Como Suplicy construiu seu isolamento no PT

Senador Eduardo Suplicy parte em missão quase impossível: quer convencer o ex-presidente Lula e a direção do PT a lhe garantir a legenda para concorrer ao Senado, em 2014; mas será que ele precisava ter feito um discurso em homenagem a Roberto Civita?; será que precisava ter dado apoio à CPI dos Correios, em 2005?; será que precisava ter convidado Lula a ir ao Congresso "dizer toda a verdade" sobre o chamado mensalão?; o fato concreto é o que o PT não o quer mais

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247 – A depender dos ânimos dentro da cúpula do PT, o senador Eduardo Matarazzo Suplicy não concorrerá a seu quarto mandato, em 2014, pela legenda. Apesar de ter três vitórias consecutivas em seu currículo, ele próprio está ciente de seu isolamento. Tanto assim que, depois de gestos dramáticos como uma carta aberta ao ex-presidente Lula, expondo suas razões para concorrer, hoje Suplicy tenta, numa conversa pessoal, obter o aval do chefe do partido. Será uma missão impossível.

O senador construiu seu próprio isolamento na legenda no marcante ano de 2005, quando espoucavam na mídia denúncias sobre a ocorrência do chamado mensalão, que resultaram na Ação Penal 470. Um ano em que o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, foi afastado do cargo ao ser colocado no centro das críticas por uso abusivo dos recursos oficiais. Em seguida, julgado pela Câmara, Dirceu teve seu mandato cassado.

Nesse fogaréu, quando até mesmo o mandato de Lula era questionado, Suplicy, da tribuna do Senado, convidou o então presidente a comparecer ao Congresso "para contar toda a verdade". Em entrevistas, ele duvidava de que Lula não soubesse das articulações de Dirceu, como alegava.

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- Desde que se iniciaram as apurações desses episódios, o presidente já teve a oportunidade de dialogar com muitas pessoas do partido, inclusive ministros e ex-ministros, e certamente tem um conhecimento muito elevado dos fatos, disse o senador, na ocasião, ao prestigiado veículo especializado Congresso em Foco.

Além do verdadeiro desafio a Lula, Suplicy contrariou a orientação da bancada e foi o único integrante do PT a apoiar a convocação da CPI dos Correios, que visava apurar irregularidades na gestão do órgão.

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Já em 2006, quando Suplicy concorreu e venceu sua terceira eleição, o PT queria tirá-lo da cédula eletrônica eleitoral. Mas o quadro estava muito conturbado em razão da repercussão da queda de Dirceu e todas as denúncias de corrupção sobre o partido. A direção nacional, resignada, deu a legenda a Suplicy, que, mesmo dando um susto, com menos votos do que se previa, cumpriu a missão.

Mas para 2014 vai ser diferente. Lula considera o momento como o melhor para o partido chegar, pela primeira vez, ao governo de São Paulo. Para tanto, ele aposta numa coalizão com o PMDB, reservando a legenda de candidato a senador para seus aliados. Num segundo cenário, a vaga ainda poderá ir para um político do PSD, como o ex-prefeito Gilberto Kassab. Só num terceiro caso o PT pretende ter seu próprio candidato a senador. Suplicy é a opção depois desta. Dentro do partido, a vaga é cobiçada por muitos outros políticos que se consideram enquadrados no figurino da renovação lançado por Lula, com sucesso, na eleição do prefeito Fernando Haddad, em 2010. O gesto de hoje do senador, ao buscar em Lula seu salvador, tende a terminar com a lembrança da contrapartida de apoio a Lula que não foi dada por ele em 2005.

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Neste quadro, o pronunciamento feito pelo senador, ontem, em homenagem ao falecido presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, não contribuiu para agregar Suplicy ao seu grupo político. Visto como personalista e independente, em mais essa vez ele agiu fora da sintonia do partido. Nem Lula se pronunciou sobre a morte de seu adversário, que dedicou-lhe uma capa da revista Veja com sua foto de costas e a marca de um pé em seu traseiro. Suplicy, se tivesse ficado calado, teria dito mais a seu favor.

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