Em editorial irônico, JC questiona projeto de João para o Centro de Aracaju

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Sergipe 247 - O editorial do Jornal da Cidade desta sexta-feira (24), intitulado "Tudo resolvido", comenta a participação do prefeito João Alves Filho (DEM) no almoço da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Aracaju. O texto questiona a falta de projetos definidos para colocar em prática as promessas do prefeito eleito no ano passado. 

"Anteontem João voltou novamente à sede do CDL para um almoço que reuniu perto de 100 integrantes do comércio, a ouvir atentamente as novas promessas do prefeito. Ao terminar a fala do chefe do Executivo Municipal ficou a impressão que, se as promessas são mirabolantes, há inúmeros projetos carecendo ainda de... projetos. Quer dizer, está tudo ainda na fase do “vamos ver”", diz o editorial. 

Confira o artigo na íntegra:

Tudo resolvido

Decerto o prefeito João Alves Filho adora almoçar com os comerciantes, na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas. Ainda candidato almoçou por lá na companhia de dezenas de comerciantes por duas ou três vezes, fazendo inúmeras promessas que agora deveriam estar na pauta de execução. Alguns comerciantes queriam lhe fazer cobranças dessas promessas, mas faltou tempo: já era três horas da tarde e ele ainda não concluira a exposição sobre o que fazer em Aracaju.

Anteontem ele voltou novamente à sede do CDL para um almoço que reuniu perto de 100 integrantes do comércio, a ouvir atentamente as novas promessas do prefeito. Ao terminar a fala do chefe do Executivo Municipal ficou a impressão que, se as promessas são mirabolantes, há inúmeros projetos carecendo ainda de... projetos. Quer dizer, está tudo ainda na fase do “vamos ver”.

Mas João Alves, como já é craque em falar para público classificado, disse o que os comerciantes queriam mesmo ouvir. Serão dezenas de obras, umas mais grandiosas que as outras, para deixar a sensação de que a cidade cresce. Não houve ninguém da plateia que saísse decepcionado. Se as obras serão realizadas do jeito que foi exposta aí é outra história.

Ele anunciou a construção de um estacionamento ao longo das avenidas Rio Branco e Ivo do Prado, do Mercado Municipal até o Cotinguiba, na entrada da Avenida Augusto Maynard. Pedindo “permissão” ao Rio Sergipe – será que a Adema vai deixar? – será feita uma entrada, mas sem aterrar nenhuma parte do rio.

Durante o dia, segundo o prefeito, este estacionamento vai proporcionar inúmeras vagas para a parada de veículos, enquanto o comércio estiver aberto e funcionando. À noite, o estacionamento – que também comportará uma ciclovia e até espaço suficiente para a passagem de uma jardineira – vai se transformar em área de lazer, com quadras esportivas. Nos finais de semana, o espaço abrigará os vendedores de artesanato.

Disse João Alves que só está esperando “algumas licenças ambientais”, para que a licitação seja iniciada. Não falou em custo para esta obra. Dinheiro não deve ser problema, de fato. A prefeitura está montada na grana, é o que se conclui diante de tantos projetos mirabolantes. As jardineiras transportarão aqueles que estacionarem seus veículos num ponto mais distante do que o pretendido. Essas jardineiras, e os estacionamentos, serão a custo zero para os proprietários de veículos.

João não comentou nem ninguém perguntou a ele o que se fará para conservar a visão do Rio Sergipe que se tem hoje. Um comerciante chegou a comentar sobre o alto grau de poluição que é o estuário do rio hoje. Mas não questionou o prefeito a este respeito.

Quando começa a falar de seus projetos, João se entusiasma além da conta. Pois esta nova obra na chamada Rua da Frente não estaria indo de encontro à política instituída pela Adema de não autorizar nada que atropele ou atrapalhe a visão da natureza? É bem verdade que agora o município dispõe de uma Secretaria de Meio Ambiente. Será ela a liberar os devaneios do prefeito?

Além disso, o prefeito anunciou, entre dezenas de outras coisas, a construção de um edifício garagem na área dos mercados. Haveria espaço para abrir um camelódromo no que desde já conta com o apoio dos comerciantes. Qual o comerciante que não quer se ver livre desses vendedores ambulantes? Então o edifício garagem vem aí...

A fala de João soou como música para os homens do comércio.

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