Lojistas pedem reunião com governo para discutir rolezinhos

Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) enviou um ofício à Presidência da República solicitando uma reunião com os órgãos competentes para falar sobre os rolezinhos; eventos têm sido reprimidos pela polícia e proibidos por decisões judiciais em favor dos shoppings; muitos centros comerciais têm preferido fechar as portas para evitar os encontros; o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, descartou a necessidade de intervenção federal para conter os rolezinhos nos shoppings da capital paulista

SÃO PAULO, SP, 11.01.2014: ROLEZINHO NO SHOPPING ITAQUERA - Rolezinho organizado por jovens pelo Facebook marcado para a tarde no shopping Itaquera. Houve confusão. (Foto: Bruno Poletti/Folhapress)
SÃO PAULO, SP, 11.01.2014: ROLEZINHO NO SHOPPING ITAQUERA - Rolezinho organizado por jovens pelo Facebook marcado para a tarde no shopping Itaquera. Houve confusão. (Foto: Bruno Poletti/Folhapress) (Foto: Valter Lima)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Daniel Mello, repórter da Agência Brasil

Fábio Massalli, São Paulo

São Paulo – A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) enviou um ofício à Presidência da República solicitando uma reunião com os órgãos competentes para falar sobre os rolezinhos. Os encontros, que chegam a reunir centenas de pessoas, começaram a ser marcados em centros comerciais por jovens da periferia paulistana no final de 2013. Os eventos têm sido reprimidos pela polícia e proibidos por decisões judiciais em favor dos shoppings. Muitos centros comerciais têm preferido fechar as portas para evitar os encontros.

continua após o anúncio

Hoje (20), o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, descartou a necessidade de intervenção federal para conter os rolezinhos nos shoppings da capital paulista, como sugeriu a Alshop. "Em termos de segurança pública, [a intervenção] não é necessária". Para Grella, os encontros não justificam nenhum tipo de ação policial preventiva, como triagem na entrada dos estabelecimentos. "A polícia acompanha os movimentos e só faz intervenção quando há atos de vandalismo", disse.

Na opinião do professor de antropologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Alexandre Barbosa Pereira, as declarações do secretário denotam uma mudança de postura do governo em relação aos rolezinhos. "Parece-me que isso muda um pouco o tom inicial sobre o evento, que era desclassificar logo de cara e estigmatizar como arrastão, como algo criminoso", disse.

continua após o anúncio

Para o professor, as reações aos rolezinhos evidenciam um desconforto das parcelas mais ricas da população com a melhora do poder aquisitivo de outras camadas. "Você tem segmentos da classe média que ficam meio abalados quando veem outra classe social frequentando espaços que antes eram espaços de distinção deles", disse.

Pereira acredita que o rolezinho, um evento que os jovens organizaram como forma de diversão, acabou evidenciando as contradições do Brasil. "Um exemplo como esse revela todas as questões de conflito do nosso país. Questão de classe, cor e raça, geracional", disse. Ele atribui a repercussão crescente dos eventos à repressão policial contra os rolezinhos e às decisões judiciais proibindo os encontros. "Eu acho que a reação desproporcional que teve da polícia, de segmentos da Justiça, que criminalizaram como arrastão, deu a história do rolezinho uma reflexão muito grande".

continua após o anúncio
continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247