O apagar de Candeeiro, a luz do cangaço

Candeeiro, apontado como um dos últimos remanescentes do bando do cangaceiro Lampião, teve sua luz apagada nesta quarta-feira (24); Manoel Dantas Loiola, 98 anos, faleceu em decorrência de problemas derivados de um derrame, sofrido na semana passada; ele era um dos 11 sobreviventes do massacre de Angicos (SE), acontecido em 1938, e que terminou com a morte de Lampião, o Rei do Cangaço, bem como a da sua mulher, Maria Bonita, e de parte do bando que o seguia

O apagar de Candeeiro, a luz do cangaço
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PE247 – Candeeiro, apontado como um dos últimos remanescentes do bando do cangaceiro Lampião, teve sua luz apagada nesta quarta-feira (24). Manoel Dantas Loiola, 98 anos, faleceu em decorrência de problemas derivados de um derrame, sofrido na semana passada. Seu Né, como também era conhecido, foi um dos 11 sobreviventes do massacre de Angicos (SE), que ocorreu no dia 28 de julho de 1938, e terminou com a morte de Lampião, o Rei do Cangaço, bem como a da sua mulher, Maria Bonita, e de parte do bando que o seguia.

Candeeiro ingressou no cangaço ao encorpar as fileiras do grupo liderado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, na segunda metade dos anos 30 do século passado e conviveu com o Rei do Cangaço durante três anos, conhecendo os truques do banditismo pelo interior nordestino. Segundo relatos históricos, Seu Né teria entrado para o cangaço após ver o bando invadir a fazenda onde trabalhava, em Alagoas. Naquele instante, ele teria optado por entrar no cangaço para não ser morto.  

Incorporado ao grupo, Candeeiro logo ascendeu de patente e virou um dos homens de confiança de Lampião, além de integrar a sua guarda pessoal. Também tinha como função encaminhar as cartas nas quais Lampião cobrava dinheiro de fazendeiros e comerciantes, além de ser responsável por receber estes pagamentos e de entregar os valores nas mãos de Lampião. A aproximação pessoal era tanta, que Lampião o teria presenteado com vestimentas ornamentadas feitas por ele.

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O tempo de convivência, porém, durou pouco. Lampião morreu em 1938 numa emboscada armada por policiais, no município de Poço Redondo, em Sergipe, quando 11 pessoas foram mortas e tiveram suas cabeças cortadas e colocadas à vista em espaços públicos, uma forma que o governo encontrou para reprimir, aos poucos, a prática do cangaço.

“A história perde muito. Candeeiro era o último homem da guarda de lampião, composto por oito homens escolhidos diretamente pelo Rei do Cangaço”, declarou o historiador Frederico Pernambucano de Mello em entrevista ao Jornal do Commercio. “Arrisco-me dizer que pela patente dele, se o cangaço tivesse durado mais cinco ou seis anos, Candeeiro seria o chefe do grupo”, acrescentou.

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De acordo com o historiador, Candeeiro teria lhe relatado como aconteceu o último confronto do bando de Lampião com a volante, acontecido na manhã em que o grupo foi emboscado em Angicos. “Ele me contou que chegou a disparar 70 tiros na ocasião. Lutou muito. E ainda foi gravemente baleado no braço, que ficou com problemas sérios durante toda a vida, pelo fato de ter cicatrizado na caatinga”, disse Frederico de Mello. “Um dia, ele me confidenciou acreditar ter sido vítima de fogo amigo, durante a troca de tiros com a volante (tropa de policiais do governo)”, informou.

Com o fim do cangaço, Candeeiro se entregou às autoridades e ficou preso numa penitenciária de Maceió (AL) por seis meses, até receber o perdão oficial que lhe devolveu a liberdade. Antes de voltar para Buíque, cidade do Agreste pernambucano onde nasceu, Candeeiro trabalhou na extração de látex, na Amazônia, atividade que fazia parte do programa Soldado da Borracha, uma parceria do Governo Getúlio Vargas com os Estados Unidos, visando colonizar a Amazônia e a produção de borracha.

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Manoel Dantas Loiola foi enterrado, juntamente com um pouco da história  do Nordeste, no final da tarde desta quarta-feira (24), em Buíque, no Agreste de Pernambuco.

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