Kotscho: sem plano B, só resta a Dilma segurar Levy

"A partir do momento em que jogou todas as suas fichas do segundo mandato no pacote de ajuste fiscal embrulhado pelo ministro da Fazenda, até pela ausência de qualquer outro projeto de governo, Dilma não tem escolha: ou banca Levy até o fim ou correrá o risco de ver o país perder o grau de investimento, derrubando o último pau da barraca", avalia o jornalista Ricardo Kotscho, em seu blog

"A partir do momento em que jogou todas as suas fichas do segundo mandato no pacote de ajuste fiscal embrulhado pelo ministro da Fazenda, até pela ausência de qualquer outro projeto de governo, Dilma não tem escolha: ou banca Levy até o fim ou correrá o risco de ver o país perder o grau de investimento, derrubando o último pau da barraca", avalia o jornalista Ricardo Kotscho, em seu blog
"A partir do momento em que jogou todas as suas fichas do segundo mandato no pacote de ajuste fiscal embrulhado pelo ministro da Fazenda, até pela ausência de qualquer outro projeto de governo, Dilma não tem escolha: ou banca Levy até o fim ou correrá o risco de ver o país perder o grau de investimento, derrubando o último pau da barraca", avalia o jornalista Ricardo Kotscho, em seu blog (Foto: Gisele Federicce)


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247 - Sem alternativas, só resta à presidente Dilma Rousseff bancar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, como fez ontem no Pará, quando disse que ele havia sido mal interpretado (leia mais). A avaliação é do jornalista Ricardo Kotscho. "É Levy ou Levy, ajuste fiscal ou ajuste fiscal, tudo ou nada. Quero estar enganado, mas pressinto que estamos apenas no início de uma crise profunda na vida nacional, que não promete acabar tão cedo, ainda que o pacote levítico seja integralmente aprovado, o que constituiria verdadeiro milagre", escreve ele em seu blog.

Leia a íntegra:

Sem um Plano B, só resta a Dilma segurar o Levy

Por mais sapos que tenha de engolir, só resta mesmo à presidente Dilma Rousseff defender seu plenipotenciário ministro Joaquim Levy, como fez nesta segunda-feira, em Capanema, no Pará, ao dizer que ele "foi mal interpretado" em mais uma declaração polêmica sobre os rumos da política econômica do governo.

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A partir do momento em que jogou todas as suas fichas do segundo mandato no pacote de ajuste fiscal embrulhado pelo ministro da Fazenda, até pela ausência de qualquer outro projeto de governo, Dilma não tem escolha: ou banca Levy até o fim ou correrá o risco de ver o país perder o grau de investimento, derrubando o último pau da barraca.

O problema agora não é mais saber quais são os limites da presidente, mas adivinhar até onde a paciência do ministro aguenta o "fogo amigo" do PT e das centrais sindicais, e as intermináveis negociações com deputados, senadores, governadores, prefeitos, empresários e o resto do mundo. E se Levy jogar a toalha?

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Promovido simultaneamente a czar da economia e articulador político de um governo sem plano de voo em plena tempestade, o técnico que fez carreira no sistema financeiro carrega sozinho nos ombros o destino de 200 milhões de brasileiros, com suas famílias ameaçadas pelas nuvens de desemprego, inflação e juros altos, recessão, paralisia nos investimentos e nenhuma agenda positiva à vista no horizonte.

Em Capanema, a 152 quilômetros de Belém, Dilma foi entregar as chaves de mais 1.032 unidades do programa Minha Casa, Minha Vida, uma das principais bandeiras do seu primeiro governo. Fora isso, o que temos? Mais médicos, mais bolsas, quer dizer, tudo mais do mesmo. É muito pouco para os imensos desafios de um país como o nosso, menos na opinião do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, que mandou ver: "Na história do Brasil e do mundo ninguém fez mais do que a presidente Dilma".

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O pior é que a presidente pode mesmo estar acreditando nisso, revelando um preocupante alienamento da realidade, como demonstrou ao defender o pacote fiscal e tentar minimizar as muitas crises que seu governo enfrenta:

"Uma coisa é ajustar o Orçamento e outra é reformar tudo. Nós não temos que reformar tudo. O Brasil é muito maior do que esses problemas que estamos passando. O Brasil está enfrentando dificuldades, mas são passageiras".

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Tomara que ela esteja certa e disponha de informações que nós não temos para demonstrar tanta tranquilidade e otimismo. É disso que o país precisa, mas é vital que os desejos não se descolem da realidade dos fatos.

Na vida real, Joaquim Levy vai enfrentar nesta terça-feira uma outra batalha decisiva na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, em que tentará um acordo para a correção das dívidas de estados e municípios com a União, que poderá provocar uma sangria de mais R$ 3 bilhões na arrecadação do governo.

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Além disso, o ministro terá que se empenhar nas negociações para manter os cortes nos benefícios trabalhistas e sociais e evitar que o pacote do ajuste fiscal seja desfigurado no Congresso.

Caso Levy não seja bem sucedido neste duplo papel de articulador político e econômico do governo, enfrentando feras feridas como Renan Calheiros e Eduardo Cunha, o que já está ruim pode piorar muito, pois a presidente não tem um Plano B.

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É Levy ou Levy, ajuste fiscal ou ajuste fiscal, tudo ou nada. Quero estar enganado, mas pressinto que estamos apenas no início de uma crise profunda na vida nacional, que não promete acabar tão cedo, ainda que o pacote levítico seja integralmente aprovado, o que constituiria verdadeiro milagre.

Entre a canonização e o naufrágio de Joaquim Levy, que de bobo não tem nada, mas não parece possuir dons divinos, navega o barquinho de cada um de nós em busca de um porto seguro. Ele sempre poderá dizer que tentou de tudo, mas, infelizmente, não deu. E Dilma e nós o que vamos fazer?

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