O espírito da ditadura



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Marcha soldado/ cabeça de papel/ se não marchar direito/ vai preso no quartel.

Os militares voltaram ao quartel. Mas o espírito da ditadura ficou.

Os militares se recolheram, mas as forças que os colocaram no poder estão atuantes.

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Os militares não são mais necessários para afastar a esquerda do poder, bastam os juízes e a Polícia Federal.

Nos anos 60/70 a esquerda tentou chegar ao poder pela força, tentou derrubar os militares que tinham derrubado Jango, em luta desproporcional, em total inferioridade numérica e de infraestrutura. A derrota era previsível.

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Com Lula a esquerda chegou ao poder via eleições trinta anos depois e sofreu o primeiro abalo com a delação de Roberto Jefferson que desencadeou o Mensalão. Lula sobreviveu ao ataque e conseguiu eleger sua sucessora.

Aí foi um golpe duro de engolir para a direita. Uma ex-guerrilheira na presidência da República! Com cara e jeito de burguesa, tudo bem, mas militante da luta armada, presa em ação, torturada, sobrevivente.

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Os quatro primeiros anos foram suportados, mas quando ela se elegeu de novo, no segundo dia de mandato vieram com gritos de impeachment o que desde logo o desqualificava, pois demanda um crime cometido no mandato vigente e a crucificavam por "estelionato eleitoral". Nada a ver com mandato. Mais para a frente encontraram outro pretexto: "pedaladas fiscais". Não é crime algum, não é roubo, não é desvio de conduta, mas o presidente da Câmara aceitou dar o pontapé inicial nesse impeachment capenga.

Essa artificialidade, alimentada pelo espírito da ditadura que ainda paira nos céus de Brasília revela que o que importa no fundo é tirar do poder uma ex-guerrilheira, ainda que contra ela não tenha sido apresentado um só ato de corrupção, que é o que gera um processo de impeachment.

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Há os que alegam: ela não roubou, mas gente do seu partido roubou dinheiro público e há quem se lembre tratar-se da continuação da política de expropriações levada a efeito pelos grupos de luta armada.

Quem, depois de investigação, processo e julgamento for condenado com provas concretas vai pagar pelo que fez, não há dúvida. O que se questiona é que deveria haver uma certa ordem cronológica. Como é possível aceitar que pague primeiro quem foi acusado depois? Como admitir que rostos toda a vida associados aos mesmos crimes continuem intocados enquanto a turma de esquerda já foi condenada? E que verdadeiros ícones da corrupção, além de terem ficado impunes a vida inteira ainda continuem recebendo homenagens póstumas, como é o caso de Quércia, que batiza uma das pontes estaiadas de São Paulo?

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O que se questiona é que governos de esquerda tenham sido e estejam sendo revirados de forma muito mais rigorosa que seus predecessores, embora tudo indique que os métodos tenham sido os mesmos.

Dessa constatação ganha mais corpo a ideia de que no fundo o objetivo não é combater a corrupção, como se anuncia diariamente, mas combater a esquerda. Combater a corrupção quando ela é da esquerda.

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"Mas os empresários que estão presos não são de esquerda" podem dizer. São os simpatizantes. Tal como na ditadura, vão para trás das grades os "esquerdistas" e os "simpatizantes".

Não há como não observar, também, que figuras da esquerda ou de partidos de esquerda, no caso o PT, são rapidamente enjauladas e execradas, enquanto notórios próceres de direita, dos quais Eduardo Cunha é o mais simbólico representante continuam impunes.

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