Para Noblat, Dilma não é mais favorita em 2014

Dilma "passou recibo de que ou muda ou ficará de fora da próxima eleição. Dilma de fora significava Lula dentro outra vez. Agora, não mais necessariamente", escreve o colunista do Globo, que coloca a presidente como uma presidente sem liderança

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247 - "Para governar bem, um presidente da República tem de se destacar como líder", escreve Ricardo Noblat, em sua coluna desta segunda-feira 24. E segundo ele, Dilma Rousseff não se destaca, pelo contrário, ela é colocada por ele como "um chefe mal-humorado e impositivo". Segundo o colunista do Globo, ou Dilma muda ou "ficará de fora da próxima eleição"

Leia abaixo seu artigo:

Jogo em aberto

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"É a cidadania, e não o poder econômico, que deve ser ouvida em primeiro lugar." Dilma Rousseff

É razoável supor que Dilma enfrenta sérias dificuldades para entender o que se passa no país. Se Lula, que é um político esperto, anda pendurado no telefone a pedir, humilde, a ajuda de amigos para tentar decodificar a voz das ruas, quanto mais Dilma, que nem política é, muito menos esperta, e carece de amigos que sejam. Ou de colaboradores informais que gostem dela a ponto de aconselhá-la de graça.

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PARA GOVERNAR BEM, um presidente da República tem de se destacar como líder. Não precisa ser um excepcional gestor. Mas líder está obrigado a ser.

Como governar sem exercer influência sobre o comportamento, o pensamento e a opinião dos outros - auxiliares e governados? Com seu entusiasmo, o líder contagia os que o cercam. Agindo assim, obtém a adesão deles aos seus planos.

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DILMA INFUNDE medo. O medo inibe. Para além de carismático, o líder é um grande comunicador. Dilma não é nem uma coisa nem outra. O líder é persuasivo.

Dilma é um chefe mal-humorado e impositivo.

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O líder é um hábil negociador. Dilma não negocia - manda. O líder é exigente. Dilma é. Não foram poucos os correligionários de Lula que o desaconselharam a indicar Dilma para sucedê-lo.

MAS ELE RESISTIU a todos os apelos. Dizia que Dilma era melhor gestora do que ele. A preferência de Lula por Dilma se escorava em dois principais motivos: ela seria leal a ele. E não seria obstáculo ao seu eventual retorno à Presidência da República.

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Lula não pensou primeiro no país quando elegeu Dilma sua candidata - pensou nele. E, do seu ponto de vista, acertou. No que importa, ele continua governando.

OS GOVERNANTES modernos não dão um passo importante sem consultar a opinião popular por meio de pesquisas. É assim com Dilma, como foi antes com Lula e Fernando Henrique Cardoso. Espanta que, munido de tantas pesquisas, o staff dela tenha sido incapaz de prever que um gigantesco tsunami estava a caminho. Só acreditamos no que não nos desagrada. E só lemos o que reforça as nossas convicções.

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Com os governantes não é diferente.

DE TANTO repetir que o mensalão não existiu e de que nenhum governo combateu mais a corrupção do que o dele, Lula acabou acreditando em tais fantasias.

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Bem como os que renunciaram a pensar com independência para seguir o líder disposto a pensar por eles. A corrupção não impediu Lula de se reeleger, nem Dilma de sucedê-lo. Por que haveria de produzir sérios estragos no futuro? O povo não parecia ligar.

NOS ÚLTIMOS 12 meses, Lula cabalou votos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para absolver mensaleiros e apertou a mão de Paulo Maluf para selar o apoio dele ao candidato do PT a prefeito de São Paulo. Renan Calheiros, que já renunciou à presidência do Senado para não ser cassado, foi eleito presidente do Senado. Está para ser aprovada no Congresso uma proposta que enfraquece o poder de investigação do Ministério Público.

O VICE DE ALCKMIN, governador do PSDB, virou ministro de Dilma sem deixar de ser vice. E o STF ganhou ministros escolhidos com base na esperança de que livrem mensaleiros da cadeia. Resultado: esgotou- se a paciência dos que saíram às ruas para protestar. A repulsa à corrupção está por trás de sua atitude. Por sua vez, Dilma foi forçada a admitir que seu governo ouve as vozes que cobram mudanças.

EM RESUMO: passou recibo de que ou muda ou ficará de fora da próxima eleição. Dilma de fora significava Lula dentro outra vez. Agora, não mais necessariamente.

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