Assange divide ativistas pró-liberdade

Fundador do Wikileaks é visto como perseguido político por seus defensores, mas há também ativistas que criticam seu excesso de exposição pública e a escolha do Equador como refúgio

Assange divide ativistas pró-liberdade
Assange divide ativistas pró-liberdade (Foto: Stefan Wermuth/ REUTERS)


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Por Estelle Shirbon e Alessandra Prentice

LONDRES (Reuters) - Os defensores de Julian Assange fora da embaixada do Equador em Londres dizem que ele está sendo perseguido por dizer a verdade aos poderosos, mas outros ativistas da liberdade de expressão argumentam que o fundador do WikiLeaks se perdeu no caminho e está prejudicando a causa.

O australiano está há oito semanas refugiado na embaixada do Equador, para evitar que a Grã-Bretanha o extradite para a Suécia, onde é investigado por supostos crimes sexuais.

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Uma dúzia de ativistas, envolvidos em causas como liberdade na Internet e combate ao capitalismo, mantinham uma vigília na sexta-feira em frente à embaixada, abastecidos com pizzas enviadas por um simpatizante anônimo do WikiLeaks no Canadá.

"Na minha humilde opinião, eles gostam de calar as pessoas, e não me surpreenderia se ele (Assange) fosse morto. Assange está se mantendo longe das janelas da embaixada, e não o culpo", disse a ativista Tammy, integrante do movimento anticapitalista 'Ocupe'.

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Assange diz que a Suécia seria uma mera escala numa posterior extradição para os EUA, onde ele teme ser condenado à morte. Em 2010, ele irritou o governo norte-americano ao divulgar pelo WikiLeaks milhares de documentos diplomáticos sigilosos.

Os EUA negam ter solicitado a extradição de Assange.

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Na quinta-feira, o Equador concedeu asilo político a Assange, mas a Grã-Bretanha se recusou a lhe conceder um salvo-conduto para deixar o país e seguir para Quito. Ao se refugiar na embaixada, Assange violou as regras da prisão domiciliar à qual estava submetido enquanto aguardava o processo de extradição.

Alguns grupos de defesa da liberdade de expressão estranharam a escolha do Equador como possível refúgio do hacker australiano. "Ele ironicamente está indo para um país que prende jornalistas frequentemente. É uma ironia bastante sombria", disse Padraig Reidy, da entidade Index on Censorship, que em 2008 concedeu ao WikiLeaks o seu novo prêmio de mídia.

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O Comitê para a Proteção de Jornalistas publicou um artigo intitulado "O Equador não está em condições de defender a liberdade de expressão". O texto cita intimidações contra jornais e o fechamento de emissoras de rádio.

Vaughan Smith, apoiador britânico de Assange que o hospedou em sua casa durante um ano de prisão domiciliar, defendeu a decisão do amigo. "Certamente não vou defender que o Equador bata em jornalistas. Não acho que seja defensável. Mas não acho que invalide a posição deles de que Julian é um refugiado político", disse Smith à Reuters.

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Ele lembrou que a Grã-Bretanha e os Estados Unidos aparecem respectivamente em 28o e 47o lugar num ranking da entidade Repórteres Sem Fronteiras sobre os países com maior liberdade de imprensa.

A situação nesses dois países, admitiu ele, é melhor do que no Equador, na 104a colocação, mas não chega a ser suficiente para que Londres e Washington deem lições de moral no mundo.

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(Reportagem adicional de Mohammed Abbas em Londres e Mark Hosenball em Washington)

 

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