Governo Franco chama gestão paralela de 'piada'

Ministro do novo presidente paraguaio, Federico Franco (esq.), diz que ex-presidente deposto na sexta pode responder judicialmente se levar adiante sua ideia de governo paralelo; Fernando Lugo diz que sua equipe irá fiscalizar nova gestão; Brasil tomará decisão conjunta sobre país vizinho

Governo Franco chama gestão paralela de 'piada'
Governo Franco chama gestão paralela de 'piada' (Foto: JORGE ADORNO/Reuters)


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247, com Agência Brasil – O novo governo do presidente do Paraguai, Federico Franco, reagiu hoje (25) com ironias à decisão do ex-presidente Fernando Lugo de instaurar um governo paralelo para fiscalizar e monitorar a equipe que o sucedeu. Para o ministro das Relações Exteriores paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, a iniciativa de Lugo é uma "piada" e se ele levar adiante sua decisão poderá responder judicialmente.

"É uma piada isso", disse Fernández Estigarribia. "Ele [Lugo] é um ex-presidente. Não tem função administrativa alguma. Se ele falar como presidente, será submetido às sanções previstas nas leis paraguaias", acrescentou.

Pela manhã, antes de Franco empossar toda a equipe ministerial, Lugo fez uma reunião denominada Gabinete de Restauração da Democracia e anunciou a decisão de instaurar o governo paralelo. Segundo ele, seu gabinete vai fiscalizar a equipe de Franco.

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"Os ministros [do governo paralelo] se converterão em fiscais e vão monitorar todas as instâncias do governo [de Federico Franco]", disse Lugo, em entrevista coletiva, concedida depois da primeira reunião do governo paralelo marcada para começar às 6h. Duas horas depois, Franco empossou os novos ministros do seu governo.

Decisão conjunta

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O governo do Brasil acompanha atentamente os desdobramentos políticos no Paraguai, mas só tomará iniciativas em conjunto com a Argentina e o Uruguai. A exemplo da medida adotada neste domingo 24, que suspendeu o país do Mercosul (bloco econômico que reúne o Brasil, a Argentina, o Uruguai, Paraguai e mais seis parceiros), o Brasil sinaliza que não reconhecerá um Estado que desrespeita a ordem democrática.

Na coletiva desta segunda-feira, Fernando Lugo disse não reconhecer Federico Franco como novo governante e sinalizou que o processo de impeachment foi um golpe de Estado.

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Diplomatas que acompanham o processo político nas Américas analisam que deverá ser aberta uma via de negociação alternativa para as questões envolvendo as áreas de fronteira do Paraguai com o Brasil, a Argentina e o Uruguai. Suspenso do Mercosul, o Paraguai precisará manter o diálogo com os vizinhos e uma das possibilidades será uma via alternativa.

Os diplomatas avaliam ainda que a suspensão do Paraguai valerá apenas durante o período em que o novo presidente, Federico Franco, estiver no poder, pois haverá somente a reunião de cúpula nos dias 28 e 29, além de mais uma no fim do ano. Em seguida, em abril, serão realizadas eleições presidenciais no Paraguai.

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Às vésperas da votação do impeachment até a conclusão do processo, o governo do Brasil insistiu sobre a necessidade de conceder espaço e tempo à defesa. Para as autoridades brasileiras, há suspeitas sobre a forma como o processo foi conduzido, principalmente pelo curto espaço de tempo. Em menos de 24 horas, houve a aprovação do impeachment.

No sábado 23, a presidenta Dilma Rousseff convocou uma reunião para discutir o assunto. Foram chamados os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Celso Amorim (Defesa) e Edison Lobão (Minas e Energia), além do assessor especial para Assuntos Interncionais, Marco Aurélio Garcia.

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Ao final, foi emitida uma nota condenando o processo de impeachment de Lugo no Paraguai. Porém, o governo brasileiro esclarece que não pretende impor sanções nem restrições ao país vizinho. Nas ruas de Asssunção, capital paraguaia, os paraguaios temem por eventuais medidas do Brasil contra o país.

Requião quer suspensão do Paraguai do Parlasul

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O presidente da Comissão Conjunta do Mercosul, senador Roberto Requião (PMDB-PR), quer a suspensão do Paraguai no Parlasul, Parlamento representado por deputados e senadores do Uruguai, Paraguai, Brasil e Argentina. Na reunião da comissão brasileira, nesta terça-feira 26, às 14h30, o senador colocará em debate o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo e oficializará essa proposta.

Roberto Requião destacou que os liberais não governam o Paraguai há 72 anos e o impeachment de Fernando Lugo abriu espaço para a retomada do poder com a posse do vice-presidente e representante do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), Federico Franco.

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"Isso vem de tempo. O que aconteceu não foi tão extraordinário", disse Requião. Na opinião do parlamentar brasileiro, o partido do então vice-presidente já preparava um golpe de Estado e só esperou o momento certo para ter um pretexto.

A comissão conjunta brasileira delibera semanalmente, no Senado, propostas para serem levadas às reuniões do Parlasul. No dia 2 de julho, está agendado um encontro do parlamento, em Montevidéu, sede do Parlasul. Para concretizar sua defesa, Requião terá que contar com o apoio unânime dos integrantes da comissão.

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