Classe média alta, use o seu inglês!

A classe média alta, com acesso irrestrito à internet e discussões, não pode dizer que não está percebendo o que está acontecendo. Apoiaram a saída de Dilma, mas agora tem que se manifestar sobre as atrocidades propostas por Temer

A classe média alta, com acesso irrestrito à internet e discussões, não pode dizer que não está percebendo o que está acontecendo. Apoiaram a saída de Dilma, mas agora tem que se manifestar sobre as atrocidades propostas por Temer
A classe média alta, com acesso irrestrito à internet e discussões, não pode dizer que não está percebendo o que está acontecendo. Apoiaram a saída de Dilma, mas agora tem que se manifestar sobre as atrocidades propostas por Temer (Foto: Chico Vigilante)


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Até quando a classe média alta brasileira fará o papel do advogado do diabo defendendo esta quadrilha de ladrões que tomou conta do país?

Até quando continuarão a trabalhar contra o desenvolvimento e a manutenção das conquistas sociais alcançadas pelo restante da população brasileira, que em última análise, mais dia menos dia irá refletir na situação do país como um todo e também nas condições de vida também da classe média alta?

Até quando pessoas teoricamente cultas e viajadas, que têm o privilégio de conhecer países democráticos e desenvolvidos no mundo todo, vão continuar se negando a ver a verdade escrita e lida nos quatro cantos do mundo pela mídia internacional?

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Após a votação do impeachment na Câmara e logo em seguida no Senado, num processo de rapidez recorde, um holofote da mídia estrangeira se voltou para o Brasil.

Incontáveis jornais demonstram grande assombro com os fatos aqui e reconhecem que Dilma, uma presidente honesta, foi retirada do poder por uma quadrilha de políticos envolvidos em vários processos criminais.

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The New York Times, de 12 de maio, afirma que "Dilma está correta quando questiona os motivos e a autoridade moral dos políticos que estão tentando afasta-la do poder"... e que " não existem evidências de que Dilma cometeu abuso de poder em benefício próprio, enquanto muitos dos políticos que orquestraram o golpe contra ela estão implicados num imenso esquema de subornos e outros escândalos".

O jornal diz que " Temer pode se tornar inelegível por oito anos porque as autoridades eleitorais brasileiras o acusam de violar os limites financeiros de sua campanha política".

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As manchetes do Los Angeles Times "In post-impeachment Brasil, the new conservative cabinet is 100% white men", ( No Brasil pós impeachment o novo ministério conservador é composto de 100% de homens brancos) e da Revista Forbes " Brazil´s new presidente Michel Temer fills cabinet with only white men" ( Novo ministério no Brasil é preenchido apenas com homens brancos ) demostram o assombro de quem, assim como nós, tem conhecimento de que no Brasil cerca de 51% da população é negra ou afrodescendente e que mais da metade é composta de mulheres.

O jornalista Vincent Bevins, do Los Angeles Times, afirma que o ministério de Temer " parece surgir do século passado ", e que " este é o primeiro ministério, desde a queda da ditadura militar no Brasil na década de 1980, que não conta com nenhuma mulher em sua composição".

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Citando o colunista brasileiro Bernardo Melo Franco, o jornalista americano do Los Angeles Times, coloca na matéria a seguinte frase aspeada " Michel Temer está pronto para fazer a mais afiada virada para a direita, desde a ocorrida em abril de 1964 ".

E adiciona um detalhe muito importante: "os eleitores não foram consultados a respeito destas mudanças".

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O britânico The Guardian deu um tom político às críticas e questiona se realmente a saída de Dilma e a entrada de Temer irão resolver os problemas do país.

Com o editorial "The political system should be on trial, not one woman" ( O sistema político é que deveria estar sendo julgado e não uma mulher ), e a chamada "The presidente is brought low by her enemies, but can they give Brazil the new start it needs ? (A presidente foi derrubada por seus inimigos mas poderão eles dar ao Brasil o novo começo que o país necessita ? ) o jornal não parece acreditar que sim.

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O The Guardian afirma que a saída de Dilma não representa o fim da carreira política dela mas sim uma quebra da democracia como um todo no Brasil.

Segundo o jornal britânico, o elemento final mais tóxico da crise é que muitos políticos da oposição que derrubou Dilma perceberam que as investigações feitas pela justiça contra a corrupção iria em breve chegar a mais e mais deles, e a maneira de evitar ou minimizar esta possibilidade foi distrair a atenção e tomar o controle do poder por meio do processo de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff.

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O jornal Le Monde, por sua vez, com a manchete "Les embarras judiciaires de Michel temer, le presidente brésilien par intetérim" ( Os embaraços judiciais de Michel Temer ) ironiza dizendo que Michel Temer, encarregado de substituir Dilma Rousseff não é um homem popular, com menos de 3% de intenção de votos no caso de se candidatar em 2018, e acrescenta que somente 8% dos brasileiros acreditam que ele seja capaz de resolver a crise e os problemas brasileiros.

O jornal cita a existência de denúncias de corrupção contra Temer já conhecidas e menosprezadas pela imprensa nacional - o fato de seu nome já ter aparecido, em ao menos quatro circunstâncias, em depoimentos que o aproximam do esquema de pagamentos de propina e de desvios na Petrobras, investigado pela Lava Jato.

O jornal espanhol El País resume: " Um processo irregular" e afirma que " o caos institucional em que o Brasil está afundado, cuja máxima expressão é o irregular processo de impeachment contra sua presidenta, Dilma Rousseff, está colocando em uma incerteza inconcebível a maior democracia sul-americana".

A Der Spiegel alemã demonstra uma ampla visão da situação brasileira quando resume "Caos político no Brasil: um país perde" . Segundo o jornal, "o drama em torno da presidente é um vexame para um país afundado na crise".

Muitos outros comentaram a crise brasileira e apontaram não enxergar Temer e sua turma como solução para o país.

Apesar de a grande mídia nacional não se preocupar em esconder sua satisfação com a atual situação e por consequência vender o seu peixe como lhe apetece, as mídias sociais fazem o seu papel e existe uma forte discussão sobre a situação política do país diariamente alimentada.

A classe média alta, com acesso irrestrito à internet e discussões, não pode dizer que não está percebendo o que está acontecendo. Apoiaram a saída de Dilma, mas agora tem que se manifestar sobre as atrocidades propostas por Temer.

Será que não são indícios suficientes de que Temer não fará o melhor para o país o que está sendo denunciado?

Não se trata aqui de repetir o que vem sendo dito há mais de um ano pela imprensa petista, pela imprensa de esquerda de uma maneira geral no Brasil.

O absurdo é tão grande, o abuso antidemocrático é tão gritante que até mesmo os jornais que normalmente atuam a favor do imperialismo americano se surpreendem que isso possa estar ocorrendo no Brasil.

É tempo de refletir, de pesar, de perceber que ainda há tempo de lutar por mudanças para um Brasil melhor.

É tempo de se unir a todos os brasileiros, de sair as ruas pela reforma política; contra a reforma da previdência como está sendo proposta por Temer; contra o fim ou a junção de ministérios importantes como do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; do Desenvolvimento Agrário; da Cultura; das Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos.

Quem disse a esse senhor que essas mudanças sem discussão e sem a aprovação dos brasileiros podem ser feitas ? Temos que nos unir em nome do Brasil, antes que seja tarde demais.

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