O legado de Eike

Para mim, os problemas de Eike não são exclusivamente dele, são do Brasil. Estamos fora dos trilhos. Nenhuma obra grande dá certo aqui



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Li, com paciência, o longo e detalhado artigo do Everaldo Gonçalves, "Eike, o ouro de Midas gorou!", publicado aqui no 247. Seguramente, há ali informações verossímeis e importantes, que merecem consideração.

Contudo, da minha parte, dou outro enforque ao assunto. Em diversas oportunidades, defendi a postura de Eike em pensar grande, em querer mais, em almejar construir algo grandioso ao invés de puxadinhos.

Gostei dessa ideia, achei-a compatível com o Brasil, "gigante pela própria natureza", como afirma nosso hino nacional. Inclusive, a exemplo de muitos, paguei para ver. Pouco tempo depois do IPO da LLX, comprei algumas ações. Não posso dizer que fui infeliz com elas, ao contrário, deram-me algumas alegrias, o que não ocorreu com as ações da Petrobras, CEMIG, Vale, CSN, Usiminas e algumas outras "blue chips".

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Mas, ações são ações, negócios são negócios. A importância investida em ações normalmente é prostituta, volátil, não para quieta. É assim que se investe na bolsa segundo a grande maioria dos investidores (sei que Warren Buffett ficaria arrepiado ao ouvir isso).

Eike pode ter dado um passo maior para que a perna, pode ter sido traído pela megalomania e falta de experiência. Mas reduzir o assunto a isso quando nos referimos a negócios envolvendo bilhões de dólares, parece-me um erro grosseiro. A conta não fecha. A coisa não pode ser tão simples assim. Será que os parceiros de Eike são tão ingênuos a ponto de caírem num golpe desse tamanho?

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Todo negócio envolve riscos, especialmente novos negócios. De certo, ao exame dos projetos apresentados e considerado o preço dos propostas, os projetos do Grupo EBX passou pelo crivo de uma infinidade de pessoas esclarecidas: engenheiros, empresários, agentes do governo. O que pode ter dado errado então?

Para mim, os problemas de Eike não são exclusivamente dele, são do Brasil. Estamos, repito, fora dos trilhos. Nenhuma obra grande dá certo aqui. E isso não é porque os brasileiros não são capazes. Somos! Há copiosos exemplos espalhados pelo mundo. O problema pode estar na condução das políticas públicas, econômicas, industriais, sociais, educacionais, legislativas, infraestruturais, perpassando pela baixa moralidade que permeia muitos projetos públicos.

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O PAC gerou avanços mas muitos atropelos, a transposição do Rio São Francisco não vai pra frente, o Pré-Sal, ao invés de nos trazer alegrias e riquezas, até agora só gerou confusão, a Copa do Mundo mostrou que o Brasil precisa mesmo de um ponta-pé no traseiro (embora Valcke também precise pela arrogância e falta de respeito), Olimpíadas já parecem piadas...

Ainda bem que o Papa não é nosso (nada contra Dom Odilo, que me parece uma pessoa bastante competente).

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Pelo que vejo, temos uma sina, uma maldição. Só conseguimos implementar coisas pequenas. É por essas e outras que tenho saudade de Juscelino. Depois dele, minha esperança era o Eike.

Eike pode até ter cometido erros caso seus projetos não deem certo, mas, seguramente, de impávido ele não tem nada; característica que erroneamente Joaquim Osório atribuiu ao Brasil, cuja profecia de grandeza até hoje não se cumpriu.

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