O paradoxo da reta final

A iminente condenação de figuras emblemáticas do PT ocorre no mesmo momento em que candidatos do partido crescem nas pesquisas eleitorais



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O desabafo do ministro Celso de Mello, na sessão desta última segunda-feira no Supremo Tribunal Federal, praticamente selou o destino do núcleo político da Ação Penal 470. "O Estado brasileiro não tolera o poder que corrompe", afirmou. A frase tem como destinatários José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, José Genoino, ex-presidente do PT, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, que começam a ser julgados nas próximas horas. Se praticamente todos aqueles que foram acusados de corrupção passiva foram condenados, o mesmo deve acontecer com os supostos corruptores ativos.

Portanto, três figuras que tiveram papel central na construção do projeto de poder do PT hoje contam as horas para uma sentença que, ao que tudo indica, será condenatória. Sem eles, o ex-presidente Lula dificilmente teria sido eleito em 2002. Como se sabe, o que hoje é chamado de mensalão nasceu da decisão do PT de construir alianças com partidos conservadores, como o PR (ex-PL), antes refratários ao partido. Esta aliança, especificamente, custou R$ 10 milhões e deu a Lula o vice-presidente José Alencar.

A política de cooptação de aliados, que existia antes do PT e continua existindo em todas as assembleias estaduais e municipais do País, está sendo julgada e condenada pelo STF. Significa a criminalização do PT? Ou do projeto de poder representado pelo partido? Aparentemente, não. É isso que se depreende das mais recentes pesquisas eleitorais, que apontam o crescimento de candidatos da sigla em várias metrópoles.

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Tido como "partido de chegada", o PT sempre cresceu nos momentos decisivos, mas não se imaginava que isso pudesse ocorrer num contexto tão adverso como o atual, que coincide com o julgamento do mensalão. Em São Paulo, Fernando Haddad está em empate técnico com José Serra. Em Belo Horizonte, crescem as chances de segundo turno entre Patrus Ananias e Marcio Lacerda. Em Salvador, Nelson Pelegrino ultrapassou ACM Neto. E, em Fortaleza, Elmano de Freitas também disparou e está em primeiro lugar.

Há um paradoxo nisso tudo? Segundo Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, não há nada de anormal. Segundo ele, o eleitor "não está nem aí" para o julgamento do mensalão. Quer apenas o que ele chama de "melhor síndico" para a sua cidade.

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A resposta efetiva virá apenas no dia 7 de outubro, quando as urnas forem abertas. Mas, ao que tudo indica, o mensalão manchou a imagem do PT, sem, contudo, feri-lo de morte.

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