Kátia vende influência e se diz presidenciável
Em reportagem do The Guardian, Kátia Abreu é classificada como "rainha da motosserra" que lidera o lobby agrícola que afrouxou os controles do desmatamento na Amazônia e retratada como uma mulher capaz de "fazer ou quebrar" a agenda da presidente Dilma Rousseff; para os que apostam que Kátia está defendendo com unhas e dentes a reeleição de Dilma para se tornar ministra da Agricultura em 2015, a senadora do Tocantins manda um "sabe de nada, inocente" e revela ao jornal britânico que sua candidatura à Presidência da República "não é um plano, mas um fato", e que este seria o seu destino; como será que a presidente Dilma vê os planos ambiciosos de sua nova amiga?
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Tocantins 247 – Os que apostam que a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) está apoiando com unhas e dentes a reeleição da presidente Dilma Rousseff, do PT, com vistas a ocupar o posto de ministra da Agricultura num eventual governo Dilma a partir de 2015 não conhecem ainda os verdadeiros planos da congressista. Kátia Abreu quer ser presidente da República. Foi o que ela admitiu ao jornal britânico The Guardian. “Candidatura a presidente não é um plano – é um fato. Estou me preparando para isso, é o meu destino”, afirmou Kátia, que enfrenta forte resistência no PMDB do Tocantins para emplacar sua candidatura à reeleição para o Senado.
Classificada pelo The Guardian como a “rainha da motosserra” que lidera o lobby agrícola que afrouxou os controles do desmatamento na Amazônia, a líder dos ruralistas brasileiros é retratada como uma mulher capaz de “fazer ou quebrar” a agenda de Dilma, principalmente por conta da maior dependência da economia brasileira do agronegócio, responsável atualmente por 23% da economia do país.
De fato, Kátia Abreu anda vendendo influência no governo da presidente Dilma. A parlamentar divulgou à imprensa uma audiência “de três horas” que teve com a presidente nessa terça-feira, 6, onde tratou de diversas questões de interesse dos ruralistas.
“Tratorando” ambientalistas
E para conseguir seu objetivo último, tornar-se a segunda mulher a presidir o Brasil e a primeira a representar os interesses do poderoso agronegócio, o jornal britânico diz que Kátia Abreu não reconhece adversários, empunha a bandeira do nacionalismo e parte para cima de qualquer grupo acusado de tentar retardar o crescimento da agricultura brasileira. Isto inclui ambientalistas, liderados principalmente pela candidata a vice do presidenciável Eduardo Campos (PSB), Marina Silva (PSB), grupos indígenas e camponeses sem terra. "A crítica dos ambientalistas radicais é a melhor forma de endosso. Isso me dá satisfação. Isso mostra que estou no caminho certo e fazendo o papel certo", revela.
Segundo a publicação do The Guardian, a situação era muito diferente de uma década atrás, quando a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva introduziu uma série de medidas que diminuíram o desmatamento e prometeu mais território para grupos indígenas e camponeses sem terra. Mas Kátia estufa o peito para dizer que agora o jogo virou para o seu lado.
"Por muitos anos, o ambientalismo chegou a um passo de extrema e o representantes do agronegócio foram tratados como criminosos. Mas agora nosso setor do agronegócio pode influenciar a escolha dos reis e rainhas no Brasil. Agora temos o poder político", diz a senadora.
Marina rebate
Marina Silva esteve em Palmas nessa quarta-feira, 7, para uma palestra com estudantes da Universidade Federal do Tocantins. Questionada antes do evento sobre as consequências para o Meio Ambiente do aumento do lobby de Kátia e do agronegócio no governo da presidente Dilma, Marina disse que desde que o Código Florestal, que teve forte influência dos ruralistas, foi aprovado, o desmatamento na Amazônia cresceu 28%.
"O Agronegócio é importante para o país, mas não precisa ser feito em bases predatórias. É perfeitamente possível ter aumento de produção, dar a contribuição que o agronegócio dar para a economia brasileira, com investimento cada vez maior em tecnologia, inclusive para ele ser duradouro e sustentável. Não vejo incompatibilidade entre economia e ecologia", disse Marina.
Clique aqui para ler a matéria do The Guardian na íntegra (texto em inglês).
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