A tentativa de destruição da comunicação pública

"Presidente interino, Michel Temer [PMDB-SP] quer, além de privatizar estatais, demitir servidores públicos, flexibilizar a legislação trabalhista, enterrar a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], estabelecer aposentadoria aos 65 e até aos 75 anos, destruir a comunicação pública no Brasil", diz o jornalista Renato Dias, sobre a tentativa frustrada de substituir Ricardo Melo por Laerte Rimoli, no comando da EBC

"Presidente interino, Michel Temer [PMDB-SP] quer, além de privatizar estatais, demitir servidores públicos, flexibilizar a legislação trabalhista, enterrar a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], estabelecer aposentadoria aos 65 e até aos 75 anos, destruir a comunicação pública no Brasil", diz o jornalista Renato Dias, sobre a tentativa frustrada de substituir Ricardo Melo por Laerte Rimoli, no comando da EBC
"Presidente interino, Michel Temer [PMDB-SP] quer, além de privatizar estatais, demitir servidores públicos, flexibilizar a legislação trabalhista, enterrar a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], estabelecer aposentadoria aos 65 e até aos 75 anos, destruir a comunicação pública no Brasil", diz o jornalista Renato Dias, sobre a tentativa frustrada de substituir Ricardo Melo por Laerte Rimoli, no comando da EBC (Foto: Leonardo Attuch)


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Por Renato Dias, do Diário da Manhã 

Presidente interino, Michel Temer [PMDB-SP] quer, além de privatizar estatais, demitir servidores públicos, flexibilizar a legislação trabalhista, enterrar a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], estabelecer aposentadoria aos 65 e até aos 75 anos, destruir a comunicação pública no Brasil. Primeiro, ele havia demitido Ricardo Melo, eleito para um mandato de quatro anos. Depois, cortou as cabeças de Paulo Moreira Leite e de Tereza Cruvinel. Após Laerte Rímoli, ex-assessor do senador da Repúbli­ca Aécio Neves [PSDB-MG] e homem da Globo,  deflagrar o desmon­te, o ministro do Supremo Tribunal federal, José Antônio Dias Toffoli, fez côro à Federação Nacional dos Jornalistas [Fenaj] e reconduziu o jornalista à presidência da Empresa Brasileira de Comunicação [EBC]. É o terceiro homem a cair em menos de um mês de golpe de Estado parlamentar. Integram a lista: Romero Jucá, Fabiano Silveira e agora Laerte Rímoli. Ainda cabe recurso.

Ex-Folha de S. Paulo, o jornalista Ricardo Melo é de linhagem trotskista. Na juventude, com o apelido de ‘Cabelo’, devido às suas longas madeixas desleixadas, ele integrou, como Paulo Moreira Leite, a Organização Socialista Internacionalista [OSI], seção brasileira da Quarta Internacional, a central mundial da revolução fundada em 1938, na França, por Liev Davidovich Bronstein, ‘nom de guerre’ Leon Trotsky, responsável pela tomada do Palácio de Inverno, na Rússia, em outubro de 1917. Líder estudantil, era o porta-voz da tendência universitária ‘Liberdade e Luta’, também rotulada de Libelu. Os trotskistas sob o seu comando controlavam o DCE da Universidade de São Paulo [USP] e eram os maiores adversários dos stalinistas - à época ligados ao PMDB - PCB, PC do B e MR-8. A OSI lançou, em 1978, o jornal alternativo ‘O Trabalho’, que bancou a palavra-de-ordem “Abaixo a Ditadura”. Tempos sombrios aqueles.

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O Trabalho

A corrente ‘O Trabalho’, que colaborou ativamente na fundação do PT, possuía quadros com Josimar Melo, jornalista e hoje um celebrado crítico de gastronomia. Mais: José Arbex Jr., coordenador editorial da revista de esquerda ‘Caros Amigos’, ex-correspondente da Folha de S. Paulo em Moscou, Rússia. Preto no branco: Matinas Suzuki, responsável pela virada editorial da Folha de S. Paulo, assim como Caio Túlio Costa, ex-Folha de S. Paulo, www.ig.com.br e autor da bela biografia de Alexandre Vannuchi Leme, estudante de Geologia da USP e da ALN liquidado nos porões do DOI-CODI, onde reinava, soberano, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, codinome Tibiriçá. O jornalista Mário Sérgio Conti também integrou os quadros da pequena, mas barulhenta organização de esquerda, que não defendeu nem a adoção da luta armada muito menos a colaboração com a burguesia com ‘entrismo’ no velho MDB [Movimento Democrático Brasileiro].  

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- Nos anos de chumbo!

Crítico, Ricardo Melo era uma das poucas vozes no quadro de articulistas da Folha de S. Paulo que denunciara a escalada do golpe parlamentar contra a presidente da República reeleita em 2014 com mais de 54 milhões de votos, a ex-guerrilheira urbana da Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares [VAR-Palmares], Dilma Vana Rousseff Linhares, que nasceu em Belo Horizonte e executou uma carreira política e técnica em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Nomeado pelo Palácio do Planalto, levou um tiro de Michel Temer, que o substituiu pelo jornalista Laerte Rímoli, ex-Globo, com vinculações políticas com Aécio Neves. O senador mineiro ‘enrolado’ aparece em delações na Operação Lava-Jato, executada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal de Curitiba, além das gravações de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Ministro do STF, Gilmar Mendes recusa-se a investigá-lo, apesar de Rodrigo Janot, o todo-poderso chefe da Procuradoria-Geral da República [PGR].

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Após o ato de nomeação de Laerte Rímoli, em nota, o Conselho Curador e a Diretoria Executiva da EBC anunciaram que, ao longo do intenso debate público que levou à criação da EBC, firmou-se a concepção de que o diretor-presidente deveria ter mandato fixo. Registro:  não coincidente com os mandatos de Presidentes da República. Motivo: para assegurar a independência dos canais públicos. “Tal como ocorre nos sistemas de radiodifusão pública de outros países democráticos”, aponta a nota oficial. “A exoneração do diretor-presidente da EBC [No caso, o jornalista independente Ricardo Melo] antes do término do atual mandato viola um ato jurídico perfeito, princípio fundamental do Estado de Direito, bem como um dos princípios específicos da Radiodifusão Pública, relacionado com sua autonomia em relação ao Governo Federal”, afirma o documento que contesta a medida do interino Michel Temer, doutor em Direito.

Pérolas de Laerte Rímoli

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Entre vírgulas mal colocadas, Laerte Rímoli postou no Twitter que se não fosse a Rede Globo de Televisão, o Brasil já teria se tornado uma Venezuela. Não explica qual a identidade entre o petismo, o bolivarianismo de Hugo Chávez, morto de câncer, e o de Nicolás Maduro, que enfrenta grave crise com a queda no preço do petróleo. O dublê de político frisa ainda que o Jornal Nacional “é a novela da corrupção diária petista chefiada por Lula” [Em referência explícita e deselegante ao ex-presidente da República por dois mandatos Luiz Inácio Lula da Silva]. Ele ataca Dilma Rousseff de forma pejorativa nas redes sociais. Em uma mensagem, Laerte Rímoli ironiza e diz que Dilma Rousseff não tem vergonha de ser ridícula. “Vai à Nova York, capital do mundo, diminuir as instituições brasileiras. Mulher enjoativa”, atira. Com um visual que lembra o cineasta Pedro Almodóvar, sem o seu brilho, porém, vocifera contra o MST.  

- Sem terra, mas com passaporte!

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