"UPP é a face visível de uma polícia violenta"

Segundo o colunista Cid Benjamin, “o episódio com Eduardo não foi acidente de percurso; foi consequência previsível do procedimento da PM. Só se justifica usar armas de fogo em favelas quando isso for necessário para preservar vidas — de moradores ou de policiais. O mesmo vale para qualquer local de concentração de pessoas”; ele afirma que é compreensível a revolta dos moradores contra a política de segurança, mas afirma que o fim das UPPs pode levar ao retorno à política de confronto, o que seria um retrocesso

Segundo o colunista Cid Benjamin, “o episódio com Eduardo não foi acidente de percurso; foi consequência previsível do procedimento da PM. Só se justifica usar armas de fogo em favelas quando isso for necessário para preservar vidas — de moradores ou de policiais. O mesmo vale para qualquer local de concentração de pessoas”; ele afirma que é compreensível a revolta dos moradores contra a política de segurança, mas afirma que o fim das UPPs pode levar ao retorno à política de confronto, o que seria um retrocesso
Segundo o colunista Cid Benjamin, “o episódio com Eduardo não foi acidente de percurso; foi consequência previsível do procedimento da PM. Só se justifica usar armas de fogo em favelas quando isso for necessário para preservar vidas — de moradores ou de policiais. O mesmo vale para qualquer local de concentração de pessoas”; ele afirma que é compreensível a revolta dos moradores contra a política de segurança, mas afirma que o fim das UPPs pode levar ao retorno à política de confronto, o que seria um retrocesso (Foto: Roberta Namour)


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247 – O colunista Cid Benjamin afirma que o modelo de UPPs deve ser revisto. Segundo ele, “o episódio com Eduardo não foi acidente de percurso; foi consequência previsível do procedimento da PM. Só se justifica usar armas de fogo em favelas quando isso for necessário para preservar vidas — de moradores ou de policiais. O mesmo vale para qualquer local de concentração de pessoas”. Ele afirma que é compreensível a revolta dos moradores contra a política de segurança, mas afirma que o fim das UPPs pode levar ao retorno à política de confronto, o que seria um retrocesso. Leia o artigo de Bejamin sobre o assunto:

UPPs, hora da verdade

Morte de Eduardo não foi acidente de percurso; foi consequência previsível do procedimento da PM

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Estive no Complexo do Alemão Sábado de Aleluia na manifestação de protesto contra a morte do menino Eduardo, de 10 anos, que estava na porta de casa e levou um tiro na cabeça, disparado por um PM. A revolta contra a polícia era generalizada. E compreensível.

Não é razoável que policiais troquem tiros com bandidos numa favela. A possibilidade de inocentes morrerem é enorme. Não por acaso tem havido Eduardos a cada semana.

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As armas dos policiais envolvidos iriam a perícia, mas eles recolheram cápsulas e projéteis, impedindo o exame. A medida permitiria saber quem matou Eduardo. No entanto, o mais importante é a mudança no procedimento da polícia.

Não importa se traficantes dispararam primeiro ou se poderiam fugir. É preferível isso à morte de um inocente. E, que fique claro: o episódio com Eduardo não foi acidente de percurso; foi consequência previsível do procedimento da PM. Só se justifica usar armas de fogo em favelas quando isso for necessário para preservar vidas — de moradores ou de policiais. O mesmo vale para qualquer local de concentração de pessoas.

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Quando surgiram, as UPPS pareciam trazer uma inflexão na política de segurança nas favelas. Em vez de incursões esporádicas e violentas, abrindo caminho a ferro, fogo e cadáveres, o novo modelo iria na direção do policiamento comunitário, com presença permanente do Estado, oferecendo segurança aos moradores e retomando território controlado por traficantes.

Mas desde o início houve erros: (1) a implantação das UPPs não foi precedida de diálogo com representantes dos moradores; (2) a decisão sobre onde seriam instaladas respondeu a interesses do turismo, e não aos reais problemas de segurança; (3) elas não foram acompanhadas da presença do Estado oferecendo serviços como saúde, educação, cultura e lazer; (4) seus comandantes tornaramse ditadores, tendo a última palavra sobre o que era ou não permitido nas favelas, ao arrepio da lei; (5) o efetivo policial era insuficiente para que o projeto se expandisse, indo além das primeiras comunidades contempladas etc.

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Entretanto, há um problema de fundo: uma polícia cidadã exige outra mentalidade de seus integrantes. Não se pode esperar comportamento civilizado de uma tropa do Bope que se exercita cantando “Soldado de preto/ Qual é tua missão?/ É entrar na favela/ E deixar corpo no chão”. Não à toa moradores se queixam da truculência de PMs de UPPs, contaminados pela cultura dominante na corporação.
No protesto, alguns moradores gritavam “Fora UPP”. É compreensível. Ela é a face visível de uma polícia violenta.

Mas o projeto de UPPs — como modelo de polícia comunitária — deve ser corrigido, não abandonado. A correção é difícil, porque exige também a transformação da polícia, que, para ser radical, implica a desmilitarização da PM.

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Porém, o fim das UPPs pode levar ao retorno à política de confronto, o que seria um retrocesso. Basta lembrar a última incursão policial no Complexo do Alemão antes de elas existirem, em junho de 2007.

Foram 19 mortos.

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