Queda do minério derruba lucro da Vale

Resultado de R$ 3,3 bilhões no último trimestre caiu 57% em relação ao mesmo período do ano passado; projetos de investimento mais caros estão sendo suspensos

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Por Sabrina Lorenzi e Roberto Samora

RIO DE JANEIRO, 24 (Reuters) - A lucro da Vale despencou 57,8 por cento no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, para 3,328 bilhões de reais, por conta da expressiva queda nos preços do minério de ferro, seu principal produto, e uma pequena redução nas vendas.

Ante este cenário mais desafiador, a empresa decidiu suspender alguns projetos e estima que os investimentos em capital serão menores nos próximos anos.

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Na moeda norte-americana, o lucro líquido da maior produtora de minério de ferro do mundo somou 1,669 bilhão de dólares, abaixo do que esperavam analistas. A média de projeções de 19 especialistas consultados pela Reuters apontou lucro de 1,916 bilhão de dólares.

O lucro operacional, medido pelo EBIT (lucro antes de juros e impostos), ficou em 5,4 bilhões de reais, uma queda de 60 por cento em relação ao mesmo período do ano passado.

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Já a receita operacional, de 22,2 bilhões de reais, ficou 18,8 por cento abaixo do alcançado um ano antes.

"A Vale teve um desempenho financeiro no terceiro trimestre que refletiu os desafios decorrentes da volatilidade dos preços em queda, que ocorre devido à desaceleração do crescimento econômico global, combinando os efeitos da demanda menor por minérios e metais com expectativas negativas", afirmou a mineradora nesta quarta-feira em relatório com resultados.

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Os preços do minério de ferro recuaram fortemente em agosto, mas se recuperaram um pouco ao longo de setembro, após uma mínima de cerca de três anos. Mesmo assim, o valor médio do produto vendido pela Vale no terceiro trimestre foi de 83,69 dólares por tonelada, cerca de 45 por cento inferior ao preço de 151,26 dólares por tonelada no mesmo período do ano passado.

Em relação ao segundo trimestre, quando o preço realizado do minério ficou em 103,29 dólares por tonelada, o lucro líquido da Vale caiu 37,4 por cento.

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A Vale afirmou que em termos de preço teve um desempenho melhor que o mercado no período ante o segundo trimestre.

"O preço do minério de ferro, nosso principal produto, sofreu uma queda de 29 dólares, enquanto o preço de realização da Vale sofreu uma queda de pouco menos de 20 dólares (ante o segundo trimestre), o que significa que relativamente ao mercado os preços da Vale melhoraram pelas estratégias que adotamos", afirmou diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, em vídeo divulgado pela companhia.

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O volume vendido de minério de ferro no terceiro trimestre caiu 1,2 por cento, para 66,2 milhões de toneladas, ante 67 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado. As vendas ficaram bem abaixo da produção.

A produção de minério de ferro da Vale atingiu 83,92 milhões de toneladas no terceiro trimestre deste ano, uma queda de 4,5 por cento em relação ao recorde alcançado no mesmo período do ano passado, quando a China turbinava a demanda pelo produto.

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PROVISÃO PARA ROYALTIES

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da maior produtora de minério do mundo foi de 7,58 bilhões de reais, cerca de metade do que foi alcançado um ano antes. Este item foi impactado pela provisão de pagamento de royalties da mineração em uma longa disputa travada com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

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"Nosso Ebitda foi de 3,7 bilhões de dólares. Teria sido de 4,3 bilhões de dólares não fosse por uma provisão feita para uma provável perda relativa à Cfem. Nesse sentido, a queda do Ebitda em relação ao trimestre anterior, ajustado pelos itens não recorrentes, foi de aproximadamente 1,2 bilhão de dólares, o que é exatamente a queda de receita no mesmo período", explicou Siani.

"Portanto, do ponto de vista operacional, não houve surpresas, a queda de preços se transferiu integralmente para a queda do Ebitda."

ADIA PROJETOS

Como consequência da piora do cenário econômico e de seus resultados, a mineradora tem adiado projetos, cortado custos e deve divulgar nas próximas semanas um plano investimentos mais enxuto do que o planejado anteriormente, assim como já informaram suas rivais BHP Billiton e Rio Tinto.

"Iremos concluir projetos em execução, enquanto despesas com pesquisa e desenvolvimento estão sendo reduzidas, o que produzirá um portfólio de projetos menor e mais seleto no futuro, com elevadas taxas de retorno esperadas e maior potencial para a criação de valor", disse a companhia em nota.

"Foram encerradas determinadas iniciativas de exploração mineral, casos onde os custos eram superiores aos retornos esperados ajustados pelo risco."

O balanço da Vale mostra que a mineradora colocou em revisão o escopo e o cronograma do projeto de minério de ferro Simandou, na Guiné, em meio a dificuldades com o governo local.

O projeto, com investimentos totais previstos em 1,2 bilhão de dólares, estaria em fase inicial de produção, segundo o relatório de investimentos anterior da Vale, referente ao segundo trimestre deste ano.

Anteriormente, a empresa já tinha divulgado a suspensão da produção de três de suas 10 pelotizadoras no Brasil e das operações de uma mina de níquel no Canadá.

"Desse modo, é bastante provável que 2012 represente o pico de nosso capex ao longo dos próximos anos", afirma a empresa.

Para o futuro, disse o diretor financeiro, é esperada uma "continuada adaptação da Vale a esse cenário mais desafiador, uma adaptação dos fluxos de caixa da empresa à nova realidade e uma recuperação do desempenho operacional de algumas das nossas principais operações".

No terceiro trimestre, os investimentos da mineradora, excluindo aquisições, atingiram 4,3 bilhões de dólares.

A empresa informou ainda que a nova mina em Carajás N5 Sul deve entrar em operação até o final deste ano e que obteve 52 licenças ambientais neste ano para atividades de logística e mineração.

(Com reportagem adicional de Jeb Blount)

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