Golpe brazinazista: o gozo moral SS

Um dos momentos mais marcantes e reveladores da "Perversão" política brasileira foi aquele na tribuna do Senado Federal, onde a obscura figura da advogada Janaína Paschoal deixou escapar o seu cinismo e deboche travestidos de moralidade, ao final de seu discurso significante, em paráfrase: "Faço isso, Presidenta Dilma, para livrar os seus netinhos do mal"



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Se existe uma entidade clínica e social que desafia os saberes ditos científicos, psiquiátricos e psicanalíticos é a chamada “Perversão”. Não só em na sua formalidade conceitual como também em sua erradicação postulada inclusive pela ordem jurídica através da história da civilização.

Digo uma entidade clínica e social pois a postulação da mesma só foi possível ao longo dos tempos sempre a relacionado ao Outro. Portanto, não existe “Perversão” sem que em sua cena não figure o corpo presente e o olhar testemunhal, mesmo que seja apenas aquele olhar envesado do sujeito em ação com o real assustador, porém gozante dos encontros diversos corporais.

Desde as orgias de Nero em praça pública ou do desvairado imperador Calígula ao fetichismo de certa etologia positiva à sacralização do reino animal até o recente cognitivismo comportamental modulador sexualizado pós-moderno de ratos, gatos, cães, equinos diversos, etc., ostentados em redes sociais, “gadgets” tecnológicos, sites pornográficos; o Outro está em cena, como ator ou testemunha identificatória imaginária. Despertando a “a parte obscura em nós mesmos”[1], por asco ou veneração.

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Dependendo do contexto sociocultural, as práticas transgressivas e os seus conceitos subjacentes sempre foram julgados pela pena popular e a ordem jurídica vigente.

A prática mais obscena da “Perversão” em sua ofensiva maldita histórica alcança o seu auge infringente à Lei e em “simetria entre o imperativo sadiano do gozo e o imperativo categórico de Kant10[2] nos três campos de concentração de Auschwitz. Subservientes à ordem nazista individual ‘delirantemente perversa’ do Führer alemão, Adolf Hitler; os também SS escolhidos a dedo, Heinrich Himmler, Rudolf Höss, Adolf Eichmann e Josef Mengele fizeram crer à população alemã massificada (pela publicidade e a mídia nazista) que a ‘norma era a própria transgressão’, posto que os ditos párias e sub-humanos (judeus, ciganos, homossexuais, débeis mentais, etc.) deveriam ser eliminados do reino humano, sequer relegados ao reino animal, pois a extinção desses sub-humanos malditos da face da Terra era a razão suficiente da norma estabelecida pelos categóricos kantianos. A finesse da “Perversão”: a ordem categórica justificava a transgressão bárbara e o gozo sadiano.

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Pode-se dizer, por conseguinte, que aquilo que Kant guardava a sete chaves, recalcado, “isso” foi iluminado e posto em ação na atividade moral civilizatória: usa-se a lei dos categóricos universais morais para abolir o seu próprio epicentro, convertendo e disseminando o mal em nome de um bem maior. Assim, os SS subscreveram o texto de Kant com as penas sanguinárias do Marques de Sade. Desta forma, a barbárie se colocava a céu aberto.

No rastro da historiadora e psicanalista Elisabeth Roudinesco (1944 - 72 anos): “a perversidade suprema precisa, para se metamorfosear em chacinador, travestir-se em moralista, logo num denunciador dos vícios de suas vítimas. Portanto, a perversão (...) repousa na ausência, em seu comportamento, de toda forma de perversão visível e na propensão a encarnar o bem.”[3].

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A grande História sempre esteve aberta para que revisemos as mais diversas formas de dissimulações perversas para engendrar e manter o poder, às vezes escancaradas, noutras vezes veladas.  Entretanto, na História recente do Brasil, na era da pós-verdade e do Golpe de Estado de 2016, há uma grande similitude com o “Staatsstreich nazista”; ao mesmo tempo em que o Golpe foi dissimulado, com argumentos jurídicos pífios da Lei e do texto constitucional, ele não deixou de escancarar um gozo perverso estrutural ao mostrar a sua face gozante do deboche e do cinismo. Onde, da mesma forma categórica transgressiva do “Reichsführer das Schutzstaffel” Heinrich Himmler; dos “SS-Obersturmbannführer”, Rudolf Höss e Adolf Eichmann e do médico cientista genocida Josef Mengele, a Lei foi utilizada para dela se usurpar em nome do bem de todos, quando na verdade, vê-se que o bem não é universal, senão individual e classista.

O Golpe de 2016 no Estado e na República brasileira foi induzido, de forma inconteste, pela mídia a serviço da conspiração, semelhante à Alemanha pré-nazista, onde os meios publicitários midiáticos tiveram uma função importantíssima inquestionável como semeadores germinais do ódio. No Brasil, esses “articuladores morais” atiçaram a população contra uma classe sub-humana por eles forjada a serviço de terceiros (inclusive eles próprios), autorizando assim o extermínio de todos os seus integrantes, simpatizantes e afins. No caso brasileiro, o genocídio estava autorizado contra o Partido dos Trabalhadores (PT), eminentemente as figuras de Lula e Dilma deveriam ser banidas, pois eram representantes do mal tupiniquim, portanto, reles odientos. A propaganda e a prática moral nazista subvertida no bem supremo atravessou o Atlântico.

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Diante de tantas barbaridades escancaradas cotidianamente pela mídia brasileira sócia do Golpe de 2016, a caçada “lawfare” ao ex-Presidente Lula continua implacável, é preciso bani-lo com a classe por ele representada. O fã-clube verde-amarelo engoliu todo o gozo ejaculatório pulverizado pelos meios de comunicação, sendo em sua maioria, cúmplice do contrato sexual perverso “brazinazista”, asfixiando a sua goela, permitindo escapar apenas pequenos jargões insignificantes junto ao sêmen bissexual regurgitado com o seu “amor negativo” aos alvos edificados em mal pela cadeia publicitária, dos quais foram aliciados e com os quais se compactuam num gozo frenético e moral subvertido.

Um dos momentos mais marcantes e reveladores da “Perversão” política brasileira foi aquele na tribuna do Senado Federal, onde a obscura figura da advogada Janaína Paschoal deixou escapar o seu cinismo e deboche travestidos de moralidade, ao final de seu discurso significante, em paráfrase: “Faço isso, Presidenta Dilma, para livrar os seus netinhos do mal”. Um arquivo inapagável da perversão brasileira atual travestida de moral universal transgeracional.

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Assim, a “Perversão” se escancarou em seu duplo, em praça pública. Quem diria, a “Perversão” tornou-se a nova norma moral brasileira! Enquanto uns poucos gozam com as suas estranhas sensações sexualizadas, outros tantos gozam de seus males em suas peles afro, indígenas, marginais...

Aterrador, conforme Freud, citado por Roudinesco: “Um dia será preciso conforma-se à ideia de que o gozo do mal, se é tipicamente humano, resulta de uma história subjetiva, psíquica, social. E apenas o acesso à civilização, à Lei ou ao progresso permite corrigir essa parte de nós mesmos que não obstante escapa a qualquer domesticação”[4].

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Contra a “Perversão”não há argumentos. Mas é preciso tentar... Todo gozo é mortal!



[1] ROUDINESCO, Elisabeth – A parte obscura de nós mesmos: uma história dos perversos, Zahar, Rio de Janeiro, RJ, 2008.

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[2] Idem, p. 130.

[3] Ibidem, p. 157.

[4] Ibidem, p. 194.

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