Gaspari questiona possível manobra para salvar Eike

"O que levaria um diplomata lotado em Cingapura a sugerir a transferência de um empreendimento para a carteira de interesses de Batista e Esteves?", pergunta o colunista, em referência ao pedido de transferência, por parte de um embaixador brasileiro em Cingapura, de um estaleiro gerido pela empresa Jurong no Espírito Santo para o Porto de Açu, no Rio

Gaspari questiona possível manobra para salvar Eike
Gaspari questiona possível manobra para salvar Eike


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 – O jornalista Elio Gaspari, colunista dos jornais O Globo e Folha de S.Paulo, questiona neste domingo a possível manobra do governo federal para atender aos interesses do empresário Eike Batista e de seu mais novo sócio, André Esteves, do BTG Pactual. "O que levaria um diplomata lotado em Cingapura a sugerir a transferência de um empreendimento para a carteira de interesses de Batista e Esteves?", pergunta Gaspari, em artigo na Folha.

Ele se refere a um diplomata brasileiro que teria procurado a empresa Jurong, de Cingapura, para transferir o estaleiro que gere no município de Aracruz, no Espírito Santo, para o Porto de Açu, de Eike, no Rio de Janeiro. De acordo com o diplomata, a gestão teria sido solicitada pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. "Se os ministros pediram a gestão, deveriam tê-lo feito formalmente", afirma Gaspari.

O senador Ricardo Ferraço, que é do Espírito Santo, denuncia o caso, que agora está nas mãos do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota (entenda melhor em Senador denuncia manobra federal para salvar Eike). Abaixo, leia o artigo de Elio Gaspari sobre o assunto:

continua após o anúncio

Uma trapalhada em Cingapura

Está sobre a mesa do chanceler Antonio Patriota uma daquelas encrencas que caem nas costas dos diplomatas e acabam em fritura quando eles ouvem os poderosos do momento. O senador Ricardo Ferraço denunciou que o embaixador do Brasil em Cingapura, Luís Fernando Serra, procurou a direção da empresa Jurong para que ela transferisse seu estaleiro do município capixaba de Aracruz para o Porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro. Esse empreendimento pertence ao empresário Eike Batista, que há pouco se associou ao banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. A gestão de Cingapura foi confirmada pelos diretores da Jurong no Brasil.

continua após o anúncio

Como se fosse uma brincadeira de cubos, um estaleiro que está com 15% de suas obras feitas, com investimentos previstos para R$ 500 milhões e encomendas assinadas, seria transferido total ou parcialmente para outro lugar. No fundo, trata-se de repassar as encomendas e de absorver um concorrente. Dificilmente uma ideia dessas sairia da cabeça do embaixador. Segundo o senador Ferraço, num contato que teve com Nery De Rossi, secretário do Desenvolvimento do governo capixaba, o diplomata informou que a gestão foi solicitada pelos ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento. Os dois negaram que tenham patrocinado a proposta.

Se os ministros pediram a gestão, deveriam tê-lo feito formalmente. Nesse caso, estaria documentada. O que levaria um diplomata lotado em Cingapura a sugerir a transferência de um empreendimento para a carteira de interesses de Batista e Esteves? Não é da tradição do Itamaraty esse tipo de ligeireza. Pelo contrário, em 1980 o embaixador do Brasil no Chile, Raul de Vincenzi, provocou uma situação de barata-voa no Planalto quando um general muy amigo de Augusto Pinochet disse-lhe que a transação de uma hidrelétrica já tinha sido acertada em escalões superiores brasileiros. Quando De Vincenzi narrou o encontro num telegrama oficial e pediu instruções, os hierarcas disseram que nada tinham a ver com a história.

continua após o anúncio

Ricardo Ferraço preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado e pediu formalmente a Patriota que explique a história. A ver.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247