Comissão mostra que Iara Iavelberg foi assassinada

Audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de SP revelou elementos e depoimentos comprovando que a ex-companheira de Carlos Lamarca e amiga da presidente Dilma Rousseff não se suicidou, como dizia a versão oficial; ícone da esquerda, Iara foi homenageada pela Comissão da Verdade paulista e agora terá sua história recontada em um documentário

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Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva", presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), realizou na tarde de hoje (4), na Assembleia Legislativa, uma audiência pública sobre o caso Iara Iavelberg. Psicóloga e professora, ela foi assassinada pela polícia no dia 20 de agosto de 1971, aos 27 anos, no bairro da Pituba, em Salvador, após um cerco policial. Iara era companheira do guerrilheiro Carlos Lamarca, a quem conheceu na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) antes de se mudarem para o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).

Na audiência, o médico Daniel Romero Muñoz, responsável pela realização da necropsia dos restos de Iara em 2003, após autorização judicial, mostrou os resultados dos exames comprovando que a tese de suicídio não se sustenta. O ferimento a bala que a matou não poderia ter sido causado por um tiro típico de suicídio, com a arma encostada no corpo.

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Além disso, há testemunhos na vizinhança que teriam ouvido Iara se render pouco antes de serem ouvidos tiros. No entanto, os policiais que participaram da operação provavelmente não sabiam tratar-se de Iara Iavelberg. Como companheira de Lamarca, ela era mais valiosa viva. Carlos Lamarca ainda não tinha sido morto. Ele morreu quase um mês depois da companheira, em 17 de setembro de 1971.

A grande dificuldade encontrada pela família para prosseguir com as investigações em busca da verdade decorreu de questões aparentemente religiosas. De família judia, Iara foi enterrada no setor de suicidas no Cemitério Israelita de São Paulo. A luta judicial para se conseguir autorização para exumar o cadáver e proceder aos exames durou anos.

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O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal pelo PT, trabalhou para a família Iavelberg no caso. Segundo ele, entidades judaicas "fizeram um verdadeiro cerco ao Judiciário" na tentativa de impedir a exumação. Elas argumentavam que o Estado brasileiro, laico, não poderia interferir em questões religiosas. "Do ponto de vista jurídico, esse caso foi extremamente interessante", disse Greenhalgh. O Cemitério Israelita se apegava à versão oficial. A família Iavelberg moveu a ação para que o corpo de Iara tivesse o mesmo tratamento dos outros mortos. O judeu suicida é enterrado de costas para os outros e com o rosto virado para o muro do cemitério. Finalmente, no Tribunal de Justiça, a autorização foi dada. A exumação e a perícia comprovaram o homicídio.

O advogado contou que o caso de Iara Iavelberg está servindo como precedente importante. "A decisão tem sido usada por advogados de outros casos semelhantes, de famílias judaicas, que nos procuraram", contou o ex-deputado.

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Filme

O caso Iara Iavelberg é o tema do documentário Em busca de Iara, realizado pelo casal Flávio Frederico e Mariana Pamplona, sobrinha da ex-guerrilheira, que estiveram na audiência na Assembleia Legislativa, quando foi exibido um trecho do filme.

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O documentário vai estrear oficialmente no festival É Tudo Verdade, que será realizado em São Paulo e Rio de Janeiro, de 4 a 14 de abril de 2013.

Além de Greenhalgh, do médico legista Daniel Romero Muñoz e dos diretores do filme, participaram da audiência pública desta segunda-feira amigos e familiares de Iara Iavelberg, como seu irmão Samuel, a sobrinha Mariana Pamplona e a amiga de faculdade amiga da Faculdade de Psicologia da USP Tutinha (Maria Magaldi), entre outros.

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