MP quer interditar praias com risco de tubarão

O Ministério Público de Pernambuco expediu uma recomendação ao Governo do Estado e ao Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) para a interdição de trechos da praia da Região Metropolitana do Recife. Em paralelo, a família da turista que morreu após ser atacada por um tubarão na praia de Boa Viagem pretende processar o Estado sob a alegação de que os bombeiros alertaram a jovem apenas com relação à correnteza e não sobre o risco de ataque de tubarões

MP quer interditar praias com risco de tubarão
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Paulo Emílio e Leonardo Lucena _PE247 - O Ministério Público de Pernambuco expediu, nesta terça-feira (23), um dia após o ataque de um tubarão que resultou na morte da turista paulista Bruna da Silva Gobbi, na praia de Boa Viagem, no Recife,  uma recomendação ao Governo do Estado e ao Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) para a interdição de trechos da praia da Região Metropolitana da capital. Em paralelo, a família da vítima pretende processar o Estado sob a alegação de que os bombeiros alertaram a turista apenas com relação à correnteza e não sobre o perigo dos ataques de tubarões.

De acordo com o promotor Ricardo Coelho, o Cemit deve indicar ao Governo quais áreas devem ser interditadas ao banho de mar e também quais são os períodos de maior risco de ocorrências, para que o Estado elabore um decreto proibindo o banho de mar nas áreas listadas como de risco. Atulamente, já vigora um decreto proibindo a prática de esportes náuticos, como o surf, nas regiões de maior risco de incidência de ataques.

A presidente do Cenit, Rosângela Lessa, se disse contrária à medida solicitada pelo MP mas informou que o assunto será discutido. Segundo ela, a orla do Grade Recife é a mais sinalizada do mundo, com 88 placas de alerta ao longo de 30 quilômetros da costa pernambucana. A última vez que o Cemit debateu a interdição das praias foi em 2005, quando se proibiu  a prática de esportes náuticos nas áreas consideradas de risco.

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O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, adiantou que a interdição deve ser descartada em função dos danos ao setor de turismo estadual.   Para o secretário as medidas tomadas já adotadas são suficientes desde que as orientações repassadas pelos órgãos competentes sejam observadas e seguidas.

Enquanto as discussões oficiais estão em andamento, a família da turista Bruna Gobbi, avisou que deverá processar o Estado. O argumento é o de que os bombeiros alertaram a turista apenas com relação à correnteza e não sobre o perigo dos ataques de tubarões, mesmo com o incidente tendo ocorrido a cerca de cem metros de uma placa alertando para possíveis ataques desses animais. O tio da vítima, o comerciante Davi Leonardo Alves, afirmou que não procurou um advogado, mas garantiu que entrará com um processo. Este foi o 59º ataque desde 1992 no Estado, com 24 mortes, incluindo a de Bruna. Ela foi a primeira vítima fatal do sexo feminino desde que os registros de incidentes com tubarões começaram a ser feitos em Pernambuco, em 1992.

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O corpo da turista será enterrado nesta quarta-feira (24), no município de Escada, no Sul do Grande Recife, a 65 quilômetros da capital pernambucana. Após ser atacada, a jovem foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UTI) do bairro da Imbiribeira, também na Zona Sul da cidade. Lá, a jovem sofreu a primeira parada cardiorrespiratória por ter perdido uma quantidade significativa de sangue. Depois, foi transferida para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, região central do município, onde teria tido mais duas paradas cardiorrespiratórias.

Segundo o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões, 23 dos 59 ataques no Estado, desde 1992, ocorreram no litoral do bairro de Boa Viagem, no Recife, e 17 em Piedade, no município vizinho de Jaboatão dos Guararapes. Além disso, estudos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), apontam a existência de um profundo canal ao longo do litoral da região metropolitana facilita a aproximação dos tubarões às praias, principalmente no inverno, com águas mais turvas e marés mais altas. O desequilíbrio ambiental, intensificado com as operações no Complexo Industrial e Portuário de Suape, também é um fator ao qual os órgãos de controle atribuem parte da responsabilidade pelo problema.

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Em 2004, pesquisadores do Núcleo de Tecnologia do Agreste, com sede em Bezerros, criaram um equipamento conhecido como repelente, cuja finalidade é atingir os órgãos sensoriais do tubarão, as chamadas Ampolas de Lorenzini. A pesquisa chegou a ser apresentada no "International Shark Attack Workshop", promovido em 2005 pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Integrantes do órgão solicitaram, por meio de nota enviada à Imprensa, ao prefeito de Bezerros para que o gestor apresente o resultado da pesquisa ao Governo do Estado a fim de que o equipamento seja implementado o mais rapidamente possível. 

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