Suspeita de maracutaia na Arena da Baixada
Empresa do filho do presidente do Atlético Paranaense irá faturar R$ 12 milhões fornecendo assentos de uma das sedes da Copa de 2014
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247 – Um negócio suspeito envolve uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Por R$ 12 milhões, uma empresa do filho do presidente do Atlético Paranaense irá fornecer os assentos do estádio, que está sendo reformado com recursos do BNDES.
O escândalo já provoca reações no Paraná, onde deputados defendem a suspensão de recursos públicos para a obra da Arena da Baixada.
Leia no blog de Esmael Morais:
Câmara sugere que prefeitura interrompa repasses ao Atlético-PR
O plenário da Câmara Municipal de Curitiba aprovou na manhã desta segunda-feira (15) um requerimento que sugere à Prefeitura que interrompa o repasse de títulos de potencial construtivo ao Atlético-PR. O autor da proposta, Felipe Braga Cortes (PSDB), sugeriu que o dinheiro deixe de ser entregue até que sejam esclarecidas as denúncias de irregularidades feitas pelo ex-diretor jurídico do clube José Cid Campêlo Filho.
Campêlo classificou como “imorais” algumas situações no processo de reforma no estádio para a Copa do Mundo de 2014. Apesar de não considerar ilegal, ele condenou a contratação da empresa do filho do presidente do presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia para fornecer as novas cadeiras do estádio. Também apontou outro familiar do presidente do clube como responsável pelo projeto arquitetônico do estádio. O clube negou irregularidades e afirmou que as contratações foram licitadas.
De acordo com Cortes, a ideia do requerimento é evitar que sejam emitidos mais títulos de potencial construtivo para avalizar empréstimos ao Atlético-PR. “Vamos aguardar o parecer oficial do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) para verificar se trata-se de dinheiro público, mas são denúncias fortíssimas e gravíssimas”, afirmou o vereador. Para ele, se for confirmado que o potencial construtivo é dinheiro público, ele está sendo mal utilizado.
“A princípio falta repassar R$ 68 milhões. O total de R$ 90 milhões, corrigidos, dá em torno de R$ 98 milhões. Foi repassado R$ 30 milhões em 6 de junho pelo Governo do Estado, com garantia deste potencial construtivo. A ideia agora é que não seja uma torneira aberta, temos que fechar e esperar o que vai acontecer”, afirmou Cortes. O requerimento pode ser acatado ou não pela Prefeitura, e tem caráter de posicionamento da Casa, segundo o vereador.
Questionado se um projeto de lei não seria mais efetivo para evitar os repasses, Cortes afirmou que “não é o momento”. “É uma precaução, é a Câmara se posicionar no sentido de dizer que os agentes públicos devem segurar, o que deve ser feito de qualquer forma, porque não existe clima para isso agora”, afirmou o vereador.
E também reportagem da Folha de S. Paulo desta terça:
Filho de cartola vai fornecer assentos no PR
Empresa de filho do presidente do Atlético-PR ganhará R$ 12 milhões com Arena da Baixada
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
Uma empresa do filho do presidente do Atlético-PR irá fornecer por R$ 12 milhões os 43 mil assentos da Arena da Baixada, estádio do clube e uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, em Curitiba.
A Kango Brasil, de Mario Celso Keinert Petraglia, ofereceu valor maior do que os de alguns dos outros sete concorrentes, mas ainda assim foi escolhida, segundo o Atlético-PR, por "critérios qualitativos e de regionalidade".
Além da Kango, o escritório de arquitetura Carlos Arcos, cujo sócio é primo de Mario Celso Petraglia, presidente do clube, também assinou dois contratos com a obra, no valor total de R$ 4 milhões.
Os contratos foram divulgados no domingo pelo jornal "Gazeta do Povo" e apresentados ontem à imprensa pelo advogado José Campêlo Filho, vice do Conselho Deliberativo do clube.
"Isso é uma ofensa aos princípios da impessoalidade e da moralidade", afirma Campêlo Filho, que, horas depois de dar entrevista sobre o assunto, na última quinta, foi ameaçado de destituição do conselho, via nota oficial.
A reforma da arena, com custo estimado em R$ 184 milhões, é privada. Mas só foi viabilizada graças a um empréstimo do BNDES, contraído pelo governo estadual e repassado ao Atlético-PR, e por uma garantia da Prefeitura de Curitiba, que vendeu títulos de potencial construtivo em favor do clube.
Para Campêlo Filho, o fato de a obra receber financiamento público a enquadra na lei de improbidade administrativa e a deixa sujeita a penalidades pelo nepotismo.
Nenhum representante do clube quis falar com a imprensa ontem.
Mas, em e-mail enviado a Campêlo Filho, a diretoria de suprimentos da obra da Arena da Baixada afirmou que a Kango foi escolhida por questão de "sustentabilidade", já que os assentos são produzidos no Brasil e "privilegiam a mão de obra nacional".
Também declarou que só duas empresas passaram pela avaliação qualitativa dos assentos, mas que a outra firma teria que importar o produto, o que causaria "alta dependência do processo alfandegário" e poderia comprometer o cronograma da obra.
Sobre os contratos com o primo de Petraglia, a diretoria afirmou, em entrevista à "Gazeta do Povo", que eles foram feitos na gestão anterior à do presidente e que o atual mandatário não tem nenhuma participação nas decisões sobre os fornecedores.
No total, cerca de R$ 200 milhões devem ser gastos com assentos para os 12 estádios construídos ou reformados para a Copa de 2014.
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