Caserna rebaixada

Jogar as Forças Armadas nas ratoeiras que a leniência do governo federal criou no sistema prisional é, antes de tudo, um ultraje e uma farsa de marketing.

Presos de facções rivais durante rebelião no presídio de Alcaçuz, na grande Natal. 17/01/2017 REUTERS/Josemar Gonçalves
Presos de facções rivais durante rebelião no presídio de Alcaçuz, na grande Natal. 17/01/2017 REUTERS/Josemar Gonçalves (Foto: Chico Vigilante)


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Ao insinuar a utilização de tropas das Forças Armadas como bedéis de presidiários, País afora, Michel Temer, o vice golpista ainda empoleirado no Palácio do Planalto, lançou mão de um factoide tão demagogo quanto inútil. Sem falar na humilhação, em si, embutida nessa medida absurda.

Antes de tudo, trata-se de uma medida inconstitucional, porque tomar conta ou mesmo vistoriar presídios estaduais nada tem a ver com a missão das Forças Armadas, instituição nacional mais respeitada pelos brasileiros. Isso é missão das polícias militares estaduais, com seus batalhões especialmente treinados e equipados para esse serviço.

Os militares existem para garantir a defesa e a ordem interna do País. Quando muito, podem ser acionados para ações conjuntas de segurança pública intensamente planejadas, como a ocupação de zonas deflagradas, no Rio de Janeiro, e a segurança de grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

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Jogar as Forças Armadas nas ratoeiras que a leniência do governo federal criou no sistema prisional é, antes de tudo, um ultraje e uma farsa de marketing. Revela, acima até da demagogia do ato, o duplo atestado de incompetência de dois dos piores ministros do governo golpista: Alexandre de Moraes, da Justiça, e Raul Jungmann, da Defesa.

O primeiro, um falastrão, um preposto do PSDB que, quando não está capinando pés de maconha para alegria do YouTube, está falando e fazendo todo tipo de absurdo. O segundo, uma nulidade que se arrasta na política brasileira à custa de adesismo de quinta categoria e negócios nunca esclarecidos com o dinheiro público.

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Jungmann, do PPS de Pernambuco, é réu em uma ação de improbidade administrativa, sob acusação de cometer fraudes em contratos de publicidade feitos pelo Ministério da Reforma Agrária, do qual era titular, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. O rombo nos cofres públicos foi de 33 milhões de reais, em dinheiro da época, segundo o Ministério Público Federal.

Então, diante da possibilidade de as Forças Armadas servirem de instrumento de propaganda de um governo fracassado e irresponsável, sob o risco de protagonizarem uma tragédia ainda pior nos presídios estaduais, é de se perguntar: o que pensam, sobre isso, os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica?

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O País aguarda, ansioso, pela posição dos generais.

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