Modelo de voto de Barbosa fragiliza réus

Joaquim Barbosa foi esperrrto: vai de item por item, “como apresentado na denúncia”, mas subverte a ordem dos réus; Esquema João Paulo Cunha-Marcos Valério nada tem a ver com Dirceu, mas lógica de “núcleo” imputa-lhe responsabilidade



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Tenho acompanhado pela tevê, para cobrir para o 247, o julgamento da Ação Penal 470. O ministro Joaquim Barbosa foi esperto, para não dizer que driblou o Supremo. Ele disse que daria seu voto "item por item, tal qual foi apresentado na denúncia". Meia verdade. Ele lê sim seu voto item por item, mas na ordem que lhe convém, não na ordem apresentada pela denúncia. Deixar José Dirceu por último, mas lendo seu voto item por item e ao mesmo tempo subvertendo completamente a ordem do procurador – José Dirceu, ali, era o primeirão --, vai fazer com que apareça um monte de fatos com provas – como esse de João Paulo Cunha e Marcos Valério – e a acusação que não tem prova – a sobre José Dirceu, cuja ausência probatória, para usar uma palavra do mundo jurídico, acredito ser um dos poucos consensos no imbroglio todo – vai atrair para ele, José Dirceu, um monte de provas que não tem nada a ver com ele. Beleza, caso você não seja o José Dirceu.

O que é que tem a ver o esquema montado entre João Paulo Cunha e Marcos Valério com o tal 'mensalão'? Tratava-se ali de arrumar pagamento mensal para deputados votarem com o governo? Vamos contar piadas outra hora, em outro lugar. O esquema era para os dois ganharem. Ponto. Na verdade, esse caso nem deveria estar dentro desta ação. Só é compreensível a inclusão do ponto de vista político.

E o que é que José Dirceu tem a ver com o esquema de João Paulo Cunha e Marcos Valério? Em que momento ele aparece? Não tem nada a ver, não aparece em momento nenhum. Mas o procurador e o ministro Barbosa falam já em "núcleo publicitário". Como José Dirceu já foi classificado como "chefe", vai acabar colando nele, porque a lógica de "núcleo" cola nele. Essa lógica servirá para mostrar, lá no final, que o que esse Marcos Valério fazia tinha tudo a ver com o José Dirceu. No concluio com João Paulo Cunha, não tem a ver com José Dirceu.

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Esse Joaquinzão Barbosa é bom. Taí pela sua história de vida e currículo. Nesse caso, já começou trazendo o Supremo para o seu lado.

O ministro Ricardo Lewandowski captou a manobra esperrrrta de Barbosa logo no primeiro segundo, porque produziu seu voto "réu por réu", como é mais lógico e parece ser bem mais isento. Ele acertou em dizer que Barbosa estava reproduzinho a lógica do procurador. Mas quando o ministro Marco Aurélio entrou mais para confundir do que explicar, rachando o que parecia ser, até ali, uma aliança com Lewandowski, e com o presidente Ayres Britto colocando em votação tão rapidamente uma questão tão importante, o que ficou foi um desvio de curso inesperado, em tudo prejudicial a quem esperava ser julgado, enfim, "tal qual a denúncia', ou seja, em primeiro lugar: José Dirceu.

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Os advogados dele deveria reclamar, mas para quem? Quando o processo não foi desmembrado, a possibilidade de recurso dançou, não é isso?

A sentença de Zé Dirceu começou a ser escrita quando o ministro Barbosa venceu a disputa do "item por item" versus "réu a réu" contra o ministro Lewandowski.

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