Temer não tem o que temer

O vice-presidente da Rep�blica e articulador pol�tico do governo, Michel Temer, faz palestra no campus da Asa Norte do Centro Universit�rio de Bras�lia UniCeub (Jos� Cruz/Ag�ncia Brasil)
O vice-presidente da Rep�blica e articulador pol�tico do governo, Michel Temer, faz palestra no campus da Asa Norte do Centro Universit�rio de Bras�lia UniCeub (Jos� Cruz/Ag�ncia Brasil) (Foto: Alex Solnik)


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Temer não é o primeiro vice a provocar turbulências na política brasileira. Apesar de exercerem um posto praticamente decorativo, sem funções específicas (a não ser no período em que exerciam concomitantemente a presidência do Senado), alguns dos 23 vices desde Deodoro protagonizaram episódios fundamentais da nossa história.

João Pessoa, assassinado enquanto candidato a vice na chapa de Getúlio, foi o estopim do que os historiadores chamam de "revolução de 1930" ao invés de golpe que tirou do poder o presidente eleito Washington Luís, o que de fato foi.

Jango, único vice de dois presidentes diferentes (Juscelino e Jânio), numa época em que havia profusão de políticos com jota, ao ser impedido de assumir pelos militares depois da renúncia de Jânio, deu pretexto ao golpe militar de 64.

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Durante a ditadura, os generais-ditadores tinham seus vice-ditadores. Mas quando Costa e Silva morreu no trono seu vice, Pedro Aleixo foi impedido de assumir, por ser civil.

Dos quatro vices que antecederam Temer desde a redemocratização, dois assumiram a presidência: Sarney, com a morte de Tancredo e Itamar, com a expulsão de Collor. Cinquenta por cento. Uma estatística que Temer pode estar tentado a aumentar.

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Durante o primeiro mandato Dilma, ele costumava dizer a seus colegas maçons de São Paulo que não tinha nada melhor do que ser vice. Zero obrigações. Zero tarefas. Uma agenda com espaços generosos para aproveitar ao máximo a convivência com sua jovem e bela esposa.

Nesse tempo ninguém o via e ele não via ninguém. É nos bastidores que sempre encontrou seu melhor campo de atuação. Agora que as circunstâncias o jogaram na ribalta, sob holofotes aos quais não estava acostumado, circula como uma opção cada vez mais factível nas altas rodas da sociedade paulista.

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Alcunhado de "mordomo de filme de terror" por Toninho Malvadeza, ganha agora duas novas alcunhas: "a esfinge" e "o equilibrista". Ninguém sabe o que pensa. Nem quando diz o que pensa.

Não há como não perceber que tenta caminhar sobre um fio de lâmina finíssimo: não quer parecer tão próximo do governo a ponto de ser guilhotinado se o governo cair, nem tão distante a ponto de ser afetado se o governo continuar.

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No entanto, diga o que disser, faça o que fizer, haja o que houver, o governo não pode nada contra ele. Vice é indemissível.

O castigo máximo seria colocá-lo na geladeira, mas isso daria mais espaço ainda na imprensa para ele. E como colocar na geladeira o presidente do PMDB, o maior aliado do governo? Tudo indica que o governo tem mais o que temer da parte dele do que ele da parte do governo.

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