O Papa Francisco clama às montanhas geladas de Davos

Cabe perguntar se em algum momento os poderosos de Davos, do mundo e do Brasil, algum dia se lembram dos pobres, dos trabalhadores que eles exploram, das degradações da vida que eles produzem, ferindo milhões de pessoas e aleijando a própria terra?

Cabe perguntar se em algum momento os poderosos de Davos, do mundo e do Brasil, algum dia se lembram dos pobres, dos trabalhadores que eles exploram, das degradações da vida que eles produzem, ferindo milhões de pessoas e aleijando a própria terra?
Cabe perguntar se em algum momento os poderosos de Davos, do mundo e do Brasil, algum dia se lembram dos pobres, dos trabalhadores que eles exploram, das degradações da vida que eles produzem, ferindo milhões de pessoas e aleijando a própria terra? (Foto: Dom Orvandil)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Nesta semana, terminando no sábado, reuniram-se em Davos na Suíça os homens mais ricos e poderosos do mundo capitalista.

São homens responsáveis pela concentração de renda e de riquezas nas mãos de 1% enquanto 99% dispõem de quase nada ou nada para vidas sem dignidade.

Eles não somente são ricos e poderosos, mas são os que promovem a guerra que mata no Iraque, no Afeganistão, na Síria, na Líbia, em Gaza, com possibilidades de se espalhar à Venezuela e ao Brasil.

continua após o anúncio

Para os homens de Davos o petróleo vale infinitamente mais do que o sangue humano.

Vale infinitamente mais o mercado rico, dono do poder econômico, do que a sociedade com riquezas em forma de vida digna para a maioria das pessoas.

continua após o anúncio

Eles dizem que debaterão em Davos a chamada "quarta revolução industrial", a das máquinas que valem muito mais do que os trabalhadores e a justiça do trabalho.

É para os homens responsáveis pela matança de homens, de mulheres, de crianças, de jovens e do próprio planeta terra que o Papa Francisco escreve dizendo: "Não esqueçam dos pobres".

continua após o anúncio

Francisco sabe muito bem e o escreveu em sua encíclica Laudato Si' que os poderosos acumulam dinheiro, propriedade, luxo, ciência e tecnologia em favor de seu bem estar e privilégios.

Tudo o que existe de melhor no planeta os ricos usam para eles, exclusivamente. Mas o Papa pediu que eles não esqueçam os pobres.

continua após o anúncio

Cabe perguntar se em algum momento os poderosos de Davos, do mundo e do Brasil, algum dia se lembram dos pobres, dos trabalhadores que eles exploram, das degradações da vida que eles produzem, ferindo milhões de pessoas e aleijando a própria terra?

Ora, se não se lembram, se não tomam conhecimento como pedir que não se esqueçam?

continua após o anúncio

Creio que o Papa Francisco foi profético e, em sua mensagem (leia aqui), quis mostrar aos poderosos o escândalo que significa a riqueza que amontoam como produto dos roubos que fazem pobres e degradam a humanidade.

Na minha adolescência li todos os livros de um missionário estadunidense na índia, Stanley Jones. Com ele aprendi que não se faz um grande monte de um lado sem abrir buracos e crateras de outro.

continua após o anúncio

É o que acontece com os poderosos e magnatas reunidos em Davos.

Eles flutuam sobre montanhas de poder, de dinheiro, de luxo, de riquezas e destruição graças aos buracos e crateras que abrem nos Países detentores de matérias primas.

continua após o anúncio

Buracos são abertos nas vidas dos povos africanos, indus e hebreus, que morrem bombardeados pelas bombas dos que se enriquecem cada vez mais, fazendo com as riquezas arrancadas dos 99% dos roubados, espoliados e empobrecidos que se concentrem nos privilégios e desperdícios dos 1%.

Os "lideres" reunidos em Davos representam as montanhas geladas e frias de riquezas e privilégios, graças aos buracos doloridos, angustiados e feridas incuráveis nas vidas dos que foram empobrecidos porque suas riquezas fazem as fortunas dos 1%.

Isso é Davos. Isso é o que os poderosos fazem entre as montanhas geladas da Suíça, onde se divertem, debatem, debatem, falam, falam e nada fazem para mudar as situações que eles mesmos criam no mundo.

Por isso o Papa Francisco pediu que não se esquecessem dos pobres; dos pobres que gemem e gritam nas suas janelas, com suas vidas depauperadas, chagadas e doentes, graças às montanhas simbólicas de Davos.

Os buracos e crateras de recursos fazem os pobres penar, gemer e se deteriorarem.

Portanto, a mensagem do Papa leva a proposta da denúncia que envergonha e desmascara a causa da pobreza no mundo. A causa da desagregação dos pobres e da terra se reúne em Davos.

Na encíclica Laudato Si' o Papa diz que os pobres se libertarão graças à compaixão dos pobres, que se organizarão para derrubar as montanhas representadas pelos corações gelados e indiferentes dos chefes do mundo em Davos.

Sem os pobres organizados e dispostos a mudar o mundo este não se transformará com homens tão insensíveis e gelados racionalmente como as montanhas do inverno de Davos, onde se reúnem para repartir os despojos dos crucificados por eles.

As montanhas de recursos e poder somente serão desconstruídas e distribuídas com a luta simbolizada pelo Fórum Social Mundial, onde se reuniram em Porto Alegre lideranças dos pobres: trabalhadores, indígenas, negros, mulheres, homossexuais e os mais empobrecidos do planeta terra, também depauperado e saqueado por gente como os homens que se reuniram em Davos.

Se é certo que a carta de Francisco a Davos não encontra naturalmente eco nas montanhas dos corações gelados do mundo dos tiranos e magnatas das máfias, que destroem o mundo, as relações culturais e sociais dos povos mais humildes, retirando arbitrariamente as riquezas do mundo em troca de suas misérias e pobrezas, a mensagem pastoral encontra comunhão nos Pampas sulinos brasileiros onde os movimentos sociais propugnam "por outro mundo possível."

A mensagem do Papa é rica de apelo em favor do cuidar dos pobres, do cuidado uns com os outros, do cuidado com a criação como dom precioso e carente de amor.

Os movimentos sociais do Fórum Social Mundial não são somente a contradição ao Fórum Econômico Mundial, mas saída que se compõe muito bem com a nova encíclica papal, rica em compaixão pelo próximo e pelos outros seres nossos irmãos, inclusive nossa irmã terra.

O FEM é o congresso dos que roubam dos pobres e dos que produzem a miséria e a destruição do planeta. O FSM é o encontro e a comunhão dos que resistem à tirania capitalista e imperialista com o sonho e as múltiplas lutas por "outro mundo possível", sem exploradores e sem explorados.

Em Davos se reuniram os que esquecem os pobres, os que os odeiam. Em Porto Alegre comungaram com os corações nas mãos os que lutam contra o mundo que os reunidos em Davos querem manter intacto nas injustiças e na aniquilação dos pobres e do planeta, esta criatura que geme pedindo socorro com suas águas contaminadas e suas matas arrancadas pelo ardor criminoso do lucro desenfreado.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247