Dilma versus Aécio: quem vai piscar primeiro?

Os dois se encontraram ontem no Senado e trocaram amabilidades; por trás, dispararam farpas; para o pré-candidato tucano Aécio Neves (PSDB-MG), a construção de um discurso que, ao mesmo tempo, reconhece méritos em programas sociais, mas também prega uma "virada de página completa", não é tão simples; a presidente Dilma, por sua vez, parece disposta a explorar essas contradições

Senador Aécio Neves (PSDB-MG) cumprimenta a presidente da República, Dilma Rousseff, durante sessão solene do Congresso destinada à devolução simbólica do mandato presidencial ao ex-presidente João Goulart
Senador Aécio Neves (PSDB-MG) cumprimenta a presidente da República, Dilma Rousseff, durante sessão solene do Congresso destinada à devolução simbólica do mandato presidencial ao ex-presidente João Goulart (Foto: Felipe L. Goncalves)


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247 - Potenciais adversários num eventual segundo turno em 2014, que, a julgar pelas últimas pesquisas eleitorais, ainda parece distante, a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), se encontraram ontem no Senado. Frente a frente, trocaram amabilidades, resgatando um relacionamento cordial que já os unia desde os tempos em que Aécio era governador de Minas Gerais e Dilma, ministra de Minas e Energia. Entre os dois, nunca houve tensão – o clima, ao contrário, sempre foi de descontração. E ontem, mais uma vez, o aperto de mãos e os olhares demonstravam afinidades e simpatia recíproca.

Por trás, no entanto, as circunstâncias políticas exigem outras atitudes. Dois dias atrás, ao lançar sua agenda com 12 pontos para o Brasil, Aécio propôs uma "virada de página" completa para o Brasil (leia mais aqui), defendendo, por exemplo, menor intervenção estatal na economia.

No entanto, a construção do discurso de Aécio exige uma engenharia mais complexa, uma vez que o tucano não pode bater de frente com programas sociais, como o Bolsa Família e o Mais Médicos, que são amplamente aprovados pela população.  Na sua agenda, Aécio defendeu a vinda de médicos cubanos, mas com salários pagos diretamente aos profissionais – e não ao governo cubano. No caso do Bolsa Família, ela já vinha defendendo a transformação do programa em lei, mas com a construção do que os tucanos chamam de "porta de saída".

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Dilma recebeu as propostas como reconhecimento pelo sucesso dos programas sociais.  “É sempre bom ver que eles reconhecem alguma coisa”, disse ela. “Durante um bom tempo, o Bolsa Família foi chamado de Bolsa Esmola." Na resposta, Aécio não deixou barato e alfinetou o ex-presidente Lula. “Como ela agora se mostra muito conectada com as redes, sugiro que entre no YouTube e coloque lá: presidente Lula, 2002, esmola. Vai ver que foi seu tutor quem chamou os programas Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação, que originaram o Bolsa Família, de esmola.”

Ao que tudo indica, a disputa entre ambos será marcada pela ironia mineira – e sem um clima belicoso entre adversários, como costuma ocorrer nas campanhas que têm José Serra como protagonista. Aécio, no entanto, tem o desafio de contestar Dilma, sem deixar de reconhecer programas aprovados pelos eleitores. Um difícil equilíbrio.

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No caso do Mais Médicos, seu modelo de remuneração dos profissionais, na prática, inviabilizaria o programa, uma vez que o governo cubano jamais aceitaria o pagamento direito dos salários. Esse alerta foi feito pelo 247 (leia mais aqui) e hoje repercutido pelo jornal Valor Econômico (leia aqui). Ou seja: em breve, com a proximidade da campanha eleitoral, serão exigidas dos candidatos não apenas promessas, mas também as respostas sobre como tirá-las, na prática, do papel.


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