Pochmann: a direita passou de adversária para inimiga de classe

Economista e professor da Unicamp, Marcio Pochmann avalia que, após a derrota eleitoral em 2014, parte da oposição abandonou "a posição de adversária política para a de inimiga de classe" e, com o objetivo de exterminar o PT, "passou a valer qualquer tipo de meio, inclusive abandonar as regras estabelecidas consensualmente pela Constituição"; ele diz que, enquanto o governo Dilma insiste na homogeneização do consumo, a direita quer de volta a "desigualdade na distribuição de renda", defendendo o neoliberalismo; "Novamente, dois caminhos distintos se abrem para o Brasil. As fichas já estão na mesa, chegando a hora do conjunto da população se posicionar por qual país deseja viver e deixar para as próximas gerações"

Economista e professor da Unicamp, Marcio Pochmann avalia que, após a derrota eleitoral em 2014, parte da oposição abandonou "a posição de adversária política para a de inimiga de classe" e, com o objetivo de exterminar o PT, "passou a valer qualquer tipo de meio, inclusive abandonar as regras estabelecidas consensualmente pela Constituição"; ele diz que, enquanto o governo Dilma insiste na homogeneização do consumo, a direita quer de volta a "desigualdade na distribuição de renda", defendendo o neoliberalismo; "Novamente, dois caminhos distintos se abrem para o Brasil. As fichas já estão na mesa, chegando a hora do conjunto da população se posicionar por qual país deseja viver e deixar para as próximas gerações"
Economista e professor da Unicamp, Marcio Pochmann avalia que, após a derrota eleitoral em 2014, parte da oposição abandonou "a posição de adversária política para a de inimiga de classe" e, com o objetivo de exterminar o PT, "passou a valer qualquer tipo de meio, inclusive abandonar as regras estabelecidas consensualmente pela Constituição"; ele diz que, enquanto o governo Dilma insiste na homogeneização do consumo, a direita quer de volta a "desigualdade na distribuição de renda", defendendo o neoliberalismo; "Novamente, dois caminhos distintos se abrem para o Brasil. As fichas já estão na mesa, chegando a hora do conjunto da população se posicionar por qual país deseja viver e deixar para as próximas gerações" (Foto: Leonardo Lucena)


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Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual - Para o Brasil, as décadas de 1980 e 1990 foram as piores de todo o século 20, pois foram marcadas pela decadência econômica e social. Com o projeto nacional desenvolvimentista vigente entre os anos de 1930 e 1980 sendo interrompida pela equivocada política de ajuste exportador do último governo da ditadura militar (1964 - 1985), a trajetória brasileira foi a de regressão tanto da 8ª para a 13ª posição no ranking das economias mais ricas do mundo como da 13ª colocação para a 3ª na lista de países com maior desemprego global entre os anos de 1980 e 2000.

A incapacidade do governo Sarney (1985-1990) de retomar as linhas gerais da industrialização abriu caminho para o desastre da desindustrialização estabelecida com primazia pelo neoliberalismo dos governos Fernandos (Collor e Cardoso). Somente na década de 2000, com a ascensão dos governos liderados pelo PTismo que a economia brasileira conseguiu simultaneamente convergir – em pleno regime democrático – o crescimento econômico com a inclusão social.

Aproveitando-se de uma conjuntura econômica externa favorável, a nova correlação de forças políticas decorrente da vitória eleitoral de 2002 permitiu elevar consideravelmente o poder de compra dos salários e o nível do emprego, diminuindo a concentração de renda e expandindo o mercado interno. Inversamente à histórica trajetória pregressa, observou-se que a inclusão socioeconômica do segmento de baixa renda favoreceu decisivamente o sentido da homogeneização do padrão de consumo.

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Frente a isso, não demoraram a aparecer alguns sinais de mal-estar por parte da elite brasileira acostumada ao exclusivismo do seu padrão de consumo diferenciador de classe. Para agravar, a tradição do seu mimetismo fez crescer ainda mais inveja por conta do avanço das bases ideológicas do Tea Party estadunidense.

Acontece que desde o ano de 1999, com as tentativas de relançar a economia estadunidense com reformas inclusivas do governo Obama, expandiu, em resposta, uma ala mais liberal (Tea Party) do Partido Republicano, cuja ideologia é de extrema-direita e receituário econômico assentado em forte restrição fiscal. Guardada a devida proporção, os questionamentos ao programa econômico inclusivo dos governos PTistas por parte da oposição crescentemente de direita ganharam mais forte guarida com as opções de ampliação do papel do Estado frente à crise capitalista de dimensão global iniciada em 2008.

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A piora do cenário econômico externo concomitante com a transição da política econômica de demanda dos anos 2000 para a de oferta desde 2011 fragilizaram o potencial desenvolvimentista brasileiro. Com a nova derrota eleitoral imposta em 2014, parte da oposição não aceitou o resultado, abandonando a posição de adversária política para a de inimiga de classe.

Em síntese, a mudança da situação de parceira no certame eleitoral para a de guerra voltada à eliminação do Partido dos Trabalhadores. Para isso, passou a valer qualquer tipo de meio, inclusive abandonar as regras estabelecidas consensualmente pela Constituição Federal de 1988.

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Enquanto o governo da presidente Dilma insiste no programa de relançamento da economia, cujo caminho é o de seguir na homogeneização do padrão de consumo, setores impulsionadores do descarte do PT defendem sorrateiramente o inverso. Isto é, o rebaixamento das condições socioeconômicas e políticas para que seja possível novamente a volta do padrão de desigualdade na distribuição de renda. Por isso, a ênfase no retorno do programa neoliberal, com a privatização da Petrobras, a adoção da terceirização no mercado de trabalho e a redução dos direitos sociais e trabalhistas inscritos na Constituição Federal de 1988.

Novamente, dois caminhos distintos se abrem para o Brasil. As fichas já estão na mesa, chegando a hora do conjunto da população se posicionar por qual país deseja viver e deixar para as próximas gerações.

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*Marcio Pochmann é professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Unicamp

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