Afeição de Serra pela sombra ronda caso Chalita

Não é a primeira vez que o nome de José Serra é envolvido no estouro de uma bomba política; "Procurei, sim, o PSDB", disse ao 247 o analista de sistemas Ricardo Grobman, admitindo que durante as eleições municipais de 2012 foi ao comitê serrista para denunciar o concorrente Gabriel Chalita, do PMDB; em 2002, o vazamento de uma foto com uma mala com R$ 1,3 milhões de reais, numa empreiteira que apoiava financeiramente a então candidata presidencial Roseana Sarney, a fez desistir da disputa; entrega do material à mídia entrou para a história como tendo sido feita sob inspiração do então adversário Serra; coincidência ou método?

Afeição de Serra pela sombra ronda caso Chalita
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247 – No País do eu não sabia, o então candidato a presidente José Serra, em 2002, já precisou pronunciar, ao menos uma vez, a frase milagrosa contra muitos males da atividade política. Diretamente pela então adversária Roseana Sarney, que concorria pelo PFL, Serra foi apontado como o inspirador da operação da Polícia Federal que findou por descobrir uma mala com R$ 1,3 milhão no escritório da empreiteira Lunus, em São Luís. A empresa era uma das financiadoras da campanha de Roseana. A jogada de mestre do tucano teria sido, como aponta a imprensa da época (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/como-serra-armou-o-caso-lunus), articular rápida e eficazmente o vazamento da foto da fortuna em papel moeda para a mídia.

Cercada pela PF e a imprensa, humilhada pelo flagrante estampado nas primeiras páginas, Roseana desistiu da disputa e Serra rumou para o segundo turno. Hoje, ela governa o Maranhão. Sem mandato e tendo de acabado de sair da casa que vivia com a mulher Mônica para ocupar um imóvel emprestado por um amigo, ele, muito ao seu próprio feitio, está na sombra.

Nesta semana, outra bomba política de grandes proporções estourou, desta feita em São Paulo, tendo Serra outra vez como possível sujeito oculto de seu estopim. O artefato foi detonado sobre o colo do seu ex-concorrente direto na eleição municipal de 2012, Gabriel Chalita, do PMDB. "Procurei, sim,o PSDB", admitiu ao 247, sem subterfúgios, o ex-assessor e amigo íntimo de Chalita Ricardo Grobman. Ele é, até agora, o único denunciante de cobranças de propina, por Chalita, em seus tempos de secretário da Educação do governo Geraldo Alckmin, entre 2003 e 2007, que teriam rendido uma verdeira montanha de dinheiro: R$ 50 milhões. Sob atenção direta do então assessor de imprensa da campanha de Serra, jornalista Ivo Patarra, profissional que antes de trabalhar com os tucanos fora assessor de imprensa da então prefeita petista Luiza Erundina e autor do livro-denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva O Chefe, Grobman foi levado a fazer quatro depoimentos judiciais contra Chalita. A explosão, porém, teve efeito retardado.

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Na eleição municipal, o então concorrente do PMDB nunca teve chances reais de atrapalhar a campanha de Serra, que chegou, como queria, ao segundo turno. Mas até a publicação do escândalo, aninhado por mais de um ano e meio entre os tucanos do antigo comitê serrista e guardado nos escaninhos da Justiça paulista, Chalita já se consolidava como adversário do PSDB nas próximas eleições para o governo de São Paulo. A simples publicação das denúncias, contudo, abateram suas chances, ainda que Chalita tenha recebido, na primeira hora, a solidariedade do tucano Alckmin. Chamuscado da cabeça aos pés pelo estouro, a avaliação generalizada é a de que a vida política do deputado federal Gabriel Chalita, tal qual se desenvolvia até aqui, acabou. A não ser, é claro, que tudo não passe de uma fraude contra ele.

Mesmo com um assessor direto de seu comitê eleitoral no centro dos fatos – Patarra, afinal, ouviu as denúncias de Grobman nos bastidores da campanha, recebeu e atendeu a ordens superiores para amparar o denunciante pelos salões da Justiça --, Serra ainda evita se pronunciar sobre o caso.

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Ele pode usar o artíficio já conhecido do eu não sabia, mas, assim, irá desgastá-lo ainda mais. Quadro que foi braço direito de uma prefeita para a área de comunicação, Patarra passou longe de desempenhar apenas funções burocráticas na campanha de Serra. Com seu livro O Chefe, ele ganhou pontos com os tucanos mais emplumados, interessados no contrato tanto de sua experiência no governo municipal petista como em sua gana de vencer os antigos chefes, com os quais rompeu. No comitê de Serra, Patarra era figura graduada, com crachá para despachar diretamente com o candidato e seu marqueiteiro Luiz Gonzales. Seria ingênuo supor que essa dupla, além de outras pessoas mais próximas, não soubesse da manipulação, por Patarra, da bomba em fabricação.

Como na campanha presidencial de 2002, agora, quando sair das sombras e, em algum compromisso à luz do dia, for cercado pelos repórteres sobre sua ciência ou não do ataque contra Chalita, Serra poderá se sair de novo com a tirada daquele tempo: não sabia de nada. Ou que soube pelos jornais. Poder-se-á, pela segunda vez, acreditar nele. Ou, pela coincidência, desconfiar que há algum método de eliminação de adversários que, nas cenas gris dos conversas reservadas, Serra domina melhor do que ninguém.

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