O PMDB mostra suas garras

Eleição acachapante de Renan Calheiros no Senado e favoritismo de Eduardo Alves, na Câmara, a ser confirmado na segunda-feira 4, mudam quadro da sucessão presidencial; aliados do governo, PSB e PDT saem ressentidos de derrota por 38 votos de diferença; fortalecido, PMDB põe pressão sobre a presidente Dilma; tremor na base governista beneficia, sim, a ele mesmo: Lula

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Marco Damiani _247 – O PMDB será, daqui por diante, o aliado mais adversário que o governo da presidente Dilma Rousseff poderia ter arrumado. O trio formado por Renan Calheiros, eleito no início da tarde desta sexta-feira 1 presidente do Senado, Henrique Alves, que disputa na segunda 4 a presidência da Câmara na condição de franco favorito, e Eduardo Cunha, o deputado federal fluminense que deve ser eleito, no dia seguinte, líder da legenda, compõe uma tropa de elite atenta a grandes negócios, com ampla ascendência sobre cargos públicos e vasta experiência na atividade parlamentar. São o que o PMDB, do ponto de vista dos interesses do partido, tem de melhor. A eles se soma, com estilo mais discreto, mas igualmente eficiente, o vice-presidente Michel Temer, que já teria recebido garantias da própria Dilma de que estará ao lado dela na chapa presidencial.

Como a presidente não sairá arranhada diante de tantas garras?

É somente do ponto de vista da disputa eleitoral de 2014 que se pode compreender o afinco com o que o Palácio do Planalto e o PT trabalharam para eleger Renan e estão empenhados em dar a vitória a Alves. Os petistas deram no Senado uma prova de reconhecimento da ampla estrutura nacional do PMDB e passaram recibo de que contam com ela para vencer a disputa em primeiro turno. Até lá, a legenda terá em Renan, sempre, um presidente disposto a enfrentar cada ato do Supremo Tribunal Federal que considere ingerência sobre os assuntos da Casa. Por osmose, Alves deve adotar o mesmo discurso em defesa de um parlamento que não cede a outro poder, no caso, o Judiciário. O mesmo enrijecimento irá acontecer, como efeito colateral, frente ao Executivo. "A derrubada de um veto não é nenhum fim do mundo", proferiu Renan em seu discurso de posse. Recado mais direto para Dilma, a única pessoa no País com poderes para barrar uma decisão do Congresso, impossível.

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Para o PT que gostaria de ver o Supremo coberto de protestos pelas decisões na Ação Penal 470, Renan e Alves cumprirão, jogando lenha na crise, sempre que instalada, um papel sem dúvida estratégico. O próprio Renan, afinal, deverá ser julgado pelo STF, a partir de denúncia feita pelo procurador geral da República Roberto Gurgel. Na prática, os togados da Praça dos Três Poderes são seus maiores adversários, como foram do PT no ano passado.

CUNHA: DOIS ANOS POR QUATRO - Para a liderança do PMDB na Câmara, o deputado fluminense Eduardo Cunha desponta como favorito. Será outra fonte de espinhos para a presidente. Ele tem feito sua campanha dando o recado de que pretende realizar, para os correligionários do partido, uma gestão "de dois anos por quatro". Isso quer dizer recuperar, nos próximos 24 meses, todo o terreno perdido, em termos de indicações para cargos e obtenção de benesses orçamentárias, nos últimos 24 meses. Dois anos de liderança que valeria, pelos resultados, por todos os quatro do mandato de Dilma. No primeiro período legislativo, o governo conseguiu ser firme o suficiente para barrar muitas solicitações do PMDB. A ponto de o partido ter montado suas bases na área de influência restrita ao vice Michel Temer. A partir de agora, no entanto, a provável eleição de Cunha para a liderança, conhecido como poderoso homem de bastidores, tem tudo para ampliar esse raio de atuação. Os pedidos, de acordo com a tese do candidato, serão multiplicados por dois.

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O resultado das eleições no Senado e na Câmara deve provocar uma profunda mudança de cenário para a eleição de 2014. Excluído dessa grande articulação entre PT e PMDB, o PSB do governador Eduardo Campos agrupou-se à oposição ao governo, feita desde a primeira hora pelo PSDB, o DEM e o PPS, além de, à esquerda, o PSOL. Essas legendas formaram o bloco derrotado representado pela candidatura do senador Pedro Taques (PDT-MT). PDT e PSB não sairão da acachapante derrota de 38 votos de diferença (56 para Renan e 18 para Taques) sem ressentimentos. Os sensores do Planalto acusam a iminência de um forte tremor na base governista.

Caso considere que, a partir de agora, com o PMDB super fortalecido, irá faltar oxigênio para se manter na base governista, o PSB pode, finalmente, dar um bye bye para a aliança com Dilma.

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LULA SERÁ BENEFICIÁRIO - Quem já trabalha contra essa perigosa alternativa para o governo e os plantos do PT para 2014 de vencer as eleições presidenciais em primeiro turno é o ex-presidente Lula. Reaproximar o governador Campos da área govenista é a maior de suas preocupações políticas atuais. Mas como poderá fazer isso se a chapa já estaria fechada com Dilma e Temer, sustentada por Renan, Alves e Cunha? Assistindo aos desgastes que a presidente irá sofrer na relação com o PMDB de apetite aberto, redirecionando paulatinamente as alianças prioritárias do PT e, finalmente, sendo ele próprio o elemento a dar liga para uma nova composição de forças que exclua o PSDB à espreita de um grande erro governista para ter chances de voltar ao poder.

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