A origem de toda corrupção

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Esta terça será decisiva para o futuro da democracia brasileira. Hoje, o Congresso começa a analisar a proposta de reforma política do deputado Henrique Fontana (PR/RS), cujo pilar central é o financiamento público de campanha. Se houver entendimento, é possível que o texto vá a votação ainda nesta semana. O tema é delicado porque as eleições brasileiras movimentam uma máquina de interesses poderosos, que, em muitos casos, ajuda a enriquecer deputados, senadores e líderes de partidos. 

Como as eleições são cada vez mais caras, os políticos dependem dos empresários, que, por sua vez, dependem dos políticos, o que faz com que o sistema produtivo brasileiro se pareça cada vez mais com um capitalismo de Estado e menos com uma economia de mercado propriamente dita. Nessa simbiose, uns ajudam aos outros. Trocam favores pagos pela Viúva, que, como resultado prático, tornam o Brasil mais corrupto do ponto de vista político e menos competitivo do ponto de vista econômico. Na prática, portanto, o financiamento já é público.

O argumento central dos que se opõem à reforma de Henrique Fontana é o de que o financiamento privado continuará existindo, por debaixo dos panos. A resposta deve vir em duas frentes: de um lado, tolerância zero com os desvios de conduta; de outro, deve-se também baratear o custo das campanhas políticas. Tome-se o caso, por exemplo, da denúncia apresentada dias atrás contra o ex-presidente Lula. Trata-se de uma acusação de financiamento privado de campanha, da Portugal Telecom, para pagar despesas, que numa democracia mais funcional, seriam desnecessárias. Os beneficiários dos R$ 7 milhões supostamente arrecadados seriam a dupla Zezé di Camargo & Luciano e o marqueteiro Nizan Guanaes. Sendo verdadeira ou não a denúncia, por que a democracia brasileira necessita de shows pirotécnicos e de vendedores de sabonete embalando políticos?

A reforma é tão importante que, ontem mesmo, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) entregaram ao presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, um manifesto contra o financiamento privado de campanha. “O que está acontecendo hoje é que nós temos campanhas financiadas com base na troca por contratos públicos posteriores. Isso tem que acabar”, disse o diretor do MCCE, Marlon Reis. Enquanto não acabar, todos os políticos, sem exceção, serão criminosos. E o resultado final será a desmoralização da própria democracia.

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