Minas 247 - Depois de São Paulo, é a vez de Minas Gerais enfrentar os efeitos da crise hídrica que assola o Sudeste. Nesta quinta-feira, a recém-empossada presidente da Copasa, Sinara Meireles, convocou em coletiva de imprensa a população, as empresas e o próprio governo de Minas Gerais a reduzirem em 30% o consumo de água. “Precisamos ter um pacto para viver este período. Se todo mundo continuar gastando o que estamos gastando, em quatro meses já não teremos mais nada”, alertou.
Ao contrário do que vinha acontecendo nas administrações anteriores, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais decidiu revelar a situação crítica dos mananciais. Considerado a caixa d'água do Brasil, por possuir 8,3% de rios e lagos naturais e artificiais e 17 bacias hidrográficas federais, o estado convive com a dura possibilidade de escassez de água.
Em 2014, último ano da gestão de Antonio Anastasia, do PSDB, a cada 10 litros de água potável entregue à população da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), quatro se perderam no caminho entre os reservatórios da companhia e os hidrômetros de residências e empresas.
Em função de vazamentos dos canos e de ligações clandestinas, 40% da água tratada foi desperdiçada diariamente. Entre 2011 e 2014, o percentual de perdas subiu de 26,9% para 39,9%, segundo a Copasa. O índice, que é acima da média nacional de 37,57% e da região sudeste de 35,19%, lança dúvidas sobre o chamado choque de gestão tucano.
Atualmente, o Sistema Paraopeba, que abastece juntamente com a bacia do Rio das Velhas a RMBH, está operando com apenas 30,25% de sua capacidade. Em janeiro de 2013, o volume era de 84%. Composto pelos reservatórios Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores, o Paraopeba agoniza. O caso mais grave é o do reservatório Serra Azul, localizado em Juatuba, que está com apenas 5,73% de sua capacidade, praticamente operando em seu volume morto. Vargem das Flores, em Contagem, e Rio Manso, em Brumadinho, estão apenas com 28,31% e 45,06%, respectivamente, de suas totalidades.
Rodízio e multa
Segundo a presidente da Copasa, há dois anos, o nível dos reservatórios na Região Metropolitana vem caindo. E mesmo com a estiagem prolongada, o governo anterior optou por sacrificar os reservatórios e manter a distribuição de água para a população em níveis estáveis nos últimos anos. "Os fartos dados monitorados pela Copasa ao longo dos últimos dois anos mostram os riscos envolvidos na garantia do abastecimento de água para a população, situação oposta às informações divulgadas pelo governo anterior, que davam conta que não haveria risco de desabastecimento na Grande BH”, afirma.
De acordo com especialistas, a companhia deveria ter alertado, em 2014, os mineiros sobre a situação crítica do sistema de abastecimento de água dos mais de 600 municípios atendidos por ela. Mas o anúncio foi adiado em função do calendário eleitoral, uma vez que Minas Gerais era a principal vitrine do senador Aécio Neves. Por causa deste atraso, a presidente Sinara Meireles revelou a possibilidade de implantação de rodízio e multa. Mas também disse que essas medidas serão executadas em último caso. "A população de Minas será sensível e aberta com o que estamos colocando. Não estamos preocupados em multar, queremos economizar 30%", finalizou.
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