Argentina, laboratório de experiências neoliberais

"Depois do fracasso de Sebastian Piñera como presidente do Chile, as referências se concentram sobre Mauricio Macri, que coloca em prática o modelo neoliberal duro e puro. O novo governo argentino leva totalmente a sério todos os dogmas do liberalismo econômico e trata de colocá-los em prática", afirma Emir Sader, colunista do 247; para o cientista político, "sobre o governo de Macri se voltam os olhos dos venezuelanos e de todos os países em que a oposição de direita se propõe a voltar ao governo, propondo mundos e fundos"

"Depois do fracasso de Sebastian Piñera como presidente do Chile, as referências se concentram sobre Mauricio Macri, que coloca em prática o modelo neoliberal duro e puro. O novo governo argentino leva totalmente a sério todos os dogmas do liberalismo econômico e trata de colocá-los em prática", afirma Emir Sader, colunista do 247; para o cientista político, "sobre o governo de Macri se voltam os olhos dos venezuelanos e de todos os países em que a oposição de direita se propõe a voltar ao governo, propondo mundos e fundos"
"Depois do fracasso de Sebastian Piñera como presidente do Chile, as referências se concentram sobre Mauricio Macri, que coloca em prática o modelo neoliberal duro e puro. O novo governo argentino leva totalmente a sério todos os dogmas do liberalismo econômico e trata de colocá-los em prática", afirma Emir Sader, colunista do 247; para o cientista político, "sobre o governo de Macri se voltam os olhos dos venezuelanos e de todos os países em que a oposição de direita se propõe a voltar ao governo, propondo mundos e fundos" (Foto: Emir Sader)


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O neoliberalismo fracassou na América Latina, fracassou na Europa, fracassou em todos os lugares em que se implantou. Aqui, fez do México sua primeira grande experimentação: em 1994 assinou o primeiro Tratado de Livre Comércio (o Nafta, com os EUA e o Canadá), mas nesse mesmo ano teve a primeira grande crise econômica neoliberal e o grito de Chiapas, em que os zapatistas chamavam a resistir a esse modelo.

O balanço de 20 anos desse Tratado não podia ser pior para o México, um dos poucos países da América Latina que não melhorou em nada seus índices sociais, mesmo quando a economia cresceu. No livre comércio, uma espécie de luta livre em que vale tudo entre pesos pesados e pesos penas, ganha quem tem mais força e os EUA saem amplamente vencedores e favorecidos por essa relação privilegiada com o México, pela qual o México paga um preço caríssimo.

À falta do México, os organismos financeiros internacionais passaram a exaltar os índices de crescimento do PIB do Peru como referência continental. Crescimento que se deu pela manutenção de um modelo de exploração sem controle dos recursos minerais do país, por empresas estrangeiras, com graves danos ambientais e aos direitos das populações indígenas e camponeses. Tanto assim que, apesar dos índices econômicos, os sociais não melhoram e todos os presidentes se desprestigiam rapidamente e perdem as eleições.

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Depois do fracasso de Sebastian Piñera como presidente do Chile, empresário de sucesso na empresa privada, as referências se concentram sobre Mauricio Macri, que coloca em prática o modelo neoliberal duro e puro. O novo governo argentino leva totalmente a sério todos os dogmas do liberalismo econômico e trata de colocá-los em prática.

Tem sido característica dos candidatos de direita na América Latina, nos últimos tempos, diante do sucesso dos governos que se baseiam na extensão das políticas sociais, prometer que vão compatibilizar o enxugamento do Estado que todos pregam, com a manutenção dessas políticas. É a quadratura do círculo, que não lhes custa prometer, porque campanha é campanha, governo é governo (retomando o refrão do Dido, de que "Treino é treino, jogo é jogo".)

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Mas quando ganham, têm que se submeter às alternativas que lhes impõem a realidade. Macri optou, como costumam fazer os governantes de direita, por atribuir ao governo de Cristina Kirchner a herança de um Estado desfeito, de corrupção generalizada, de caixa vazio de recursos, de Estado inflacionado de funcionários etc. E começou a colocar em prática, nos primeiros dois meses, um desmonte total de tudo o que foi feito pelos governos kichneristas nos últimos 12 anos, recuperando a Argentina da pior crise da sua história.

Os resultados não poderiam ser mais desastrosos, com a inflação disparando, o desemprego aumentando aceleradamente, com o governo se recusando a aumentos salariais correspondentes à inflação e se chocando com grandes manifestações populares e com a oposição das centrais sindicais reunificadas em oposição a ele. E com a repressão das manifestações de reação popular.

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Depois de governos fracassados, como os do PAN e do PRI no México, de Sebastien Piñera no Chile, de todos os últimos presidentes do Peru, resta agora ao neoliberalismo dizer ao que vem, depois de um governo progressista. Sobre o governo de Macri se voltam os olhos dos venezuelanos e de todos os países em que a oposição de direita se propõe a voltar ao governo, propondo mundos e fundos. A experiência de Macri é o laboratório de experiências neoliberais na América Latina do século XXI. Vejamos no que dá.

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