O fim do serrismo

Ele é rejeitado por quase metade dos paulistanos porque representa apenas um projeto pessoal de poder



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Uma longa estrada, de 50 anos de política, está chegando ao fim. Da presidência da União Estadual dos Estudantes, em São Paulo, no ano de 1962, à candidatura a prefeito da capital, agora, José Serra teve todas as chances que buscou na política – e aproveitou quase todas elas. Falhou nas duas tentativas de atingir a Presidência da República, e sem dúvida não terá a terceira. De tanto perseguir sua ambição, Serra atrapalhou-se em encruzilhadas determinantes para o seu caminho. A escolha mais errada, vê-se, neste momento, por meio dos seus 46% de rejeição no eleitorado paulistano, foi ter usado a mesma Prefeitura de São Paulo como trampolim para chegar ao governo do Estado e, daí, de novo à Presidência. Passada em cartório, a promessa de cumprir inteiramente o mandato de prefeito foi rasgada e, em picadinhos, jogada no lixo.

Igualmente não contribuiu para uma melhor sorte o fato de Serra jamais ter deixado claro aos que nele acreditaram qual é, efetivamente, seu pensamento sobre os grandes temas municipais, estaduais e nacionais. Corre na internet, com milhares de cliques, um vídeo com as muitas contradições em seu discurso ao longo da carreira. Serra é privatista ou estatizante? Um economista da escola ortodoxa, como Delfim, ou da linha heterodoxa, tal qual Conceição? Nacionalista ou globalizante? Ou será que representa apenas sua própria vontade de poder?

Ao longo de sua carreira, feita, é certo, na democracia, Serra sempre atuou conforme suas próprias regras. Recusou-se, mais de uma vez, a responder a perguntas pertinentes, desdenhou, perseguiu e massacrou adversários, desqualificou argumentos contrários aos seus. No país da cordialidade, fez da imposição a sua marca política. Dentro do próprio PSDB que ajudou a fundar, agiu com a arrogância dos sábios de ego inflado diante de suas bases. E, nas últimas eleições que disputou, adotou campanhas negativas, preferindo atacar a oferecer esperança. Na mais recente deselegância, disse que Dilma Rousseff não deve "meter o bico" em São Paulo – cidade que, segundo ele afirma, ela "mal conhece".

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Tudo isso, neste momento, está sendo cobrado pelo público, de uma só vez, de Serra. O rei está cercado na iminência de tomar um xeque-mate. Ao perder, como já se desenha pelas pesquisas de opinião, a disputa pela prefeitura, Serra estará fora do tabuleiro que ele quase chegou a dominar. Quase. Perderá sozinho, assim como agiu ao longo de seu meio século de política. Em 1986, quando ele se elegeu, com mais de 200 mil votos, deputado federal por São Paulo, resgatando a carreira que a ditadura militar lhe cassara, o fez passando por cima dos grandes caciques distritais do PMDB em São Paulo. De todos, para ter os seus, tirou votos. O que se dizia, entre os prejudicados, então, era: quando Serra cair, muitos terão muitos motivos para passar por cima dele sem nenhum dó. Essa hora chegou.

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