Quanto vale a vida de Marcos 'X9' Valério?
Prestes a cumprir penas que somam 40 anos em regime fechado impostas pelo STF, Marcos Valério vai expor sua fama de X9, aquele que delata diante das autoridades, nas cadeias brasileiras; ele procurou o Estado, na forma da Procuradoria Geral da República, para obter segurança; vazou; agora o mesmo Estado, no setor penitenciário, terá condições de preservar sua integridade?
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247 – O publicitário Marcos Valério virou um homem marcado. O vazamento do depoimento que ele concedeu à procuradora da República Claudia Sampaio, mesmo que venha a ser provado como falso, tem a assinatura de um delator. À altura em que ficava clara sua condenação por crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e peculato, que agora se traduziu em penas somadas de 40 anos em regime fechado, Valério procurou, no mês de setembro, o Estado para se proteger. Incluiu no seu rol de denúncias o ex-presidente Lula, alguns de seus colaboradores e, em meio aos disparos, afirmou ter sido ameaçado de morte pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.
Se foi por medo de morrer que o publicitário resolveu contar uma nova versão, revista e ampliada, de sua delação anterior sobre esquemas de corrupção no primeiro escalão do governo Lula, será que ele não atentou contra seus próprios interesses?
Com a pena mais pesada entre todos os réus da Ação Penal 470, Valério poderá ser levado já no início do próximo ano para uma cadeia do Estado de Minas Gerais. Na classificação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, os cárceres estaduais são "medievais" e seria preferível, para ele, o suícidio a enfrentar uma pena naquelas instalações.
As cadeias brasileiras igualmente são consideradas faculdades do crime, nas quais prevalece o código de conduta dos bandidos. Os delatores, ali, são apelidados de X9, nos casos em que colaboram com as autoridades. A eles são dadas as piores sentenças nos tribunais do crime que se multiplicam por celas, alas e penitenciárias inteiras, interligadas pela permanente comunicação entre os presos.
Olhando-se pelo ângulo da realidade nua e crua, no qual se vê o publicitário trocar suas roupas civis pelos uniformes cáquis das cadeias e passar a viver entre os bandidos, a situação pessoal de Marcos Valério parece a mais delicada e perigosa entre a de todos os condenados pela AP 470. Caso não alcance, como pareceu ser sua intenção com o depoimento à PGR, os benefícios da delação premiada, ele poderá nunca mais dormir transquilo pelos próximos anos.
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