A volta ao mundo sem tanto dinheiro assim

É possível. Basta saber escolher roteiros econômicos e pesquisar muito antes de viajar

A volta ao mundo sem tanto dinheiro assim
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247 - Nunca se gastou tanto em viagens para o exterior. Nos dez primeiros meses do ano, os brasileiros gastaram 18,5 bilhões de dólares em viagens para fora do país, segundo o Banco Central. Com o aumento da renda média do trabalhador, tem muita gente viajando e gastando cada vez mais lá fora. Mas isso não significa que seja preciso ter muito dinheiro para viajar. Quem estiver com a grana curta também pode sair para desbravar o mundo. Basta ter paciência de pesquisar tudo com antecedência e traçar o melhor planejamento.

O casal Henry Bugalho e Denise Nappi se tornou especialista em ensinar aos brasileiros a arte de viajar gastando pouco. Tudo começou quando eles criaram um blog para contar a rotina diária em Nova York. O sucesso foi tão grande que virou livro: o "Guia de Nova York para Mãos-de-Vaca", com dicas de passeios e atrações gratuitos ou muito baratos na Big Apple. Atualmente morando na Espanha, o casal de escritores mantém um site (maodevaca.com) com dicas que serão compartilhadas abaixo com os leitores do 247. Aproveite, porque viajar como um autêntico "mão de vaca" não é nenhum demérito, muito pelo contrário.

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Os escritores acreditam que quem quer gastar pouco em uma viagem deve seguir três passos fundamentais: pesquisar, não comprar pacotes de agências e fugir das armadilhas turísticas. "A internet é uma das maiores aliadas do viajante 'mão de vaca', onde ele pode pesquisar preços de museus, cardápios de restaurantes, valor de transporte público e muito mais. Sem pacotes turísticos, a pessoa tem a liberdade de selecionar suas rotas e hotéis mais em conta. A outra dica é básica: fuja dos lugares turísticos, porque tudo lá vai ser mais caro", explica Henry.

O segredo para gastar pouco, segundo os especialistas, é agir em qualquer lugar como se estivesse na própria cidade. "O viajante econômico é, acima de tudo, aquele que age no exterior da mesma maneira que age em casa, pesquisando preços e fugindo das furadas, mas este é um traquejo que frequentemente vem com o tempo, com tentativa e erro", afirma o escritor.

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Geralmente, o mais caro da viagem são as passagens e a hospedagem. E para encontrar os melhores preços é preciso pesquisar bastante. Existem vários sites indexadores de passagens aéreas e hotéis, que fazem simulações de preços com várias empresas e também apresentam descontos. Alguns exemplos: Decolar, Submarino Viagens, Melhores Destinos, Booking e Hostel World. Esses dois últimos são restritos a hospedagem.

Henry tem uma dica que tonará sua pesquisa mais fácil: "O valor dos gastos dependerá muito da época da viagem. Há uma grande oscilação no período de alta temporada, seja no verão do hemisfério norte ou durante os grandes feriados do fim de ano. Viajar na primavera ou no outono ajudará bastante a cortar estes gastos".

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Os passeios e a alimentação são as melhores partes para os que estão "apertados". Em várias cidades do mundo existem atrações culturais gratuitas tão boas ou melhores que as pagas. Sem falar nas opções de comidas na rua ou em restaurantes bons e baratos. Em Nova York, por exemplo, é possível asssitir de graça a um show de uma banda de jazz e depois comer uma bela comida mexicana por menos de 10 dólares por pessoa. E de quebra comer um cheeskake imperdível por cinco dólares.

Não é só em Nova York que se come bem com pouco. "Em Paris, comemos muitíssimo bem num restaurante marroquino por 4 euros para um prato super-caprichado. Em Roma, encontramos uma portinha no Gueto Judaico com uma das melhores massas que já provamos e que custou uns 5 euros. A dica é evitar os grandes restaurantes do esquemão turístico e procurar onde frequentam os moradores locais", afirma Henry.

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E quais seriam as melhores cidades para os "mãos de vaca"? Denise responde: "Nova York certamente é uma delas, pois possui várias atrações gratuitas. Em Madri também existem incontáveis atrações com desconto ou com dias e horários gratuitos. Cusco, no Peru, é muito barata, com atrações incríveis e custos tão baixos, que às vezes tínhamos pena de pechinchar. Você roda com um táxi por uma hora e o preço é ridículo. Em Buenos Aires, come-se bem e as passagens aéreas são baratas. Para compras, os destinos que deixam os brasileiros ensandecidos são Miami e Orlando".

Cuidados

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Alguns países exigem visto de entrada, reservas de hotéis para apresentar na imigração ou vacinas contra doenças específicas". "O viajante precisa saber dessas exigências antes de embarcar, para não acabar se enrolando na entrada no país", explica Denise. Outra exigência comum é um seguro saúde. Várias empresas brasileiras oferecem o serviço em seus seguros viagem, que cobrem gastos médicos e jurídicos, auxilia quem perde documentos  e indeniza quem tem bagagens  extraviadas.

Rosana Techima, diretora da CAIXA SEGUROS, alerta sobre a importância do produto: "É muito desagradável ser vítima de imprevistos durante uma viagem e não ter a quem recorrer. Com um seguro viagem, o cliente entra em contato com a seguradora e tem o acompanhamento e a solução do problema, sem ter trabalho algum ou perder tempo. Isso sem falar que ele terá a garantia de receber atendimento médico se precisar".

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Roteiros especiais

A pedido do 247, pessoas que moraram ou passaram muito tempo no exterior prepararam uma programação de um dia em quatro cidades. Em comum, os roteiros têm muita diversão e pouco dinheiro gasto. Acompanhe e anote as dicas para a sua próxima viagem.

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Roma

O produtor de audiovisual Gabriel Ferreira pode ser considerado um ícone para os "mãos de vaca" do mundo inteiro. Ele conseguiu a façanha de fazer uma viagem de três semanas pela Europa gastando cerca de 600 euros. "Eu estava estudando em Dublin e resolvi fazer a 'trip dos quebrados' com mais dois amigos. Fomos a Madri, Barcelona, Milão, Ibiza e Malta".

Por incrível que pareça, a parte mais barata da viagem foram as passagens aéreas. "A empresa Ryan Air tem uns preços inacreditáveis. Gastamos bem menos de 100 euros com todo o transporte da viagem", explica Gabriel, que para economizar raramente comeu em restaurantes e dormiu na praia em Malta e em um banheiro público em Ibiza. Apesar de ter gostado muito dessa viagem, Gabriel cita Roma como uma cidade ideal para quem quer curtir muito e gastar pouco. Veja o roteiro que ele preparou:

Gastar com café pra quê? "A minha dica para que está viajando com a grana contada é tomar um belo café da manhã onde estiver hospedado. Qualquer hostel vagabundo tem pelo menos um pão e uns cereais no café".

Programa de turista: "Geralmente, os maiores pontos turísticos são programas de índio. Em Roma, não. Eu adorava andar pela Piazza Spagna , pela Fontana di Trevi e pela Piazza Navona. É legal ficar passeando por essa região até o meio da tarde".

Almoço de rei. Ou melhor, de imperador: "Pra quem gosta de comer, como eu, Roma é o paraíso. As cantinas nas vielas da Piazza Navona são sensacionais. Por uns 10 euros, você come a melhor massa da sua vida e ainda toma uma taça de um vinho delicioso. De sobremesa, nada melhor que o bom gellato italiano".

Leblon Romano: "Fim da tarde a pedida é a Trastevere, uma espécie de Leblon de Roma, com vários bares e restaurantes. Dá pra ficar tomando cerveja e vinho e gastar uns 15 euros. Quando a fome bater, indico a pizzaria Nuevo Mondo. Nunca comi uma pizza igual. Depois é só voltar para os barzinhos e curtir a noite".

Madri

Nem a charmosa Paris, nem as cosmopolitas e multiculturais Londres e Nova York. A melhor cidade do mundo é Madri. Pelo menos para a advogada Jéssica Moura, que conhece quase todos os parques e museus da capital espanhola. "Fui a primeira vez a passeio e a segunda para estudar. Fiquei dois meses e me apaixonei pela cidade".

A advogada elege a beleza, a cultura e, principalmente, a segurança como as melhores características da cidade. "Dá para andar sozinha à noite, pegar metrô a qualquer hora do dia. Em que outra grande cidade dá para se sentir assim?". Como vida de estudante não é fácil, Jéssica garimpou bem os programas gratuitos que a capital oferece. Confira a programação dela para um dia:

Passeio na Puerta del Sol: "Este é o coração não só de Madri, mas de toda a Espanha. É lá que ficam as melhores lojas das marcas espanholas como Zara e H&M. Mesmo quem está fazendo uma viagem de 'mão de vaca' pode fazer umas comprinhas. Eu só comprava blusas na Zara por menos de três ou no máximo por cinco euros. As mesmas blusas que chegam ao Brasil meses depois e custando uma fortuna. Impulso das compras controlado, vale a pena continuar passeando pela Puerta del Sol e depois seguir para a Plaza Mayor. Tudo a pé. É muito bom ficar de bobeira na praça, descansando e apreciado a paisagem. Quem quiser ir à Catedral de la Almudena e ao Palácio real tem que andar mais, mas vale a pena".

Liquidação de "tapas" e cervejas: "Perto do Palácio Real, fica o restaurante 100 Montaditos, que oferece 100 tipos de 'tapas' (petiscos) e mais 100 de mini sanduíches. Todo dia é barato, mas na quarta-feira é inacreditável: tudo por um euro. Você pode comer bastante, beber cerveja e vinho e gastará uns 10 euros. Adoro o mini sanduíche de salmão com cream cheese. Para beber, a melhor pedida, principalmente no verão, é o 'tinto de verano', que é uma sangria bem refrescante".

Passeio cultural: "Pegue o metrô e vá até a estação Retiro. É lá que fica o famoso Parque do Retiro. Uma coisa legal é andar pela beira do lago, apreciando a paisagem. A entrada do Museu do Prado, que fica lá perto, é gratuita das 18h às 20h de segunda a sábado. Lá, estão expostas obras famosas de vários artistas. Os meus preferidos são os quadros do Velázquez e do Goya. Esse é meu museu preferido na cidade, apesar de o Reina Sofia ter obras de Picasso e Dalí".

Noite madrilenha: "Quem ainda tiver disposição pode voltar à Puerta del Sol e 'salir de marcha', como dizem os espanhóis. Eles geralmente saem andando de bar em bar. É comum as pessoas entregarem na rua panfletos que podem ser trocados por pequenos shots de bebida. De graça mesmo! Para terminar a noite, nada como comer churros. A churreria San Ginés é a melhor. Com cinco euros, vêm vários churros e o chocolate à parte. Não estranhe se o lugar estiver completamente lotado. Comer churros de madrugada é uma mania madrilenha".

Em Madri, é possível vinhos, cervejas e petiscos por 1 euro

Nova York

O paulistano Vitor Melo, de 23 anos, passou pelos menos metade da vida pulando de cidade em cidade. Ele já morou em vários estados do Brasil e dos Estados Unidos, além de passar temporadas na Europa. Há um ano e meio, decidiu dar uma pausa nessa jornada e se estabeleceu em Nova York, onde trabalha como barman. Apaixonado pela Big Apple, Vitor preparou um roteiro com as coisas que ele mais gosta de fazer em seus dias de folga, sempre gastando pouco. Confira:

Brunch no Harlen: "Uma maneira legal de começar o dia é indo pro Harlen comer um brunch. Gosto muito do restaurante Amy Ruth's. Eles servem vários tipos de waffles. O meu preferido é um com frango frito. Meio pesado, né? Mas é bom, acompanhado de um café com leite simples mesmo. Gasto entre 10 e 15 dólares nesse café da manhã que vale por almoço".

Caminhada pela cidade: "O mais bacana Nova York é poder caminhar bastante. Andar pelas ruas da cidade já é um programão. Um lugar bacana de dar uma volta é no High Line, que era uma antiga linha de trem. Eles fizeram um parque sensacional por cima, indo da Rua 12 às Rua 30. É como se tivesse um parte super legal no Minhocão, em São Paulo. E a melhor parte: é tudo de graça".

Roosevelt Island: "É uma pequena ilha entre Manhattan e Queens. Lá tem uma vista muito legal da cidade. É bem tranquilo. Nem parece que fica em Nova York. Para chegar lá, o meio de transporte mais prático é também o mais divertido: um bondinho. Lembra dele do filme do Homem Aranha?"

Lanche e happy hour: "ir para NY e não comer em uma deli é um erro grave. Minha preferida é a Katz, na Houston St, em Downtown. Eles servem um sanduíche de pastrami muito bom e bem servido. Quem gosta de doce não pode deixar de comer um cheesecake, um dos símbolos gastronômicos da cidade. Toda essa farra sai por uns 15 dólares. À noite, o legal é seguir para a Washington Square, onde ficam localizados dezenas de barzinhos. Até as 21h, quase todos fazem promoções. Dá pra tomar shots de tequila, rum e vodca por 1 dólar, ou uma jarra de cerveja por 3 dólares. O meu bar preferido lá é o Red Lion, que tem música ao vivo. Depois é legal ir pro Meatpacking District, onde tem vários rooftops, que são festas no topo de prédios altos. Não paga pra entrar, mas a bebida é cara. A dica que eu dou é que tomem só um drink e fiquem curtindo o visual".

Londres

A capital da Inglaterra é uma das cidades mais caras do mundo. Só uma pessoa que conheça todas as ruas e canais de Londres para conseguir gastar pouco. O empresário brasiliense Ricardo Dias conhece. Apegado à cidade, onde morou em três ocasiões, ele sempre dá um jeito de visitar sua antiga cidade, nem sempre com muito dinheiro. Aproveite as dicas desse quase londrino.

Hyde Park - "Adoro ir de manhã ao Hyde Park. Para quem não conhece, é um Central Park maior e mais interessante. Sempre vai ter alguma coisa legal lá para fazer. Dá para passar o dia todo lá. Depois de lá dá para ir a pé pro Tate Museum, que tem entrada gratuita. Programa imperdível".

Almoço na rua: "Quando a fome apertar, é só procurar uma barraquinha de kebab. Tem em qualquer esquina de Londres. Almoce em uma delas. São deliciosos. Quem preferir, pode comer fish and chips. Quem não está com muito dinheiro tem que se virar, mas apesar de não ter o glamour dos restaurantes, a comida de rua em Londres é muito boa. Por umas 5 libras você come bem".

Camden Town: "Não existe lugar nenhum no mundo como Camden Town, minha parte preferida de Londres. Lá é meio que o "reduto dos doidões" de Londres. Tem lojas de todos os tipos, bares, feiras e pessoas interessantes do mundo inteiro. Lá é um paraíso para que está com pouca grana. Sempre visito a loja Cyberdog, que é gigante e tem de tudo um pouco. Nem precisa comprar nada. A loja vale o passeio. Do lado dela, tem um bar cubano excelente. Bom para fazer um pit stop e tomar uma pint e comer alguma coisa".

Camden Town 2: "Quem gosta de festa e curtição, o melhor é permanecer em Camden Town. As festas e boates de Londres são excelentes, mas caríssimas. Em Camden Town dá para gastar pouco. Eu gosto de passar nas barraquinhas de comida, comprar alguma coisa e comer na beira dos canais, sentado nos bancos. Tem comida de todo lugar do mundo. Até coxinha de galinha dá pra achar lá. À noite, são dezenas de opções de pubs. Escolha um mais em conta e curta".

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