Golpe não é para amadores

"Temos na oposição atual ao governo, figuras que variam do folclórico ao patético, Aécio Neves, Jair Bolsonaro, Eduardo Cunha e uma plêiade de ideólogos direitistas que alguns se situam próximo à demência. Tendo como último reduto ao golpe uma revista em situação pré-falimentar, fica cada vez mais difícil imaginarmos que um golpe de qualquer tipo que seja possa vingar", diz R. D. Maestri em artigo publicado no jornal GGN; leia a íntegra

Data: 21/08/2011 - Foto: Wilton Júnior - Copyright: AE - Prêmio: Vencedora do Prêmio Rei de Espanha em janeiro de 2012.
Data: 21/08/2011 - Foto: Wilton Júnior - Copyright: AE - Prêmio: Vencedora do Prêmio Rei de Espanha em janeiro de 2012. (Foto: Leonardo Attuch)


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Por R. D. Maestri, no jornal GGN

Vejo que alguns estão surpresos por fortes vozes das classes dominantes se levantarem contra o golpe que estava sendo tramado por uma série desarticulada de amadores. Por que de uma hora para outra FIESP, Fierj e agora diretores de bancos levantam suas vozes contra o golpe, simplesmente porque estas instituições têm analistas ou consultam pessoas com capacidade de prospecção de eventos futuros. E estas mentes pensantes deram seu veredito final, com estes amadores o golpe pode sofrer um contragolpe muito mais forte que o primeiro.

Vamos aos fatos, há bastante tempo se via a inviabilidade de com o cenário atual de articular forças diversas para desestabilizar o governo com um mínimo de coesão (vide Deem-me um estado de apoio que vos darei um golpe! de 03/03/2015), esta ausência de coesão mostravam uma tendência de rapidamente, antes do golpe se estabilizar e se institucionalizar, começar a luta interna entre fracções e estas lutas não contarem com o apoio decisivo e necessário das forças armadas para escolhendo uma delas, termos só um projeto de novo governo.

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Este último e importante passo foi enterrado com a prisão do vice-almirante, vozes dispersas nas forças armadas que viam os últimos governos do PT como governos preocupados com o fortalecimento real dessas forças, ganharam força e numa contabilidade simples que é feita antes de qualquer enfrentamento quem estava contra o golpe sobrepujou os que estavam a favor, e este recado chegou até as coordenações das classes dominantes (vide Por que a direita descarta uma intervenção militar? de 24/03/2015).

Outro fator decisivo foi que junto à posição das forças armadas, começa a repercutir nos setores do capital uma sensação de perseguição do mesmo por considera-los naturalmente corruptos. Ou seja, a atividade econômica do grande capital, corrupto ou não, começou a ser considerado como intrinsicamente corrupta. Se estas acusações viessem de setores de esquerda que por convicção ideológica descreve a apropriação da mais valia como um roubo, não haveria surpresa nem ineditismo, mas esta luta ideológica secular já é conhecida e os mecanismos de domínio do capital conseguem até o momento contorna-la. Porém estão surgindo de setores que tradicionalmente apoiam o sistema, ações bem bruscas e intempestivas que começam a assustar.

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A mistura de um messianismo evangélico com a demonização da atividade econômica com todos os seus méritos e falcatruas podem levar a uma combinação explosiva muito mais perigosa do que mera conservação ou mudança de mando no poder federal. O governo atual, limitado por sua falta de base legislativa, não tem condições de propor fortes rupturas institucionais, porém um novo lupem-evangelismo fragmentado, mas com tendências messiânicas, é algo extremamente perigoso para qualquer regime fracos ou mesmo forte. Isto é algo que começado o processo não se sabe para onde ele irá!

Um golpe neste momento não teria as mesmas características da deposição de Collor de Mello (veja Golpe não se adjetiva. de 18/11/2014), seria um golpe sem um programa pós-golpe estruturado e perfeitamente definido.

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Se formos comparar a situação de 1964 com a atual ainda fica pior. Neste ano haviam conspiradores profissionais em todos os setores, o governador Magalhães Pinto que montara um ministério paralelo e foi até os USA falar pessoalmente com o Presidente Kennedy, o general Golbery do Couto e Silva que tanto organizou o ataque (1964) como a retirada (abertura política) tinha até o palhaço-tolo midiático, o Governador Carlos Lacerda, que de tão tolo pensou que um dia assumiria a presidência da república com o apoio dos militares.

Temos na oposição atual ao governo, figuras que variam do folclórico ao patético, Aécio Neves, Jair Bolsonaro, Eduardo Cunha e uma plêiade de ideólogos direitistas que alguns se situam próximo à demência (como ex-astrólogos que juram de pé junto que o Sol é que gira em torno da Terra e que Einstein é uma farsa).

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Tendo como último reduto ao golpe uma revista em situação pré-falimentar, fica cada vez mais difícil imaginarmos que um golpe de qualquer tipo que seja possa vingar. Ou pior para os golpistas e seus anteriores admiradores, se vingar o contragolpe deverá ser muito mais forte e também imprevisível (vide O contragolpe será muito mais forte do que o golpe! de 06/08/2015), pois neste ponto as forças que promoverem este contragolpe estarão livres para radicalizar uma politica de esquerda no Brasil.

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