Lava Jato não estancou a corrupção

"As vozes lúcidas desse país parecem ter emudecido. A racionalidade perde espaço a cada dia para a histeria, a euforia e a 'esperança' de que, na hora em que todos os corruptos estiverem na cadeia estaremos livres dessa praga, responsável por nossa miséria, nosso atraso e nossa ignorância", diz o colunista do 247 Alex Solnik; enquanto o País investe tudo o que tem no combate à corrupção, prática que não desaparece da noite para o dia, diz Solnik, "não estamos nem aí para o nosso atraso na educação e na tecnologia, esses sim dois fatores fundamentais na equação que resultou na prosperidade de países que estavam atrás de nós há alguns anos no pódio do desenvolvimento e agora nos superam de longe"

"As vozes lúcidas desse país parecem ter emudecido. A racionalidade perde espaço a cada dia para a histeria, a euforia e a 'esperança' de que, na hora em que todos os corruptos estiverem na cadeia estaremos livres dessa praga, responsável por nossa miséria, nosso atraso e nossa ignorância", diz o colunista do 247 Alex Solnik; enquanto o País investe tudo o que tem no combate à corrupção, prática que não desaparece da noite para o dia, diz Solnik, "não estamos nem aí para o nosso atraso na educação e na tecnologia, esses sim dois fatores fundamentais na equação que resultou na prosperidade de países que estavam atrás de nós há alguns anos no pódio do desenvolvimento e agora nos superam de longe"
"As vozes lúcidas desse país parecem ter emudecido. A racionalidade perde espaço a cada dia para a histeria, a euforia e a 'esperança' de que, na hora em que todos os corruptos estiverem na cadeia estaremos livres dessa praga, responsável por nossa miséria, nosso atraso e nossa ignorância", diz o colunista do 247 Alex Solnik; enquanto o País investe tudo o que tem no combate à corrupção, prática que não desaparece da noite para o dia, diz Solnik, "não estamos nem aí para o nosso atraso na educação e na tecnologia, esses sim dois fatores fundamentais na equação que resultou na prosperidade de países que estavam atrás de nós há alguns anos no pódio do desenvolvimento e agora nos superam de longe" (Foto: Alex Solnik)


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Não teve muito destaque na imprensa a notícia de que, de dois anos para cá, desde que começou a Operação Lava Jato a corrupção no Brasil, de acordo com a Transparência Internacional não foi estancada, o país perdeu três posições no ranking dos mais corruptos do mundo.

A maioria, inclua-se aí os adoradores do Pato Amarelo e a chamada "grande imprensa" prefere continuar tratando a Operação como uma coisa quase sacrossanta e o seu comandante, Sergio Moro, como o candidato mais cotado ao título de salvador da pátria.

As vozes lúcidas desse país parecem ter emudecido. A racionalidade perde espaço a cada dia para a histeria, a euforia e a "esperança" de que, na hora em que todos os corruptos estiverem na cadeia estaremos livres dessa praga, responsável por nossa miséria, nosso atraso e nossa ignorância.

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Como cavalos que só olham para frente devido às viseiras e levam a carruagem em desabalada carreira sem saber para onde, continuamos investindo energia e todo o dinheiro que for necessário para colocar corruptos no xadrez, e não estamos nem aí para o nosso atraso na educação e na tecnologia, esses sim dois fatores fundamentais na equação que resultou na prosperidade de países que estavam atrás de nós há alguns anos no pódio do desenvolvimento e agora nos superam de longe.

O país ainda não se convenceu – e talvez não se convença nunca – que combater a corrupção é como combater o tráfico internacional de drogas: quanto mais dinheiro se investe nessa luta inglória que se transformou em guerra, mais aumenta o consumo de drogas pesadas e o número de mortos e feridos.

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Quanto às drogas, a solução é, aparentemente, mais simples e já é adotada em países com autoridades menos preconceituosas e mais inteligentes que aos poucos liberam o consumo, o cultivo e o livre comércio.

É evidente que a corrupção não pode ser combatida com a liberação da roubalheira. Seria um salve-se quem puder.

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No entanto, é preciso ponderar que uma prática que virou tradição no Brasil desde 1808, mais ou menos, com a chegada de Dom João VI não pode ser extirpada a toque de caixa, de um dia para outro, graças a intervenções policiais as quais nem sabemos quanto custam aos cofres públicos.

É preciso entender que, tal como as drogas não são caso de polícia, mas de saúde e esclarecimento, o combate à corrupção não pode ficar limitado à repressão; a educação e a conscientização de que não posso pegar o que não é meu nem querer levar vantagem em tudo têm um papel importante.

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E, se existe há mais de 200 anos só vai diminuir aos poucos, à medida em que os brasileiros se conscientizarem de que ela faz mal a toda a sociedade.

Deve ser vigiada, é óbvio, e punida, mas não com a truculência, autoritarismo e o vale tudo da Lava Jato.

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A corrupção – que também pode ser definida como a relação espúria entre interesses públicos e privados - guarda sutilezas que a polícia não é capaz de detectar e se esconde em lugares acima de qualquer suspeita, em meio a recepções, banquetes e jantares, alguns dos quais são publicados nas páginas sociais dos nossos grandes jornais.

Hoje, por exemplo, a coluna da Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo noticia e mostra fotos de um jantar que Milu Villela ofereceu ao ministro da Cultura, Roberto Freire, em sua residência particular.

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São duas pessoas de passado e presente limpos, bem intencionadas e militantes da Cultura, jamais seus nomes estiveram em qualquer lista da Odebrecht, Camargo Corrêa ou tantas outras. E, tudo indica, jamais estarão.

No entanto, dona Milu, uma das maiores acionistas do banco Itáu e presidente do Itaú Cultural é também uma das maiores captadoras de recursos via Lei Rouanet que é gerida pelo ministério da Cultura.

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Não é crime nenhum passar algumas horas agradáveis comendo e bebendo do bom e do melhor, em boas companhias, mas, a bem da transparência, seria razoável esperar que duas pessoas dessa importância e desse jaez, verdadeiras reservas morais da nação, mantivessem uma distância regulamentar uma da outra, de modo que uma recepção social pontuada por sorrisos e gentilezas, não parecesse uma retribuição a alguma coisa do passado, presente ou futuro.

Essa convivência estreita entre agentes públicos e privados, mesmo quando explicitada em jornais de larga tiragem, como a demonstrar que eles não têm nada a esconder, contribui para gerar suposições, desconfianças e suspeitas que nenhuma operação policial truculenta seria capaz de entender, analisar ou estancar.

Somente citei esse jantar porque planejo convidar Roberto Freire para uma recepção na minha casa.

PS: eu não tenho nenhum projeto inscrito na Lei Rouanet.

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