Reforma ministerial aumenta tensão entre aliados de Dilma

Primeiras negociações com partidos da base da presidente Dilma Rousseff semearam mais tensão do que união entre os aliados, e as dificuldades para expandir a base governista aumentam a cada dia; além de questões políticas, a presidente também tem dificuldades para atrair nomes de peso para pastas como a do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; aliados também avaliam que Dilma perdeu o momento certo das mudanças porque esperou o retorno do recesso no Congresso

Brazil's President Dilma Rousseff reacts during the graduation ceremony for The Order of Rio Branco at the Rio Branco Institute, in Itamaraty Palace June 17, 2013. REUTERS/Ueslei Marcelino (BRAZIL - Tags: POLITICS)
Brazil's President Dilma Rousseff reacts during the graduation ceremony for The Order of Rio Branco at the Rio Branco Institute, in Itamaraty Palace June 17, 2013. REUTERS/Ueslei Marcelino (BRAZIL - Tags: POLITICS) (Foto: Valter Lima)


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Por Jeferson Ribeiro

BRASÍLIA, 6 Fev (Reuters) - Um dos objetivos centrais da presidente Dilma Rousseff com a reforma ministerial é ampliar sua aliança para disputar a reeleição neste ano, mas as primeiras negociações semearam mais tensão do que união entre os aliados, e as dificuldades para expandir a base governista aumentam a cada dia.

Além de questões políticas, a presidente também tem dificuldades para atrair nomes de peso para pastas como a do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Novos ministros assumem os postos apenas por meses e dificilmente conseguem imprimir suas marcas na administração pública.

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Os aliados também avaliam que Dilma perdeu o momento certo das mudanças porque esperou o retorno do recesso no Congresso e, agora, as negociações ficam contaminadas com a pauta da Câmara dos Deputados e do Senado.

Dilma mudou quatro ministros até agora. Na Educação entrou José Henrique Paim no lugar de Aloizio Mercadante, que foi para a Casa Civil. Arthur Chioro foi nomeado ministro da Saúde, substituindo Alexandre Padilha, e o ex-porta-voz da Presidência Thomas Traumann assumiu a Comunicação Social, antes liderada pela jornalista Helena Chagas.

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Nesta semana, após três rodadas de negociações com o maior partido de sua coalizão, o PMDB, Dilma teve o maior revés na reforma ministerial iniciada na semana passada. A bancada do partido na Câmara, descontente e se sentindo menosprezada pela presidente, segundo um peemedebista, emitiu nota abrindo mão de indicar nomes para o primeiro escalão.

A irritação dos deputados peemedebistas aprofundou-se e pode prejudicar as votações do Congresso depois que Dilma disse, em uma reunião com o vice-presidente, Michel Temer, que o partido não teria o número de pastas sob seu comando ampliada de cinco para seis.

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A insatisfação não ficou apenas no PMDB. Nesta quinta-feira, o PTB também informou que, se convidado por Dilma, não indicará um nome para o ministério.

"Se formos convidados, não vamos indicar ninguém para que a presidente fique à vontade para montar como achar melhor seu ministério para esse ano. Sem ressentimentos", disse à Reuters o presidente em exercício do partido, Benito Gama, que é vice-presidente de governo do Banco do Brasil.

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Segundo ele, isso não muda a decisão do partido de apoiar formalmente Dilma na reeleição, nem altera o apoio que os petebistas têm dado ao governo no Congresso. As negociações comandadas pela presidente indicavam que ela daria o ministério do Turismo para o PDT e o próprio Gama seria o ministro.

Na quarta-feira, Dilma também se reuniu com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e conversou sobre as mudanças no ministério. Mas segundo um parlamentar do partido, que falou sob condição de anonimato à Reuters, ela não convidou a legenda para nenhuma pasta.

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Atualmente, o PSD está representada no primeiro escalão com o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, que comanda o Ministério das Micro e Pequenas Empresas.

"Neste momento me surpreenderia se o partido indicasse um novo ministro", afirmou o parlamentar do PSD.

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DESENVOLVIMENTO

Afif chegou a ser cotado para ocupar o Ministério do Desenvolvimento, mas ele negou uma transferência para a pasta, segundo o parlamentar da legenda.

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No Ministério do Desenvolvimento e no PT de Minas Gerais, a expectativa é de que o titular Fernando Pimentel deixe o governo até a próxima quinta-feira para dar início à pré-campanha da disputa estadual.

Dilma tem se esforçado para encontrar um novo ministro no meio empresarial, mas até agora o governo só ouviu negativas, o que pode levar a presidente a adotar uma solução caseira para a pasta.

Se for essa a solução, um nome que circula nos corredores do ministério é o do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mauro Borges, um dos responsáveis pela elaboração da atual política industrial.

Dilma também quer incorporar ao governo o recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (Pros), para onde migrou o governador do Ceará, Cid Gomes, depois de romper com o PSB, que lançará seu presidente e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência.

O presidente da legenda, Eurípedes Júnior, disse que conversou com Dilma sobre o ingresso do governo em novembro e desde então não foi convidado novamente para negociar cargos no primeiro escalão. O partido deve se reunir na próxima semana com Mercadante para retomar as conversas.

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