surgiu nas franjas do submundo da política fluminense, levado pelas mãos de PC Farias, no começo dos anos 1990, para ocupar um cargo na falecida Telerj.

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Desde então, aliado ora a Collor, ora a Garotinho, ora a Cesar Maia, acumula em seu currículo um longo prontuário de processos na Justiça, que não o impediram de seguir na sua vitoriosa carreira, chegando aonde chegou, como franco favorito. Pode ganhar até no primeiro turno, derrotando o governo federal, que acabou de tomar posse, e do qual é desafeto assumido.

Suprapartidário, é líder do PMDB, o principal aliado do governo, mas ninguém na Câmara é mais oposicionista do que ele. Gabou-se nas últimas eleições de ter ajudado a eleger sua própria bancada e logo lançou-se em campanha pela presidência, com a retaguarda garantida por grandes grupos de variados interesses econômicos e midiáticos, que sempre o apoiaram.

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Do outro lado, concorre para valer só o candidato oficial do governo, Arlindo Chinaglia, do PT paulista, que já foi um anódino presidente da Câmara. Chinaglia joga suas últimas fichas no trabalho de ministros do Palácio do Planalto, correndo atrás do prejuízo, com suas planilhas para cobrar fidelidade de parlamentares dos partidos aliados que ocupam cargos no governo.

Durante toda esta "campanha eleitoral" milionária na caça ao voto dos deputados, com jatinhos e comilanças à vontade, nenhum dos dois discutiu os graves problemas nacionais, muito menos projetos para o país. A disputa entre os dois se limita a saber quem oferece mais cargos e mordomias às insaciáveis excelências.

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Como o voto é secreto, ninguém saberá quem trairá quem, mas de uma coisa podemos ter certeza: ganhe quem ganhar, diante deste cenário de vale tudo, perderemos nós.

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