Estado: plano de Haddad para ônibus é "demagogia"

Chamado de defensor "dos sem-carro", com "má vontade com o transporte individual" e pedindo "mais planejamento e menos demagogia", editorial do jornal O Estado de S. Paulo sobre transportes tromba de frente com iniciativa do prefeito de São Paulo; Fernando Haddad anuncia que pretende ampliar o rodízio municipal de veículos e acelerar plano de investimento de R$ 1,7 bilhão em corredores de ônibus; opção pelo transporte coletivo, como a que foi feita historicamente nas maiores cidades do mundo, é atacada de maneira rasteira; a circulação na maior cidade do País, no entanto, já está melhorando

Chamado de defensor "dos sem-carro", com "má vontade com o transporte individual" e pedindo "mais planejamento e menos demagogia", editorial do jornal O Estado de S. Paulo sobre transportes tromba de frente com iniciativa do prefeito de São Paulo; Fernando Haddad anuncia que pretende ampliar o rodízio municipal de veículos e acelerar plano de investimento de R$ 1,7 bilhão em corredores de ônibus; opção pelo transporte coletivo, como a que foi feita historicamente nas maiores cidades do mundo, é atacada de maneira rasteira; a circulação na maior cidade do País, no entanto, já está melhorando
Chamado de defensor "dos sem-carro", com "má vontade com o transporte individual" e pedindo "mais planejamento e menos demagogia", editorial do jornal O Estado de S. Paulo sobre transportes tromba de frente com iniciativa do prefeito de São Paulo; Fernando Haddad anuncia que pretende ampliar o rodízio municipal de veículos e acelerar plano de investimento de R$ 1,7 bilhão em corredores de ônibus; opção pelo transporte coletivo, como a que foi feita historicamente nas maiores cidades do mundo, é atacada de maneira rasteira; a circulação na maior cidade do País, no entanto, já está melhorando (Foto: Gisele Federicce)


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SP247 – Há apenas 10 meses no comando da prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad (PT) já demonstrou que o foco de sua gestão é priorizar o transporte coletivo em detrimento dos automóveis numa cidade que registra recordes cada vez maiores de congestionamentos. Nesta quarta-feira 9, durante a abertura do Fórum de Mobilidade Urbana, organizado pelo jornal Folha de S.Paulo, ele confirmou que irá ampliar o rodízio para carros para além do centro expandido da capital, como funciona hoje.

Além disso, o petista já cumpriu a promessa de entregar 220 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus, tendo investido R$ 1,7 bilhão nos corredores. Estuda, agora, criar uma empresa municipal que atue em situações de emergência, como durante greves do setor. Segundo Haddad, a cidade "pecou" durante décadas ao priorizar o automóvel individual. "Todo investimento viário de São Paulo teve o carro como beneficiário direto. As marginais são prova disso", disse ele no Fórum.

Seu plano voltado para o benefício dos milhões de trabalhadores que vivem na maior cidade do País, no entanto, começa a sofrer resistências. Uma das primeiras reações às declarações e às últimas ações da equipe de Haddad veio d´O Estado de S.Paulo, que, em editorial publicado nesta quinta-feira 10, chama a batalha do prefeito e de seu secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, de "ousada" e "demagógica". O jornal diz ainda que a bandeira da mobilidade urbana defendida pela dupla é "eleitoral".

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O prefeito, no entanto, se mostra confiante com o que vem sendo a marca de sua gestão até aqui. Segundo ele, os corredores de ônibus "vieram para ficar". "Pensei que fosse perder apoio com o projeto. Mas as pesquisas mostraram o contrário. Elas [faixas] vieram para ficar e vão redesenhar a paisagem de São Paulo", declarou. Detalhes da proposta de ampliação do rodízio serão dadas apenas após a conclusão de estudos de impacto. Mas Haddad já adiantou que, se 20% dos carros saíssem de circulação, São Paulo vivenciaria "um trânsito de feriado" durante a semana.

Na avaliação do Estadão, a nova proposta de Haddad visa arrecadar multas e não dá importância aos "7 milhões de veículos da capital", cujos donos, ironiza o jornal, "seriam apenas egoístas que rejeitam o transporte público". A questão é que o prefeito concluiu que o meio de locomoção por meio de carros não é sustentável nem barato para uma cidade do tamanho de São Paulo, além de oferecer diversas consequências a seus usuários, como perda de tempo, danos à saúde e altos custos. Enquanto isso, a circulação na maior cidade do País já está melhorando.

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Leia abaixo a íntegra do editorial do Estadão:

A demagogia da mobilidade

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Ao levantar a bandeira (eleitoral) da mobilidade urbana, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, assumiram o papel de defensores dos sem-carro e passaram a combater, sem pensar nas consequências, a multidão dos que se atrevem a sair às ruas em seus automóveis, mesmo tendo de enfrentar grandes congestionamentos todos os dias. Os congestionamentos são cada vez maiores, mas a dupla já começa a acumular resultados "positivos" nessa batalha, mais do que ousada, demagógica.

Ela deve melhorar a arrecadação da Prefeitura com o aumento das multas de trânsito e, assim, ajudar a pagar os subsídios às empresas de ônibus, que, com o congelamento da tarifa, devem atingir no próximo ano a impressionante quantia de R$ 1,65 bilhão.

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Estima-se que os recursos provenientes das multas crescerão 22% em 2014, atingindo R$ 1,2 bilhão, um novo recorde. Nos primeiros oito meses deste ano, dos 6,4 milhões de multas aplicadas aos motoristas que circulam pela capital, 352,5 mil foram flagrantes de invasões em corredores e faixas exclusivas de ônibus, registrados por um exército de 1,5 mil fiscais de trânsito da CET e mais 690 da São Paulo Transportes (SPTrans).

Os donos dos 7 milhões de veículos da capital parecem não ter importância. Eles seriam apenas pessoas egoístas que rejeitam o transporte público. É como se não tivessem compromissos diários, serviços a prestar e nenhuma relevância para a vida econômica e social da cidade.

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Tanto é assim que, nas próximas semanas, aos marronzinhos se somarão 200 novos radares para ajudar na batalha contra esses paulistanos que não resistem à tentação de circular pelos corredores e faixas de ônibus - espaços em grande parte vazios -, para tentar chegar a tempo aos seus compromissos.

Essa má vontade com o transporte individual prejudica a cidade. Não se discute a necessidade de dar prioridade ao transporte público e, no caso dos ônibus, de aumentar sua velocidade.

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Mas não é preciso fazer isso criando dificuldades para os que usam o carro como instrumento de trabalho. Especialmente para aqueles - como médicos e enfermeiros, para citar dois exemplos - cuja profissão tem exigências que o transporte público não consegue atender.

Portanto, em vez de tratar o transporte individual como egoísta e elitista, é preciso estudar a fundo o papel que ele desempenha na vida de grande parte da população. Quanto aos paulistanos que usam ônibus, seus problemas são a falta de conforto, de itinerários que atendam a suas necessidades e a lentidão.

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Por isso, entre ficar espremidos em ônibus superlotados, depois de longa espera nas filas dos pontos, e suportar os congestionamentos, os que podem preferem esta última opção.

No lugar de implantar, sem planejamento e a toque de caixa, as faixas exclusivas que servirão de cenários para os próximos programas eleitorais do PT na campanha para o governo do Estado, Haddad e Tatto deveriam adotar um plano capaz de harmonizar a utilização de carros com o transporte público, de acordo com as necessidades das várias regiões da cidade.

Antes de reduzir o espaço destinado aos carros para forçar seus proprietários a deixá-los nas garagens, é preciso criar mais vagas de estacionamento para eles, com a construção - há muito prometida e nunca concretizada - de garagens subterrâneas. E seria bom também retomar o plano de transporte do governo Marta Suplicy que deixava os corredores apenas para os ônibus maiores. Os veículos de média e pequena capacidade seriam os alimentadores dessas linhas-tronco.

Hoje, o que se vê são todos esses veículos, às vezes quase vazios, disputando entre si aquele espaço. E muitos invadem as poucas faixas destinadas aos carros para fugir do congestionamento nos corredores e faixas.

É preciso, em suma, mais planejamento e menos demagogia.

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