Em cartaz: Dona Dilma e seus dois partidos

Num dia, a presidente janta com o PMDB e sela a parceria com Michel Temer; no outro, dá carinho ao PSB, de Eduardo Campos, que foi lançado a vice por integrantes da legenda; é possível abrigar os dois no mesmo espaço?

Em cartaz: Dona Dilma e seus dois partidos
Em cartaz: Dona Dilma e seus dois partidos


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247 - Dilma Rousseff não é Sonia Braga, nem Michel Temer é Mauro Mendonça, assim como José Wilker não é Eduardo Campos. Mas assim como no filme "Dona Flor e seus dois maridos", a presidente Dilma Rousseff tem usado seu poder de sedução para manter o "casamento" com dois partidos: o PSB, de Eduardo Campos, e o PMDB, do vice Michel Temer. Será que isso é possível num mundo regido pelas leis da física? A jornalista Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, abordou a questão num interessante artigo publicado no Correio Braziliense. Leia:

Afagos & empurrões

Denise Rothenburg

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Para quem tem entre os congressistas a imagem de durona e avessa a conversas políticas, a presidente Dilma Rousseff termina esta semana com jeito de quem começa a mudar esse tom. Ao primeiro movimento, o jantar com o PMDB, veio outro em 24 horas, o jantar com o PSB. Dois encontros recheados de afagos em que Dilma deixou claro que quer os dois ao seu lado. O problema é a lei da física. Dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. E aí começa o jogo de empurra, onde todos os atores, inclusive a própria Dilma, mostram suas armas.

Vejamos os movimentos da presidente. Ontem, depois dos jantares e dos afagos aos dois principais partidos da sua base, PMDB e PSB, ela aproveitou a solenidade de lançamento do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa para enaltecer o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB). O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, um dos mais próximos da presidente, com quem ela discute todas as questões estratégicas do governo, pediu licença para quebrar o protocolo. Foi ao microfone, dispensou o locutor oficial e, de viva-voz, enalteceu o trabalho de Cid Gomes na área da educação no Ceará.

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Para muitos, o gesto de Mercadante foi jogo combinado com a chefe. Nenhum conhecedor dos humores de Dilma ousaria voltar ao microfone dentro do Planalto sem a permissão dela. Depois, o governador ainda foi almoçar com a presidente. Cid Gomes há tempos não tinha um tapete vermelho tão novo para pisar no palácio. Foram tantos afagos que só faltou a proposta de um ministério para Ciro Gomes — o que setores do PSB comentavam na semana passada como uma possível jogada no sentido de enfraquecer Eduardo Campos dentro de seu próprio partido, tirando inclusive qualquer chance de que o presidente do PSB possa reclamar.

O governador cearense, vale lembrar, tão logo terminou a eleição municipal, fez questão de avisar que Dilma era sua candidata a presidente da República. Seu irmão, Ciro Gomes, que tentou se lançar à Presidência em 2010, mas foi impedido pelo PSB, está hoje cuidando da vida, sem mandato. Ontem, depois de parte da série de afagos palacianos, Cid saiu-se com essa: se o PMDB ficar com a Presidência da Câmara e do Senado, por que o PSB não poderia ficar com a vice de Dilma?

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A declaração de Cid foi vista como maldade pura por todos os atores envolvidos nessa história. Primeiro, que ninguém é “candidato a vice”. A vice é consequência de acordos políticos. Por isso, há quem tenha visto nessa proposta não um afago a Campos, mas uma tentativa de “queimá-lo” e ainda deixar o PMDB desconfiado. O PSB não tem sequer metade dos votos do PMDB no Congresso e Dilma não precisa colocar Eduardo Campos na vaga de vice-presidente para ter o PSD de Gilberto Kassab ao seu lado. O prefeito hoje tem a quarta bancada, o que lhe dá autonomia. Tanto é que estará com Dilma na semana que vem. Portanto, Dilma não tem hoje como “dispensar” o PMDB.

E entre os socialistas…

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Os aliados de Eduardo Campos não entenderam muito bem por que tantos afagos de Dilma a Cid Gomes no dia seguinte ao jantar com Eduardo Campos e o vice-presidente do partido, Roberto Amaral. Afinal, em termos numéricos, a hegemonia do partido está com Eduardo Campos e dois movimentos deixam isso muito claro. O primeiro foi em 2010, quando Ciro Gomes quis ser candidato a presidente. O segundo foi no ano passado, quando Cid e Ciro tentaram fazer de Gabriel Chalita, então do PSB, líder da bancada na Câmara. Chalita obteve três dos 34 votos. Quem venceu foi a deputada Ana Arraes, mãe de Eduardo, hoje ministra do Tribunal da Contas da União.

Pelo que se sabe, 2014 não entrou na conversa de Dilma e Eduardo Campos na noite de quarta-feira, e nem poderia. Afinal, Dilma ainda não avisou com todas as letras que será candidata e Campos já cansou de dizer que não tratará de 2014 agora, pois discutir a próxima eleição neste momento seria jogar contra o Brasil. Mas, para os socialistas, está claro que, se Dilma pensa em sufocar a candidatura de Eduardo Campos afagando Cid Gomes, o efeito pode ser o inverso.

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Enquanto isso, no Jaburu…

Com toda essa confusão, o próximo passo dessa história é o PMDB cobrar e Dilma mais uma vez reforçar — como já disse lá atrás — que, se for candidata à reeleição, repetirá a parceria com Michel Temer. A ordem entre os peemedebistas é procurar fazer a menor marola possível para eleger os presidentes da Câmara e do Senado. Entre os deputados, a campanha de Henrique Eduardo Alves é feita à luz do dia e a ideia é, já na próxima semana, começar a tratar da proporcionalidade para os demais cargos da Mesa Diretora.

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