Após semear contradição, Marina colhe declínio

É político o maior problema da candidata Marina Silva a 13 dias das urnas de 5 de outubro; crítica das alianças costuradas pelo antecessor Eduardo Campos, ela agora mal tem palanques estaduais para atuar; ao longo de setembro, distribuiu declarações que foram contraditadas pelos adversários e que ela própria precisou desconfirmar, como a promessa de esvaziar o pré-sal; no campo da imagem, chorou às primeiras  dificuldades; em seguida, pediu "orações" ao povo; ao que indicam os números, plano pode ser ato final de candidatura minguante

É político o maior problema da candidata Marina Silva a 13 dias das urnas de 5 de outubro; crítica das alianças costuradas pelo antecessor Eduardo Campos, ela agora mal tem palanques estaduais para atuar; ao longo de setembro, distribuiu declarações que foram contraditadas pelos adversários e que ela própria precisou desconfirmar, como a promessa de esvaziar o pré-sal; no campo da imagem, chorou às primeiras  dificuldades; em seguida, pediu "orações" ao povo; ao que indicam os números, plano pode ser ato final de candidatura minguante
É político o maior problema da candidata Marina Silva a 13 dias das urnas de 5 de outubro; crítica das alianças costuradas pelo antecessor Eduardo Campos, ela agora mal tem palanques estaduais para atuar; ao longo de setembro, distribuiu declarações que foram contraditadas pelos adversários e que ela própria precisou desconfirmar, como a promessa de esvaziar o pré-sal; no campo da imagem, chorou às primeiras  dificuldades; em seguida, pediu "orações" ao povo; ao que indicam os números, plano pode ser ato final de candidatura minguante (Foto: Ana Pupulin)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Marco Damiani, 247 – Mais que nas pesquisas, está na política o grande problema da candidata Marina Silva a 13 dias das urnas de 5 de outubro. Do Datafolha ao Ibope, confirmados nesta terça-feira 23 pelo levantamento do CNT/MDA, a candidata do PSB é, na prática, a única que vai perdendo preferências e simpatias na fase central da eleição. E em doses alopáticas. Com rejeição em alta, de acordo com todos os levantamentos, e quedas acentuadas nas intenções de voto, a cada divulgação, Marina agora está em busca da humildade perdida. Ontem, pediu "orações" ao público, evitando enfrentar os temas objetivos que têm surgido no curso da campanha. O movimento de recorrer à fé faz parte da tática definida por seu comando de campanha, que pretende preservar a candidata do confronto de ideias à espera da chegada do segundo turno. Nesta segunda volta, de acordo com os estrategistas do PSB/Rede, Marina teria tempo igual ao do adversário, de 15 minutos por dia na televisão, e poderia, então, mostrar todo o seu potencial.

O problema dessa verdadeira tática do avestruz – a ave que enfia a cabeça num buraco como forma de se livrar dos problemas do entorno – é o ritmo de queda no prestígio eleitoral de Marina. Pelas tendências detectadas em todas as pesquisas, ela pode, simplesmente, não atingir o segundo turno. O que parecia justo e contratado a questão de duas semanas mudou radicalmente.

No novo quadro, desenhado pela queda de nada menos que 6 pontos percentuais da candidata do PSB na pesquisa CNT/MDA divulgada hoje, Marina está muito mais próxima de uma briga na reta final com Aécio Neves, do PSDB, por uma vaga no segundo turno, do que acossar a presidente Dilma Rousseff em sua posição de liderança na corrida. Neste sentido, a fotografia revelada pelo levantamento apontou, pela primeira vez, a ultrapassagem de Dilma, em apenas um ponto, mas ultrapassagem, na simulação de segundo turno. É de se lembrar que, pouco mais de vinte dias atrás, a ex-ministra aparecia no Datafolha com dez pontos de frente sobre a candidata à reeleição na fase final da disputa.

continua após o anúncio

MENOS RECURSOS PARA SE RECUPERAR - Para se recuperar, o problema, para Marina, é que ela conta, agora, com bem menos recursos do que antes. Assim que assumiu o lugar de Campos, na segunda metade do mês de agosto, a ex-senadora abriu uma forte dissidência no PSB. Dirigentes até então de confiança do ex-governador de Pernambuco deixaram reuniões aos berros, espalhando impropérios contra a postura da candidata. Além de perder boa parte da cúpula e da base partidária, Marina também já deixou de ser, a esta altura, a novidade da eleição. Despontando como favorita assim que subiu ao primeiro plano da cena eleitoral, ela não conseguiu manter-se acima da segunda metade da faixa dos 30% de intenções. Neste momento, já se debate para manter-se acima dos 25%. No entanto, o ritmo de sua descida, à razão de 3 a 6 pontos semanais, a depender da pesquisa, mostra que está muito difícil barrar o movimento que já se assemelha a uma queda livre.

Com sua postura exclusivista, de recusa às alianças que haviam sido costuradas, uma a uma, ao longo de um ano inteiro de conversas políticas por Eduardo Campos, Marina perdeu bases em Estados decisivos como São Paulo e Minas Gerais. Está praticamente sozinha no Rio de Janeiro e tem dificuldades para se movimentar no Nordeste. Sua região natal, o Norte, como se sabe, não tem peso eleitoral para decidir uma disputa nacional.

continua após o anúncio

O choro é livre, mas quando, duas semanas atrás, Marina verteu lágrimas em razão de um refrega verbal com o ex-presidente Lula, a cena soou estranha. Afinal, pouco antes, nos debates promovidos pelas redes Bandeirantes e Globo, a mesma Marina fez questão de demonstrar uma postura firme e, para muito, triunfalista, como se já se sentisse como presidente eleita, tal o desprezo demonstrado aos adversários.

No programa de governo, por outro lado, Marina demonstrou ter seu  calcanhar de Aquiles. Coordenado pela herdeira do banco Itáu Neca Setúbal, o programa dedicou apenas duas linhas ao pré-sal – reconhecidamente a maior riqueza natural do País nos tempos atuais. Inserindo um tema espinhoso nos debates, a candidata passou a defender a independência do Banco Central, ao mesmo tempo em que seus economistas, como Eduardo Gianetti, espalhavam ideias neoliberais que associaram suas ideias econômicas ao programa do PSDB.

continua após o anúncio

Como se vê pelas pesquisas, que também registram o crescimento de Aécio, o público está preferindo o original à reprodução. Nos próximos levantamentos, basta para Aécio subir algo como três pontos, o que não é impossível, e Marina perder outros três, o que parece bastante provável, para ambos chegarem a uma situação de empate técnico na disputa pelo segundo lugar. A presidente Dilma, enquanto isso, deixa por este instante decisivo a berlinda de ataques para vislumbrar, outra vez, a chance de vencer em primeiro turno.

De fato, a presença de Marina Silva mudou a eleição presidencial de 2014 – mas não exatamente como ela imaginava.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247