Para Veja, conspiração ameaça melar a Lava Jato

Segundo a revista, uma investigação da corregedoria da Polícia Federal teria descoberto o uso de métodos ilegais durante a Operação Lava Jato; exemplo disso seriam grampos clandestinos plantados nas celas, para que os presos tivessem conversas captadas mesmo na prisão (o que é ilegal); de acordo com a reportagem, até mesmo o juiz Sergio Moro, que conduz o caso, teria tomado ciência de algumas práticas heterodoxas; no entanto, a revista trata a investigação como uma conspiração para anular provas da Lava Jato e, eventualmente, toda a operação, no momento em que, supostamente, o caso estaria mais próximo do Palácio do Planalto; o ponto, no entanto, é outro; se houve ilegalidades, devem ser investigadas; se não houve, Veja está apenas enxergando fantasmas

Para Veja, conspiração ameaça melar a Lava Jato
Para Veja, conspiração ameaça melar a Lava Jato


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247 - Uma reportagem de Veja, publicada neste fim de semana, lança mais lenha na fogueira da já bastante polêmica Operação Lava Jato.

Segundo a revista, uma conspiração ameaçaria melar todo o caso. Ela consistiria numa investigação já em curso na corregedoria da Polícia Federal, que estaria descobrindo o uso de grampos clandestinos na regional paranaense da instituição. Prova disso seriam grampos descobertos nas celas dos presos, para que eles tivessem suas conversas registradas, mesmo presos – o que é ilegal.

As supostas ilegalidades já teriam até sido denunciadas por um delegado, que chegou a integrar a força-tarefa do Paraná. Algumas delas teriam sido feitas com conhecimento do juiz Sergio Moro.

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Veja argumenta que a investigação da corregedoria faria parte de um esforço do governo para melar toda a operação no momento em que as provas, supostamente, estariam se aproximando do Palácio do Planalto.

Um delegado chega a afirmar na reportagem, em off, que o material seria suficiente para anular toda a operação.  

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O ponto, no entanto, é outro. Se houve ilegalidades, devem ser investigadas; se não houve, Veja está apenas enxergando fantasmas.

Leia, abaixo, um trecho da reportagem:

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Grampos, intrigas e troca de acusações ameaçam a Operação Lava-Jato

Por Rodrigo Rangel e Hugo Marques

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Um exército de advogados dos maiores e mais conceituados escritórios do país há mais de um ano esquadrinha os processos da Operação Lava-Jato em busca de algo que possa ser usado na Justiça para tentar questionar a validade das investigações sobre o maior escândalo de corrupção da história do país. É a única chance que os advogados têm de livrar da punição exemplar seus clientes, empreiteiros, políticos e funcionários públicos corruptos, que desviaram mais de 6 bilhões de reais dos cofres da Petrobras. É também a última esperança de proteger a identidade dos mentores e principais beneficiários do esquema que usou o dinheiro dos brasileiros para enriquecer e comprar o poder. Até hoje o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça rejeitaram todas as incursões nessa direção. Na semana passada, o empresário Ricardo Pessoa, apontado como o chefe do clube das empreiteiras envolvidas, assinou um acordo de delação premiada, confessou sua participação no crime e se comprometeu a contar o que sabe - e o que ele sabe implica no caso o ex-presidente Lula, a campanha da presidente Dilma e alguns de seus principais assessores. A colaboração de Pessoa levará os policiais e os procuradores à derradeira fase da investigação, ao iluminar o caminho completo trilhado pelo dinheiro roubado e permitir que se rastreie com precisão a cadeia de comando. De onde menos se esperaria, surge agora uma incursão que pretende pôr tudo isso a perder.

Com o conhecimento do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o comando da Polícia Federal em Brasília está investigando sigilosamente os delegados e agentes envolvidos na Operação Lava-Jato. VEJA teve acesso a uma sindicância aberta pela Corregedoria da PF e conversou com policiais que acompanham e participam da apuração. É preocupante. Segundo os corregedores, o procedimento foi instaurado para apurar "ilegalidades" praticadas pelos colegas do Paraná, onde estão centralizadas as investigações do escândalo da Petrobras. Que "ilegalidades" seriam essas? Os federais de Brasília acusam os paranaenses de instalar escutas para captar clandestinamente conversas de presos e dos próprios policiais. Uma dessas escutas foi descoberta na cela do doleiro Alberto Youssef, uma das principais testemunhas do esquema de corrupção. Em maio do ano passado, o doleiro encontrou um transmissor de voz escondido sobre o forro do teto de sua cela. Os corregedores acusam os delegados da Lava-Jato de ter colocado o aparelho para obter provas por meio de métodos ilegais. Parece grave - e é -, principalmente pelo que aparenta estar na gênese da investigação. "Isso vai provocar a anulação de toda a Operação Lava-Jato", diz, sob a condição de anonimato, um delegado de Brasília que participa da apuração. "A situação vai ficar feia. Vai aparecer mais coisa", advertiu. Essa entrevista foi feita na última quarta-feira à tarde.

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Em privado, delegados próximos da cúpula da Polícia Federal admitem que o objetivo da "operação paralela" é carimbar a Lava-Jato com suspeitas de irregularidades - o que, fatalmente, abriria caminho para questionamentos judiciais sobre a operação e poderia resultar, em última análise, em sua anulação. Para o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, ainda que se comprove a suspeita de que teria havido interceptação ilegal na Lava-Jato, isso não seria suficiente para desqualificar toda a operação. "Se essa prova paralela não representa o início da investigação, então ela é declarada nula, sem prejudicar as demais provas", diz o ex-ministro. Para o delegado Jorge Pontes, ex-diretor da Interpol, o jogo está claro: "A minha suspeita é que haja um grupo de pessoas já cooptadas para tentar minar e comprometer a Operação Lava-Jato. Neste momento em que a sociedade brasileira tem uma expectativa histórica de o país deixar de ser vítima de corrupção institucionalizada, isso aí é uma tentativa da corrupção institucionalizada de criar no seio da polícia uma contenda que tem a intenção de jogar alguma dúvida sobre essa investigação".

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