Fator Lula marca diferença entre Aécio e Campos
Ex-presidente foi o personagem do final de semana, graças aos 52% de intenções de voto obtidos em pesquisa Datafolha; mas olhares de presidenciáveis da oposição sobre Lula são diferentes; enquanto tucano Aécio Neves diz que "tanto faz" enfrentá-lo ou disputar contra a presidente Dilma Rousseff, Eduardo Campos, do PSB, estabelece distinção; "movimento 'volta, Lula' é confirmação de que Dilma prometeu fazer crescimento e entregou inflação", disse ele ao jornalista Fernando Rodrigues; nos bastidores da eleição presidencial, ideia de chapa com ex-presidente da República e ex-governador de Pernambuco, unindo PT e PSB, continua viva; interessa a Aécio fustigar tanto Dilma como Lula, mas Campos não tem motivo para atacar antigo aliado; seu alvo é apenas Dilma
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247 – Envolvidos num pacto de cavalheiros, que garante entre eles a segurança de não haver troca de críticas e ataques enquanto o quadro da eleição presidencial for o atual, o tucano Aécio Neves e o socialista Eduardo Campos têm pelo menos uma grande diferença: é visão de cada um sobre o ex-presidente Lula.
Enquanto é fácil para Aécio atacar os dois governos de Lula, porque sempre esteve na oposição ao PT, para Campos a mesma missão é bem mais complicada, uma vez que foi aliado de Lula de primeira hora e pelo ex-presidente foi prestigiado no exercício do governo em Pernambuco.
Apoiado pelo ex-presidente FHC, Aécio disse no início da semana que para ele "tanto faz" disputar contra a presidente Dilma Rousseff ou Lula. Do ponto de vista político, é a absoluta verdade. Referência pronta e acabada da gestão tucana de Fernando Henrique, com todo o comando econômico do então presidente dentro de sua assessoria pessoal, o ex-governador de Minas Gerais não tem como se identificar com qualquer um dos chefes de governos petistas. Encarnando a oposição mais direta ao petismo, Aécio tem mantido, com folga, o segundo lugar nas pesquisas de opinião. Seu movimento para crescer é de radicalização de críticas, e de nenhuma contemporização com Dilma ou Lula.
Com Campos é diferente. Velho aliado de Lula, de quem continua amigo, o ex-governador de Pernambuco, que deixou o cargo na sexta-feira 4, foi beneficiado com um tratamento cinco estrelas para seu Estado durante os dois governos do ex-presidente. Porque Lula é pernambucano, de um lado, mas também porque ele e Campos viveram uma relação política de fácil entendimento e muita empatia.
Campos, assim, tem de diferenciar Dilma de Lula, e não colocá-los no mesmo córner:
- O movimento 'volta, Lula' é uma confirmação da base aliada ao governo de que ela (Dilma) iria entregar crescimento, mas entregou inflação. As duas marcas que tinha estão afetadas, a de ser eficiente na gestão e de que faria uma faxina moral no governo, disse Campos ao jornalista Fernando Rodrigues, do jornal Folha de S. Paulo, no domingo 6. Nitidamente, o presidente do PSB poupou Lula, que apresentou 52% de intenções de voto na pesquisa Datafolha publicada na mesma data.
QUEBRA NA OPOSIÇÃO - Nos bastidores da eleição presidencial, a ideia de uma chapa Lula-Campos, unindo PT e PSB, continua viva. Há muitas dúvidas, é claro, sobre o tempo hábil para a confecção desta aliança, que teria o prazo final nas convenções partidárias do mês de junho para se concretizar. Igualmente, porém, há a convicção de que o entendimento entre os chefes políticos e seus partidos teria o poder de quebrar a espinha dorsal da oposição, hoje formada por Aécio-Campos, e praticamente selar o destino de uma disputa a ser resolvida em primeiro turno.
Há fatores fortes contra essa solução que muitos até veem como simplista. A ex-ministra Marina Silva, por exemplo, deverá se opor à menor possibilidade dessa composição, tornando-se uma dura adversária para Campos dentro do mesmo PSB.
Seria preciso, principalmente, a anuência da maior interessada, a presidente Dilma Rousseff, que em nenhum momento deu mostras de que pode abrir mão de seu direito à reeleição, para que uma dobradinha entre Lula e Campos aconteça.
Nesse momento em que ilações e especulações fazem parte do jogo eleitoral, ao sabor dos resultados das pesquisas de opinião, qualquer troca de peças no tabuleiro em montagem da sucessão presidencial é vista como possível.
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